Polícia



Porto Alegre

PM mata quatro pessoas durante briga em pizzaria na Zona Norte e alega legítima defesa

Câmeras de vigilância flagraram ação em estabelecimento da Avenida Manoel Elias. Quatro mortos são da mesma família

13/06/2021 - 14h37min

Atualizada em: 14/06/2021 - 11h26min


Jeniffer Gularte
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Lauro Alves / Agência RBS
Briga que antecedeu disparos aconteceu em pizzaria da Avenida Manoel Elias

Um policial militar é o autor dos disparos que mataram quatro homens dentro de uma pizzaria na zona norte de Porto Alegre por volta das 5h deste domingo (13), conforme a Polícia Civil. O PM se apresentou na Delegacia de Pronto-Atendimento (DPPA) com a arma, prestou depoimento e afirmou que agiu em legítima defesa. 

A cena foi flagrada por uma câmera de vigilância da pizzaria, localizada na Avenida Manoel Elias, a uma quadra do cruzamento com a Avenida Protásio Alves, no bairro Mario Quintana.  Nenhuma arma foi encontrada junto com as quatro vítimas. 

De acordo com levantamento preliminar do Departamento de Homicídios, as imagens corroboram a versão do PM. No depoimento, o policial contou que ele passou por uma festa em uma residência próxima ao local do crime procurando sua ex-namorada, quando quatro homens e duas mulheres saíram da casa onde estava ocorrendo o evento e passaram a atacá-lo. O grupo, segundo seu relato, correu atrás dele e ele se refugiou na pizzaria. As imagens mostram o PM tentando se esconder dentro do banheiro do estabelecimento. Também segundo o policial, ele avisou os demais que estava armado.

— Temos as imagens que mostram que ele tentou evitar, se escondeu usou uma porta para se proteger. Tiraram essa proteção e foram para cima dele, seis pessoas. Até aí, nos parece que foi legítima defesa. O policial se apresentou na delegacia espontaneamente e, a princípio, não vai ser preso. Vamos averiguar todas as circunstâncias e aprofundar as investigações para ver se ele não tinha outra alternativa. Nos parece que ele tentou evitar o confronto. Pelo vídeo, corria até o risco de as pessoas tirarem a arma dele e ele ser morto — afirma a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, delegada Vanessa Pitrez.

A Polícia Civil vai verificar a versão do policial, o motivo pelo qual o grupo o atacou e se o PM tinha alguma relação com as vítimas. As duas mulheres não se feriram pois recuaram quando o policial começou a disparar. O caso foi registrado como quádruplo homicídio e a principal linha de investigação, até o momento, é a de legítima defesa. A investigação ficará com a 5ª Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital.

— Depois de um primeiro momento de discussão na festa, ele foge dali, tenta se esconder na pizzaria e eles entram no local atrás dele e o acham lá dentro. Ele estava tentando fugir daquela situação.  Testemunhas falam que ele informa a todo instante que é policial militar e continuam indo para cima dele. As duas mulheres que estão junto olham para a câmera e dão risada. As imagens mostram que ele foi encurralado num corredor da pizzaria. Matou os quatro um por cima o outro — detalha o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, delegado Eibert Moreira Neto.

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) identificou as quatro vítimas como Alexsander Terra Moraes, 26 anos, Cristiano Lucena Terra, 38 anos, Christian Lucena Terra, 33 anos, e Alisson Corrêa Silva, 28 anos. Os quatro são da mesma família.  Cristiano e Christian são irmãos.  Alexsander é sobrinho deles e Alisson, primo. Todos estavam em uma residência comemorando o aniversário de um dos familiares.  Cristiano trabalhava como servente de pedreiro, Christian era vendedor, Alisson, estudante universitário e Alessander era instalador de janela.

Três das quatro vítimas não tinham nenhum antecedente criminal. Apenas uma delas, Cristiano, tem um registro por ameaça.

Como o policial se apresentou na delegacia, não foi autuado em flagrante. O PM integra o 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Porto Alegre. O comandante-geral da BM, coronel Vanius Santarosa, afirma que irá acompanhar a investigação da Polícia Civil e abrir um Inquérito Policial Militar (IPM). Durante a apuração, o policial deve ser afastado das funções.

— Avaliando todas as imagens, o entendimento inicial é que ele agiu em legítima defesa, mas vamos apurar as circunstâncias de como e por que aconteceu. Iremos aguardar a conclusão do inquérito civil e do nosso inquérito e, no final desses procedimentos, faremos o que manda a lei — afirma o comandante.


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