Polícia



Em Canoas

Policial civil reage a assalto a cemitério durante velório da avó; criminosos são presos

Inspetora de 36 anos estava na cerimônia de despedida da familiar, quando local foi atacado

15/12/2020 - 09h35min


Leticia Mendes
BM / Divulgação
Revólver usado em roubo e itens levados durante assalto foram apreendidos pela BM

O velório da avó de uma policial civil havia iniciado há 15 minutos na tarde de domingo (13), no Cemitério Parque São Vicente, em Canoas, na Região Metropolitana, quando algumas pessoas passaram em frente à capela gritando:

– É assalto! É assalto!

A inspetora de 36 anos pensou que os criminosos estavam fazendo um arrastão. Por isso, sacou a arma e saiu do local para verificar o que estava acontecendo. Na tentativa de evitar o roubo, acabou trocando tiros com dois criminosos, que foram presos minutos depois pela Brigada Militar (BM).

Prestes a completar seis anos na Polícia Civil, a inspetora, que atua na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, diz que nunca havia passado por nada parecido. Às 14h30min, os familiares dela se reuniram para a despedida. A policial ajudou a carregar o caixão da avó. Às 14h45min, enquanto a família estava dentro da capela, ouviu os gritos do lado de fora. Pela porta, viu duas jovens e um rapaz passarem correndo.

– Estão assaltando! – gritavam.

– Pensei, eles vão chegar até a capela, até minha família, vai ser um arrastão – conta a policial, que preferiu ter a identidade preservada.

A inspetora saiu para a rua, mas não localizou mais as pessoas que gritavam. Tentava entender onde exatamente acontecia o roubo. Acabou caminhando para a parte da frente do cemitério, mas não localizou ninguém. Quando retornava em direção à capela, alguém passou correndo e gritou que um deles estava com uma mochila preta.  

Foi neste momento que ela deparou com a dupla deixando a sala da administração do cemitério. Um deles levava uma mochila nas costas. Apontando a pistola para os dois, gritou: 

– Polícia!  

O assaltante que seguia à frente do outro que carregava a mochila virou e sacou um revólver calibre 38. Ele atirou na direção da policial – o tiro atingiu a parede.

– Não tinha onde me proteger. Só um pilar estreito de concreto. Não me atingiu porque Deus não quis – diz.

A inspetora reagiu e atirou de volta. Dentro da capela, apavorados, os familiares da policial se jogaram no chão ao ouvirem os disparos. A mãe dela não havia se dado conta que quem estava do lado de fora, em confronto com os assaltantes, era a filha. Os criminosos saíram correndo, enquanto a policial seguia atrás deles. Na saída, ela decidiu voltar e pegar um veículo para perseguir a dupla. Retornou até o interior do cemitério, onde soube que ninguém havia sido atingido e foi informada de que a BM havia sido avisada.

– Voltei para a parte da frente e a viatura já estava chegando. Conversei com os policiais, indiquei as características deles e, em minutos, a BM prendeu os dois – conta.

Um dos detidos tinha um ferimento na mão, possivelmente provocado pelo tiro disparado pela policial. Os dois foram presos em flagrante pelo assalto e pela tentativa de homicídio contra a inspetora.

O roubo 

Dentro do cemitério, a policial conversou com as vítimas do crime. Os funcionários relataram que a dupla ingressou na administração, fazendo ameaças com a arma. Os criminosos estavam à procura de dinheiro, mas acabaram roubando os pertences pessoais das vítimas, como joias e celulares.  

– Elas estavam bastante assustadas. Ficaram muito agradecidas. Mas, para mim, como policial, é apenas minha obrigação. Aprendi que minha função é essa. Estava acontecendo e  tinha que agir. Mas, claro, depois tu ficas pensando em tudo. Sou mãe, tenho quatro filhos. Podia não ter voltado para casa. Graças a Deus, deu tudo certo – diz a policial.

Com os presos, segundo o 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM), foram apreendidos o revólver, cinco munições intactas e uma deflagrada, cinco celulares, um relógio, anéis, brincos, chaves de fenda, pé de cabra e uma quantia em dinheiro. 

O Grupo Cortel, que administra o Cemitério Parque São Vicente, emitiu nota na qual informa que havia três velórios em andamento no momento do crime e que o empreendimento não recebe mais pagamentos em dinheiro desde novembro. A manifestação ressalta a atuação dos policiais, em especial da inspetora. Confira a nota na íntegra:

"O Grupo Cortel informa que sofreu um assalto domingo à tarde no Cemitério Parque São Vicente. Havia três velórios em andamento, com diversos visitantes, mas ninguém ficou ferido. O empreendimento não está mais recebendo pagamentos em dinheiro desde meados de novembro, portanto, nada foi levado além de pertences de funcionários, que já foram recuperados com a prisão dos criminosos. Todos os funcionários envolvidos passam bem e estamos contribuindo com a polícia com todas as informações necessárias para a investigação. Acreditamos que a polícia conduzirá a situação da melhor forma possível e agradecemos ao apoio e dedicação de todos os policiais envolvidos na investigação e captura dos assaltantes, em especial, à corajosa policial que estava presente no cemitério e agiu rapidamente."


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