Três meses depois
Polícia ainda procura por pastor desaparecido em Sapucaia do Sul, mas indicia três suspeitos pelo sequestro
Facção criminosa liderada por um dos indiciados teria tentado prejudicar a investigação repassando de forma anônima pistas falsas
Após três meses, a polícia concluiu o inquérito sobre o desaparecimento de Leomar da Rosa Machado, 54 anos, que foi levado por três homens armados de dentro da própria casa, em Sapucaia do Sul, no dia 20 de dezembro. Apesar de indiciar três pessoas pelo sequestro, a vítima não foi localizada até hoje.
O motivo para o crime seria o fato do pastor estar loteando terrenos para famílias carentes na área de atuação de um traficante local. Durante a apuração, criminosos ligavam para a polícia e para a família para dar pistas falsas com o objetivo de prejudicar a investigação.
O titular da 1ª Delegacia da cidade, delegado Gabriel Borges, diz que que não há mais novas pistas sobre a localização de Machado. No entanto, ele ressalta que concluiu o inquérito com todas as informações obtidas e confirmadas.
A equipe do distrito policial conseguiu identificar os suspeitos de ser o mandante do crime e dois dos três executores. Eles foram indiciados no final de fevereiro apenas por sequestro porque a vítima nunca foi localizada. O mandante, que atualmente está no sistema penitenciário, é o líder de uma quadrilha de traficantes — ligada a uma facção criminosa — que atua em uma área onde o pastor estava loteando terrenos para famílias carentes.
Sem qualquer envolvimento com crime, a vítima ainda ajudou famílias que estavam sendo expulsas pelos criminosos, fato que levou a polícia ao local no mês de dezembro e resultou na apreensão de 140 quilos de drogas. Apenas dois dias após este fato, a casa do pastor foi incendiada. O delegado acredita que esse foi o segundo motivo pelo qual os suspeitos sequestraram o pastor.
Pistas falsas
Além disso, durante o inquérito, mais de 90% das pistas repassadas foram falsas. Os contatos foram feitos com a família e com a delegacia — que recebeu pelo menos 15 mensagens e ligações telefônicas. Borges ressalta que foram realizadas mais de 20 diligências em oito cidades, inclusive em presídios, e foram ouvidas cerca de 30 testemunhas. As ligações para prejudicar o trabalho policial pararam, e as buscas ao pastor ocorrem agora somente se surgir alguma nova pista.
— A prioridade é encontrar a vítima, além do quarto envolvido no sequestro, que é o motorista do veículo usado para raptar o pastor. Temos 80% do fato elucidado e o traficante envolvido é considerado de alta periculosidade. Também aguardamos alguns laudos periciais, principalmente em telefones apreendidos — diz Borges.
Ainda durante a apuração, o líder local da facção deu ordens para que um integrante fosse apontado como responsável pelo sequestro, fato que foi descoberto pela polícia e que seria mais uma manobra para prejudicar a investigação. Pelo fato do trabalho prosseguir, mesmo com a conclusão do inquérito, nomes não foram divulgados pela polícia.