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Criminosos usam bancos de dados clandestinos para buscar informações de vítimas e aplicar golpe pelo WhatsApp

Polícia Civil alerta como não ser lesado e ainda informa que casos de estelionato aumentaram 62% no primeiro semestre do ano

11/08/2021 - 09h27min


Cid Martins
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Felipe Martini / Agência RBS

Uma variante de um golpe do WhatsApp tem preocupado a Polícia Civil nos últimos meses devido ao grande número de registros: o golpe do perfil falso ou do WhatsApp duplicado. O número dos usuários está sendo duplicado, mas não clonado. O mesmo nome e foto são usados, mas o número é outro, ou seja, o golpe do perfil falso. Os estelionatários procuram contatos de pessoas próximas e inventam alguma história para justificar a troca de número e pedem depósitos em dinheiro.

Eles conseguem estes dados, segundo a polícia, com os chamados data brokers, que são pessoas da área de informática que compilam, organizam, classificam e comercializam informações de forma ilegal para terceiros. Apesar de não ter ainda dados específicos sobre este tipo de golpe, a instituição alerta que os casos de estelionato em geral aumentaram 62% no primeiro semestre deste ano no Rio Grande do Sul em comparação com o mesmo período de 2020.

O mais conhecido aplicativo de mensagens no mundo pode ser utilizado por criminosos de diversas maneiras para aplicar golpes contra os usuários do serviço. Roubo da conta e criação de perfis falsos são alguns dos métodos utilizados pelos estelionatários. Mas uma variante desse crime, que já se tem registros pelo menos desde o ano passado, se intensificou. 

O golpe do WhatsApp duplicado ou do perfil falso segue fazendo vítimas e por isso o alerta tem sido constante. Na segunda-feira (9), o aposentado João Carlos Ferreira, 76 anos, morador do bairro Cristo Redentor, zona norte de Porto Alegre, recebeu o que imaginava ser uma mensagem do filho. A foto do perfil era a mesma, mas ele não viu o número  e leu uma mensagem em texto.

— Até então meu filho, o que imaginava, estava pedindo R$ 3,8 mil. Eu passei e ele me mandou outra mensagem depois, a sorte que não vi, pedindo mais R$ 4 mil. Quando ele chegou em casa, fui ver e aí perguntei se precisava mais e ele respondeu: que R$ 4 mil? Não pedi nada — ressalta Ferreira.

A família viu que se tratava de um golpe e avisou os demais contatos. Nesta terça-feira (10), irão na Polícia Civil registrar ocorrência.

Dados obtidos ilegalmente

O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado André Anicet diz que as vítimas são escolhidas por meio de um banco de dados clandestino. Segundo ele, os chamados data brokers são pessoas que têm grande conhecimento do assunto e atuam no chamado mercado clandestino.

— Primeiro, eles obtêm foto e perfil do próprio WhatsApp ou das redes sociais em geral, para depois acionarem os data brokers. Mediante pagamento de algum valor, conseguem geralmente os contatos mais próximos, pais, filhos, irmãos. Mas em alguns casos, os dados sigilosos são obtidos até devido o georreferenciamento e é quando eles obtêm também contatos de vizinhos ou colegas de trabalho ou aula — explica Anicet.

Nestes casos, o dono do perfil não é lesado diretamente, apesar do transtorno, pelo fato de que ele segue com o número normal, sem ser clonado. Mas pessoas próximas podem receber as mensagens, que são sempre em texto.


Como evitar

Polícia Civil / Reprodução
Alertas feitos pela Polícia Civil para evitar o golpe do perfil falso no WhatsApp

O delegado Anicet diz que sempre é preciso fazer o registro policial em qualquer delegacia e pode ser ainda online. Ele destaca passo a passo as principais orientações para não cair neste golpe do perfil falso ou do WhatsApp duplicado:

  • Configurar a privacidade para que somente os contatos possam ver a foto de perfil
  • Desconfiar de qualquer pedido de solicitação em dinheiro, ele sempre vem junto com uma história sobre troca de número
  • Jamais fazer depósito ou pagamento solicitados por mensagens
  • Se tiver dúvida, ligue para o telefone que já tinha cadastrado anteriormente, o número antigo
  • Alertar amigos e familiares
  • Tendo conhecimento do perfil falso, encaminhe e-mail para o serviço de suporte do próprio aplicativo - support@whatsapp.com - informando o número fraudulento, além do número verdadeiro e um breve histórico
Polícia Civil / Reprodução
Alertas feitos pela Polícia Civil para evitar o golpe do perfil falso no WhatsApp

Estatísticas

A polícia não tem ainda uma estatística única só sobre esse golpe porque tudo é concentrado no indicador criminal de estelionato. Anicet destaca que estes golpe do perfil falso têm sido registrado com frequência neste ano e que os casos de estelionato aumentaram por esta razão. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado, o aumento é de 62% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Nos seis primeiros meses deste ano foram cerca de 7 mil casos de estelionato por mês e no primeiro semestre do ano passado foram 4,3 mil.


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