Polícia



Região Metropolitana 

Investigação vai ouvir clientes que se dizem vítimas de golpe de doceira em Viamão

Fregueses afirmam que foram enganados por confeiteira do município, que não teria realizado entregas

24/08/2021 - 07h00min

Atualizada em: 24/08/2021 - 07h00min


Leticia Mendes
Leticia Mendes / Agencia RBS
Ofertas eram enviadas pela internet, prometendo valores em produtos

O primeiro passo de uma investigação que busca apurar se clientes foram vítimas de golpe por parte de uma doceira em Viamão, na Região Metropolitana, será ouvir as supostas vítimas. A equipe da 2ª Delegacia de Polícia do município está reunindo os casos para agendar os depoimentos. Na sequência, a própria confeiteira deverá ser ouvida para prestar esclarecimentos.  

Segundo o delegado Júlio Fernandes Neto, o inquérito foi instaurado e a polícia, neste momento, está compilando os casos – já que a maioria dos clientes fez o registro por meio da Delegacia Online.  

— Fatos registrados que temos, até agora, são oito. Mas sabemos que o número potencial de vítimas é maior. Será um inquérito muito trabalhoso, pelo número de vítimas. Deve ser uma instrução demorada — afirma o policial.  

GZH teve acesso a pelo menos 17 casos registrados pelos fregueses de forma online, que ainda devem ser remetidos para a unidade responsável pela apuração. No grupo de WhatsApp em que os clientes da doceira se reuniram para tentar buscar solução, uma lista tem os nomes de 73 pessoas que afirmam terem pago valores, sem receber as encomendas. A soma se aproxima de R$ 17 mil.  

O delegado afirma que pretende primeiro ouvir os clientes para, na sequência, procurar a doceira para que apresente esclarecimentos. Fernandes Neto ressalta que é importante que as vítimas tenham guardadas provas das transações realizadas – como comprovantes de pagamentos e trocas de mensagens.  

— Precisamos ter uma visão mais completa do que aconteceu. De quantas pessoas foram lesadas, quais os valores, o montante. E quais provas as pessoas têm dessas encomendas, que teriam sido feitas e não atendidas — explica o delegado.  

A investigação irá se concentrar em apurar se a confeiteira realmente teve intenção de aplicar um golpe nos clientes. Um dos indícios que levam a polícia a suspeitar dessa possibilidade, além do fato de os fregueses não terem recebidos os produtos, são as ofertas de promoções. Os anúncios prometiam, por exemplo, que ao pagar R$ 69,90 adiantado o cliente receberia voucher de R$ 2 mil, que daria direito a adquirir produtos.  

— Há uma linha tênue entre o descumprimento de compra e venda e o estelionato. O estelionato é praticar o ato fraudulento com intenção de lesar as pessoas. Continuar vendendo, com dolo de me apropriar desses valores. Esse tipo de ardil, que é o mesmo utilizado no golpe do bilhete, é característico do estelionato. A oferta de vantagem muito grande, que a pessoa aceita, e acaba pagando sem receber. Mas tudo isso vai ter que ser apurado — afirma Fernandes Neto.  

GZH não divulga o nome da doceira porque, neste momento, ela é considerada suspeita, sem ter sido ouvida pela polícia. 

Doceira nega golpe 

Em sua página no Instagram, a doceira publicou uma nota de esclarecimento, na qual nega que tenha tentado enganar os clientes. Na mensagem, a confeiteira se desculpa pelos transtornos causados e afirma que está buscando solucionar cada caso. No texto, a doceira diz que “repudia a afirmação de golpe, uma vez que a empresa jamais teve a intenção de causar nenhum problema aos seus clientes”.  

Alega também que “a operação empresarial atravessa um momento extremamente delicado do ponto de vista financeiro, e que este colapso econômico foi o gerador do problema”. A confeiteira garante que já possui um planejamento para ressarcir os clientes. Um e-mail e um número de WhatsApp foram fornecidos na postagem para que clientes entrem em contato.  

O caso

Na semana passada, clientes da mesma confeiteira de Viamão começaram a buscar a polícia após acreditarem ter sido vítimas de um golpe. Segundo os relatos dos fregueses, a mulher não havia cumprido com as encomendas e deixou de atender às tentativas de contato. Com isso, pessoas que aguardavam por entregas de bolos e doces para eventos comemorativos acabaram ficando sem os produtos.  

Onde registrar 

É possível fazer o boletim direto pela Delegacia Online da Polícia Civil, neste link. As vítimas também podem procurar a delegacia mais próxima. 


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