Polícia



Final feliz

Grupo de empresários se une para doar piscina a família do Vale do Sinos que comprou e não recebeu o produto

Tatiana e Mateus são dois dos cinco clientes que afirmam ter comprado piscinas e que não foram entregues por empresa de Novo Hamburgo

09/07/2021 - 08h51min


GZH
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Piscina doada foi instalada no mesmo buraco que aguardava a que havia sido comprada por R$ 10,5 mil em outubro do ano passado

A apreensão da comerciante, Tatiana Muzzo, 42 anos, e do analista de TI, Mateus Castro dos Passos, 35, em relação ao buraco que há meses aguardava a instalação da piscina na residência da família, em Portão, no Vale do Sinos, deu lugar a um sentimento positivo nesta quinta-feira (8). Um grupo de 30 empresas do ramo de venda de piscinas se mobilizou para presentear a família após a publicação da reportagem sobre "piscinas de papel", em que  Diário Gaúcho conta a história de clientes que afirmam ter comprado o produto, que não foi entregue e nem instalado. De acordo com Bruno Camargo, 23, idealizador da ação solidária, 95% do valor foi arrecadado cerca de três horas após a divulgação da história por ele no grupo: 

— Quando vi a reportagem, lancei para o grupo a ideia de ajudar. Fiz um vídeo resumindo a história e dizendo que a minha ideia era que cada franqueado contribuísse com o valor que pudesse. Eu nunca vi o grupo tão unido. Empresas de diferentes partes do Estado e todas mobilizadas pela mesma causa. Eu sei que dinheiro não nasce em árvore, e imagino a dificuldade que é enfrentar essa situação — comemorou Camargo.  

Ao todo, cerca de 45 pessoas contribuíram com o pagamento. O que ficou faltando do valor foi doado pela fábrica que produziu a piscina e o serviço de instalação também foi feito de forma voluntária. 

— Quando fomos fazer o orçamento de quanto sairia para instalar, nosso fornecedor disse que também tinha visto a reportagem e que fazia questão de contribuir de forma voluntária. Só nisso, já economizamos cerca de R$ 1,8 mil. Precisamos mostrar que ainda existe gente boa no mundo. Realizar esse sonho deles é como se estivesse realizando um sonho meu— afirmou o empresário.


Felicidade 

Duas semanas se passaram desde o primeiro contato do empresário até o encontro com o casal. De acordo com Passos, ele estava trabalhando quando soube da iniciativa dos empresários: 

— No dia ele me ligou e falou da ideia do grupo, de que eles tinham se comovido com a nossa história. Na hora eu fiquei meio sem entender. Não imaginei que existiriam pessoas que estivessem dispostas a fazer esse gesto — duvidou o morador de Portão. 

Tatiana conta que no dia que ficou sabendo da ação, não conseguiu evitar as lágrimas: 

— Quando o meu esposo contou eu não acreditei, chorei muito.  Nós ficamos muito emocionados, porque durante meses pedimos ajuda a muitas pessoas para tentar resolver essa situação — contou a comerciante. 

De acordo com o casal, a iniciativa do grupo deu um final feliz para este episódio na história da família. Segundo eles, a expectativa, após a reportagem, era fechar o buraco com terra. 

— Nós não tínhamos mais recursos para tentar adquirir uma nova piscina. Então, a única alternativa viável era fechar o buraco. Por isso nós estamos tão emocionados com essa atitude. Só sabemos sentir gratidão e felicidade. Até mesmo nossa filha pequena estava ansiosa para finalmente ver a piscina instalada. É como se eles tivessem fechado uma ferida — pontuou Tatiana. 

Polícia quer ouvir outros clientes supostamente lesados

Até o momento, o proprietário da empresa e dois clientes foram ouvidos pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, que abriu inquérito para investigar a suspeita de estelionato. De acordo com a Polícia Civil, o próximo passo da investigação será ouvir outras pessoas que afirmam ter sido lesadas pela empresa. Outras duas ocorrências foram registradas em outros municípios gaúchos e, segundo a polícia, será feita uma solicitação para que sejam transferidas para a DP hamburguense e que possam ser anexadas no mesmo procedimento policial. 

Contraponto 

Em relação ao caso da família de Tatiana, Anderson Kinas, que se apresentou como proprietário da empresa Lazup Piscinas, afirmou que 2020 foi um ano de dificuldades financeiras para a empresa e relatou que a compra da piscina teria sido realizada em dezembro de 2020.  E que, por ele ter testado positivo para o coronavírus na semana do Natal, a entrega foi atrasada. No entanto, o contrato de compra e venda da piscina, ao qual o Diário Gaúcho teve acesso, consta que o negócio foi fechado no dia 31 de outubro de 2020. Kinas disse também que o buraco teria sido aberto entre fevereiro e março deste ano e a informação foi confirmada pelos clientes.

Produção: Kênia Fialho 


 


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