Polícia



Região Metropolitana

Polícia prende homem investigado por abuso sexual de amigas da filha em Cachoeirinha

Suspeito estava foragido desde 21 de maio, quando a prisão preventiva foi decretada pela Justiça

03/06/2021 - 10h39min

Atualizada em: 03/06/2021 - 10h39min


Jeniffer Gularte
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Lauro Alves / Agencia RBS
Delegado Anderson Spier investiga cinco casos em Cachoeirinha. Por dois deles, suspeito já foi responsabilizado

Um homem de 54 anos foi preso por suspeita de abusar de cinco meninas em Cachoeirinha, na Região Metropolitana. As vítimas, que hoje são adolescentes com idades entre 12 e 14 anos, relatam que o homem tocava em suas partes íntimas quando elas iam até a casa do suspeito para visitar a filha dele. O suspeito estava foragido desde 21 de maio, quando a prisão preventiva foi decretada pela Justiça.

Após ter dificuldade em encontrá-lo em endereços de familiares, a Polícia Civil passou a negociar uma rendição com a defesa, que solicitava a garantia de uma vaga no sistema prisional para que ele não aguardasse em custódia em uma delegacia. O homem se entregou na tarde desta terça-feira (1º) em um local combinado com a polícia na zona norte de Porto Alegre e foi recolhido na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). Em novo depoimento, negou que tenha abusado das vítimas e disse não saber porque elas o denunciaram. O homem já havia sido ouvido em 22 de abril e dado a mesma versão.

Na 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, ele é investigado por cinco casos que teriam acontecido de cinco anos para cá — o último deles há três meses — em ambiente doméstico, quando as amigas da filha iam dormir na casa dele, fazer atividades escolares, tomar banho de piscina ou ir a festas infantis. Em dois dos cinco inquéritos, foi indiciado por estupro de vulnerável e a investigação foi remetida para a Justiça. O Ministério Público (MP) deve se manifestar nos próximos dias.

Três investigações seguem em andamento pois aguardam a finalização dos laudos de avaliação psicológica do Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (Crai) no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre. O resultado positivo dos primeiros dois exames foram decisivos para a responsabilização, segundo o delegado Anderson Spier, responsável pelo caso:

— O laudo tem total importância. É o cerne do inquérito. Nesses crimes em que há abuso pelo toque e não há vestígios, o psiquiatra consegue identificar sinais de sofrimento da vítima que corroboram a versão dela. É possível verificar se a fala é coerente, se tem verossimilhança e é fidedigna aos fatos que estão sendo apurados. São avaliados todos os elementos que permeiam o acontecido. Tudo isso o leva a concluir se houve abuso ou não.

Transparência

GZH não divulga o nome do preso para preservar a identidade da filha e das vítimas, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Além de ser determinante para o esclarecimento do caso, a avaliação é feita de forma técnica, evitando a revitimização das adolescentes. Elas são ouvidas uma única vez, em um depoimento definitivo, em local especializado e fora do ambiente da delegacia.

A investigação começou em meados de abril a partir do relato de uma adolescente de 13 anos que pediu para a mãe levá-la ao psicólogo quando revelou que havia sido abusada pelo pai da amiga duas vezes. A família registrou ocorrência e o relato se espalhou entre os vizinhos. Em um grupo de WhatsApp, outras adolescentes da mesma faixa etária começaram a relatar que também haviam vivido situações semelhantes e foram descobrindo histórias umas das outras.

A filha do suspeito foi retirada do convívio do pai por outro familiar. A Polícia Civil solicitou que a garota fosse encaminhada para atendimento no Conselho Tutelar e a consulta psicológica no Crai.

— Em meio a esse fato todo, ela acabou sendo envolvida numa história que não era dela. Ela também é vítima — aponta Spier.

Lauro Alves / Agencia RBS
Famílias das vítimas registraram ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha

A expectativa da polícia é de que a prisão do homem estimule mais pessoas a denunciarem. Para o delegado, é importante apurar as suspeitas em sua totalidade. A polícia identificou uma sexta vítima, que já tem mais de 18 anos, que afirmou que não tem interesse em registrar ocorrência. A advogada das famílias, Tatiana Borsa, contabiliza pelo menos 10 possíveis vítimas — metade delas oficializou a denúncia —, mas algumas estão com medo de formalizar o relato pois as adolescentes e o suspeito moravam no mesmo bairro em Cachoeirinha até o caso vir à tona.

— É um alívio pensar que ele está preso e só temos a agradecer a polícia. As meninas choraram quando souberam. Foi um presente. Foi um trabalho de paciência e muita pressão. Estávamos em busca disso mas temíamos que acabasse na impunidade, pois ele agia de forma sorrateira e velada. Com a prisão, esperamos que mais gente denuncie. Agora as famílias estão ansiosas para saberem quanto tempo ele vai ficar preso — afirma Tatiana.


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