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 INFOGRÁFICO: o caminho da amostra de sangue até o banco de DNA que pode ajudar a solucionar desaparecimentos

Material coletado de familiares que estão busca de desaparecidos é comparado com outros já armazenados no país

27/06/2021 - 07h00min


Leticia Mendes

Uma das ferramentas que pode dar fim à angústia de familiares que buscam por desaparecidos, ganhou novo fôlego na última semana. Uma campanha nacional incentivou a coleta de DNA como forma de tentar desvendar casos de pessoas sumidas. Essas amostras são inseridas no Banco de Perfis Genéticos de cada Estado e no nacional. No RS, um mutirão foi realizado em 11 municípios pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), com apoio da Polícia Civil. Foram coletadas 188 amostras em cinco dias no Estado. 

Curiosidades

  • Além da extração do DNA de familiares, também é possível fazer essa busca pelo DNA do próprio desaparecido. Isso torna a procura mais precisa, já que o software buscará um perfil genético idêntico  
  • O DNA do desaparecido pode ser coletado do cordão umbilical ou dente de leite, e também de objetos como escova de dentes ou de cabelo, aparelho ortodôntico ou de barbear, aliança ou óculos. É essencial se certificar que o item não foi usado por outra pessoa
  • Pai, mãe, irmãos e filhos podem ser os doadores da amostra para a comparação de DNA. No caso de irmãos, a análise é mais complexa porque o perfil genético pode variar mais. Quanto mais familiares fizerem a coleta, mais preciso é o resultado
  • Os profissionais que atuam no laboratório e abastecem o banco são peritos criminais com formação em diferentes áreas, como Biologia, Farmácia e Biomedicina
  • O RS é líder no Brasil na identificação de pessoas por meio do banco de perfis genéticos. Desde 2012, quando o sistema começou a ser abastecido, 38 restos mortais foram identificados

Tire suas dúvidas  

1. Tenho um familiar desaparecido. Como devo proceder?

Vá até a Delegacia de Polícia mais próxima e registre o sumiço. Informe o máximo de detalhes possíveis sobre a pessoa desaparecida. Não é necessário aguardar 24 horas.  

2. Como faço para ceder material genético para tentar a identificação pelo DNA?

Se você é pai, mãe, filho ou irmão de uma pessoa desaparecida, vá até a delegacia, e manifeste o interesse em ceder material. Solicite o ofício de encaminhamento de coleta. Compareça com o maior número possível de familiares biológicos de primeiro grau da vítima ao Posto Médico-Legal mais próximo ou à Divisão de Genética Forense, em Porto Alegre. Objeto pessoal de uso exclusivo do desaparecido também pode ser levado.

3. Há outras formas de identificação de um corpo?

Sim, inicialmente pela papiloscopia (análise das impressões digitais), mas se não é possível, são realizados outros métodos. Um deles é a análise da arcada dentária, que depende da colaboração dos familiares. Localize fichas dentárias, radiografias dos dentes, moldes, próteses, aparelhos dentários, placas de bruxismo ou de clareamento, protetores esportivos, ou qualquer material que entenda que é útil para a identificação. Exames de raio X de coluna, crânio, seios da face ou fraturas antigas também são úteis. Leve os materiais até o Departamento Médico-legal ou envie para a Seção de Antropologia Forense do DML (mencione o nome da pessoa desaparecida). O endereço é Avenida Ipiranga, 1807, CEP 90160-093, Porto Alegre- RS.

4. Quanto tempo demora o exame de DNA?

Em média, o processo dura cerca de 15 dias a um mês, podendo levar mais tempo em casos de análises genéticas mais complexas.  

5. Tenho um familiar desaparecido há muito tempo. É possível ceder material genético para tentar identificar algum corpo que já tenha sido encontrado?

Sim. O IGP-RS é um dos órgãos periciais do Brasil que abastecem o Banco Nacional de Perfis Genéticos, o qual tem armazenados milhares de perfis genéticos de restos mortais não identificados do território nacional e de familiares de pessoas desaparecidas de todo o país.

6. Com o DNA é certo que vou conseguir a identificação?

Não. A identificação depende principalmente de a pessoa desaparecida constar entre os cadáveres já encontrados e ter seu perfil genético inserido no banco. Todos os cadáveres que não forem identificados até o 15º dia, a contar da entrada no DML, são encaminhados a procedimento de inumação (sepultamento), mas apenas após realização de coleta e preservação de características da arcada dentária e do material biológico. 

 

Serviço 

  • Delegacia de Polícia de Investigação de Pessoas Desaparecidas
  • Onde fica: 2º andar do Palácio da Polícia, na Avenida João Pessoa, nº 2050, sala 223  
  • Telefones: 3228-2254 e 98519-2196  
  • Horário: 8h30min às 12h e 13h30min às 18h, de segunda a sexta-feira
  • O que faz: investiga casos de maiores de 18 anos, sumidos em Porto Alegre. O registro pode ser feito em qualquer horário nos plantões de delegacias e na Delegacia Online  

Dicas 

  1. Registre o desaparecimento na polícia assim que for percebido  
  2. Leve uma fotografia atualizada para repassar aos policiais  
  3. Outras informações relevantes no momento do registro são saber se a pessoa tem telefone celular e se foi levado junto, se possui redes sociais, os dados de conta bancária, se possui veículo e qual a placa, locais que costuma frequentar, pessoas com quem mantém contato (amigos, familiares), se é usuária de drogas e se houve alguma desavença que pode ter motivado o sumiço
  4. Comunique o desaparecimento aos amigos e conhecidos, que podem auxiliar com informações. Ao divulgar o sumiço, informe os contatos de órgãos oficiais como Polícia Civil e Brigada Militar para receber informações
  5. Outra orientação importante é que as famílias comuniquem a polícia não somente o desaparecimento, mas também a localização. É muito comum os policiais depararem com casos de pessoas que não estão mais desaparecidas, mas que no sistema constam como sumidas porque o registro de localização não foi feito  

Colabore  

Informações sobre casos de desaparecimentos podem ser repassadas à Polícia Civil por meio do telefone 0800 642 0121 ou pelo 197 


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