Polícia



Indicadores de criminalidade 

 RS tem queda de 13 para três vítimas nos feminicídios e aumento de dois para 10 latrocínios em março

Dados foram divulgados nesta quinta-feira pela Secretaria da Segurança Pública do Estado

09/04/2021 - 07h01min

Atualizada em: 09/04/2021 - 07h01min


Leticia Mendes
Divulgação / Polícia Civil
Em março, um dos assassinatos de mulheres aconteceu em Alvorada

O mês de março se encerrou com redução de 77% nos feminicídios, no Rio Grande do Sul. No mesmo período, os homicídios também tiveram queda. Já os latrocínios tiveram elevação de 400%. Os dados foram divulgados no começo da tarde desta quinta-feira (8) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

No terceiro mês do ano, foram três casos de mulheres assassinadas em contexto de gênero. No mesmo período do ano passado, os registros de feminicídio somavam 13 casos. O indicador é o menor para o mês de março em toda a série histórica, ou seja, desde quando os dados começaram a ser divulgados, em 2012.

Neste mesmo período, as tentativas de feminicídio – aqueles casos em que as vítimas sobreviveram – apresentaram aumento de 66,7%. Foram 35 tentativas em março deste ano e 21 no mesmo período do ano passado. 

Os dados dos femincídios em março impactaram também na comparação do primeiro trimestre. Em janeiro e fevereiro, ao contrário dos demais indicadores, os feminicídios não tinham alcançado redução no RS. Os dados tinham se mantido estáveis, com 14 casos. Mas com a queda de março, o primeiro trimestre se encerrou com 33% de queda em comparação com o ano passado. Foram 18 casos, enquanto nos três primeiros meses de 2020 foram 27.

O possível aumento dos casos de violência contra mulheres durante o período do distanciamento social é algo que alerta desde o início do ano passado as autoridades envolvidas no combate a esse tipo de crime. Diante desse contexto, foram lançadas diversas iniciativas – pelo governo ou outras organizações – que buscam incentivar as denúncias contra a violência doméstica.  

Vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Viera Júnior, destacou a atuação das polícias, com a Patrulha Maria da Penha, da Brigada Militar, e com o trabalho da Polícia Civil, mas também a criação do Comitê Interinstitucional de Combate à Violência Contra a Mulher, em agosto do ano passado. A iniciativa reúne diferentes instituições, como representantes do governo do Estado, Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, entre outros. 

— Esse trabalho a várias mãos, sem dúvida alguma, já começa a refletir na questão da violência contra a mulher no nosso Estado — afirmou em vídeo divulgado pela SSP.

Prisões de agressores 

Nesta semana, a Delegacia da Mulher da Capital divulgou dados sobre a prisão de agressores. No primeiro trimestre deste ano, houve aumento de 375% nas prisões preventivas por violência doméstica, em comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento das informações repassadas por meio eletrônicos, como WhatsApp e Delegacia Online, é um fatores apontados para essa elevação.

A busca por qualificar o atendimento às vítimas de violência doméstica também é um dos motivos apontados para a redução dos feminicídios. Em março, foram inauguradas no Estado mais 17 Sala das Margaridas. Esse é um espaço acolhedor implantado nos plantões de delegacias para receber as mulheres. Atualmente, existem 40 salas de acolhimento no RS. Em 2021, segundo a delegada Jeiselaure de Souza, diretora da  Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), mais de 150 policiais civis foram capacitados para fazer o atendimento humanizado das vítimas.

O feminicídio é o único indicador onde se entende que não há subnotificação. Nos demais tipos de violência doméstica, como agressão ou estupro, por exemplo, a estimativa das autoridades que atuam no combate a esses crimes é de que até 90% dos casos não sejam comunicados à polícia. Fazer com que as mulheres denunciem seus agressores é considerado o principal desafio para tentar evitar que os casos terminem em feminicídios.

Outro indicador que apresentou queda foram os homicídios, que passou de 155 vítimas em março de 2020 para 121 em março deste ano. Os roubos de veículos também tiveram diminuição de 44,6% - passaram de 866 casos em março do ano passado para 480. 

Onde pedir ajuda

Delegacia da Mulher de Porto Alegre

  • Endereço - Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia. 
  • Telefone - (51) 3288-2173 ou 3288-2327 ou 3288-2172 ou 197 (emergências)
  • Horário - 24 horas
  • As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias.

Aumento de 400% nos latrocínios

Em fevereiro, o roubo com morte havia alcançado no segundo mês do ano a queda mais expressiva, com 62,5%, sendo o menor número para o mês desde 2002, quando os dados começaram a ser divulgados. Já neste mês os dados de latrocínios apontam para um aumento de 400%. Foram 10 casos registrados no Estado, enquanto no mesmo período no ano passado tinham sido dois assaltos com morte.  

— Há muito tempo que não tínhamos esse número. Já estamos trabalhando para reverter essa situação, no mês de abril, e nos próximos meses — afirmou Ranolfo.

Os dados divulgados pela SSP apontam que dos 10 casos seis tiveram origem em roubos de veículos, três em roubos a residências e um em um assalto a pedestre. Segundo a diretora do Departamento de Polícia Metropolitana, delegada Adriana Regina da Costa, o combate aos latrocínios se dá justamente por meio da prevenção desse tipo de crime, como os roubos de veículos, assaltos a pedestres, residências ou estabelecimentos comerciais. Isso porque nesse tipo de delito o objetivo inicial do criminoso é roubar, mas resulta na morte da vítima. 

A delegada afirma que dos 10 casos registrados em março, sete já foram esclarecidos pela investigação. Ressalta, no entanto, que se trata de um crime complexo de elucidar. 

— Muitas vezes, ele pode ser confundido inicialmente com um homicídio. Então, é um trabalho diferenciado. Em um mês de trabalho, a Polícia Civil conseguiu apurar com qualidade e ter muitas prisões também  — afirma.

Em Porto Alegre, os três casos de latrocínios registrados no mês já têm suspeitos apontados pela polícia ou presos. Na Capital, as vítimas foram uma idosa, um jovem de 21 anos e um motorista de aplicativo.  Os demais foram em Lajeado, Gravataí, Nova Petrópolis, Bom Retiro do Sul, São José do Norte, Tucunduva e Caxias do Sul. A Polícia Civil afirma que dos 10 casos, sete tiveram a autoria elucidada, indicando suspeitos do crime.

Os ataques a bancos no Estado também tiveram acréscimo, dobrando de três casos em março de 2020 para seis em março deste ano. No ano passado, esse crime tinham atingido o menor número para março da série histórica.



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