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Obra de arte que pode ter sido roubada de museu na Líbia há 31 anos é apreendida em Porto Alegre

Escultura de mármore, que representa um dos deuses gregos, será periciada

30/07/2021 - 07h00min


Leticia Mendes

A apreensão de uma obra de arte em Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira (29), pode ter dado fim à procura por uma escultura levada por criminosos de um museu na Líbia há três décadas. A peça, segundo a Polícia Federal, foi adquirida pela internet, e a suspeita é de que possa ser a mesma roubada no ano de 1990.  

A escultura em mármore, levada do museu, foi esculpida nos anos 400 a.C. Trata-se de uma cabeça humana, representando Esculápio, o deus grego da cura. O mandado de busca e apreensão foi cumprido durante a manhã pela PF para resgatar a peça em uma residência da Capital. Segundo a delegada  Jeanie Tufureti, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, o pedido de busca pela obra de arte partiu da Interpol (polícia internacional).

A Interpol Trípoli, na costa da Líbia, entrou em contato com o Escritório Central Nacional da organização no Brasil. A escultura está inserida na base de dados de obras furtadas ou roubadas. A Interpol repassou à PF fotografias e características da peça, que possui 35 centímetros e cerca de 20 quilos. 

O mandado de apreensão foi expedido pela 22ª Vara Federal de Porto Alegre. Ao chegarem na casa, onde havia outras obras, os agentes localizaram a escultura exposta em um dos cômodos. Um detalhe ajudou os agentes a aumentarem as suspeitas de que se trata da mesma escultura. 

— Uma das características que nos enviaram foi justamente o nariz quebrado  — explica a delegada. 

A mesma obra chegou a ser retida pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, São Paulo. Ela permaneceu na unidade alfandegária de fevereiro a setembro de 2020, mas acabou liberada. O homem que adquiriu a escultura apresentou os documentos de importação, não sendo possível naquele momento verificar a ilicitude do objeto.  Na época, o comprador disse que não havia adquirido com intuito de comercializar a peça. A obra, assim como outras, estava exposta na casa dele. 

Após a apreensão desta quinta, a obra de arte será periciada, na tentativa de confirmar a autenticidade e procedência. A Polícia Federal ainda está definindo quem será o perito responsável por analisar a peça. O comprador será ouvido nos próximos dias para esclarecer se ele tinha informações sobre a origem da escultura. Outros pontos devem ser detalhados com o depoimento dele, como a cidade de origem da obra, o valor pago e o site onde foi realizada a compra. 

— A partir da perícia, do relato dele e da documentação que apresentar, vamos concluir se houve dolo, se sabia da ilicitude da obra. Embora esteja entre as nossas atribuições esse tipo de ação, é pouco comum. Chamou a atenção, sem dúvidas — afirma delegada. 

Caso se encontre alguma evidência de que ele sabia disso, o comprador poderá responder por receptação ou até mesmo contrabando. Sobre o roubo da peça, a PF não recebeu detalhes, mas sabe que a obra foi levada quando estava exposta em museu na cidade de Shahat, no nordeste da Líbia.  Caso confirme que se trata da obra roubada, a Líbia deve ingressar com processo de repatriação da escultura. 

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