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No RS e CE

Operação policial prende suspeitos de ameaças, ataques e extorsão a advogados e comerciantes

As vítimas, desde 2019, são da região metropolitana de Porto Alegre e Litoral Norte. Um escritório de advocacia foi incendiado

30/06/2021 - 10h27min


Cid Martins
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Polícia Civil / Divulgação
No Rio Grande do Sul, foram apreendidos dinheiro, armas e até boné com emblema da PF, que era usado pelos criminosos

Uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e do Ceará foi desencadeada entre terça-feira (29) e esta quarta-feira (30) para prender três suspeitos, incluindo o líder de um grupo — que é gaúcho — apontado por crimes de extorsão, ameaças e ataques desde 2019 a vítimas da região metropolitana de Porto Alegre e no Litoral Norte. 

Os agentes cumpriram três mandados de prisão preventiva e oito de busca em Alvorada e Cachoeirinha, além de Fortaleza e Quixera-mobim, no Nordeste do país, cidades onde a organização criminosa tinha dois núcleos.

Houve crimes de extorsão a um grupo de advogados, além de outros quatro casos confirmados envolvendo comerciantes, mas também a diretora de uma escola e a uma pessoa que atua em abrigo de proteção a crianças e adolescentes. Os criminosos também faziam ameaças exigindo cobranças pelo PIX, o que ocorreu em quase todos os casos. O grupo obtinha dados sigilosos das pessoas, além de se passar por policiais e oficiais de Justiça. Os advogados tiveram o escritório incendiado e um comerciante teve a casa atingida por vários tiros.

Vítimas

O delegado João Paulo de Abreu, titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), é o responsável pela investigação e pela "Operação Quixarás". Segundo ele, a organização criminosa, com integrantes dos dois Estados, obtinha dados sigilosos das vítimas, como moradia, vínculos familiares e telefones. Este fato, inclusive, é motivo de investigação e, por isso, que Abreu não divulga os nomes dos suspeitos. A polícia tem informações de que há mais integrantes e mais vítimas. Montenegro, no Vale do Caí, e Soledade, no Norte estão no radar das autoridades.

— Estes fatos também estão sendo apurados e agora, com a prisão dos suspeitos, vamos realizar os interrogatórios para saber todos os detalhes — diz Abreu.

Sobre a banca de advogados, a polícia não divulga o local para preservar as segurança dos envolvidos, contudo, diz que houve extorsão com pagamento de valores que não serão informados, além do incêndio considerado criminoso ao escritório do grupo, em março deste ano. Um dos investigados, que participou do incêndio criminoso ao escritório de advocacia, foi executado logo após este delito, fato que é investigado pela Delegacia de Homicídios de Alvorada.

As ameaças eram referentes ao fato de que os suspeitos se diziam integrantes de facção que atua no país a partir de presídios paulistas. Abreu diz que o grupo teve todas as contas bancárias — as que foram identificadas — bloqueadas.

Em setembro do ano passado, um comerciante de Viamão foi acusado de dever valores para uma facção sobre suposta dívida para pagamento de advogado que atua para os criminosos. Para forçar a vítima a fazer o pagamento, integrantes do grupo atiraram várias vezes contra a residência do comerciante. Em fevereiro deste ano, o proprietário de uma loja de tecidos em Alvorada, teve de pagar valores aos suspeitos para não sofrer represálias. Ele foi acusado injustamente, segundo a polícia, de entregar a autoridades de segurança nomes de integrantes da organização criminosa.

Em janeiro deste ano, em Viamão, a diretora de uma escola foi extorquida a pagar valores ao grupo por ter informado um furto no estabelecimento de ensino à polícia, o que teria gerado uma investigação e a morte de um dos ladrões durante confronto com agentes. Em abril, um morador de Cidreira, no Litoral Norte, foi ameaçado, junto com familiares de Viamão, após denúncia falsa de que teria abusado sexualmente de uma vítima. Ele atua em abrigo de proteção a crianças e adolescentes. O homem repassou dinheiro aos investigados para que as ameaças parassem.

Polícia Civil / Divulgação
No Ceará, foram apreendidos cartões e documentos falsificados, além de máquinas de cartões e dinheiro

Organização criminosa

A investigação da polícia apontou que a organização criminosa tinha dois núcleos, um no Sul e outro no Nordeste, apesar do líder ser gaúcho. Este homem era foragido da Justiça Federal desde março do ano passado por estelionato, uso de moeda falsa e usurpação de função pública.

— Ele se passava por oficial de Justiça e por policial civil do Estado para cumprir falsos mandados judiciais, inclusive usando roupas falsificadas da polícia, brasão da Justiça nos veículos e armas de brinquedo, além da falsas carteiras funcionais — explica Abreu.

O delegado do Deic diz que, desta forma, o criminoso abordou diversos entregadores de cigarros e extorquiu vítimas no Litoral e Região Metropolitana.

Prisões

O delegado Abreu diz que, um dos presos, em Fortaleza, foi capturado na terça-feira (29) enquanto saía de um hotel. Com ele, foi apreendida uma caminhonete com adesivo e placa de oficial de justiça. Na residência dele, na capital cearense, foram apreendidos cartões, documentos falsificados e celulares. Já em Porto Alegre, também na terça-feira, foi detido o líder da organização criminosa que é o elo entre os dois núcleos. Ele foi abordado na freeway, enquanto conduzia seu veículo. Na casa dele, na Região Metropolitana, foram apreendidas duas armas, um boné com emblema da Polícia Federal e diversos acessórios de armas.

Em outro local de busca, os agentes apreenderam nesta quarta-feira o valor de R$ 51 mil. O terceiro suspeito foi preso nesta quarta-feira no Estado. A investigação prossegue para identificar mais suspeitos e vítimas, inclusive em outros Estados. 


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