Polícia



Litoral Norte

Ministério Público se manifestará sobre o caso do menino Miguel nesta terça-feira

Mãe e madrasta seguem detidas pelo crime e bombeiros ainda buscam pelo corpo da criança

17/08/2021 - 07h00min


Leticia Mendes
Corpo de Bombeiros / Divulgação
Equipes dos bombeiros fazem buscas nas praias do Litoral Norte

O Ministério Público se manifestará nesta terça-feira (17) sobre o caso do menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos. No dia 29 de julho, a mãe Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26, confessou ter espancado o filho, dopado com medicamento e arremessado nas águas do Rio Tramandaí, em Imbé, no Litoral Norte. Ela e a madrasta do garoto, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23, seguem detidas pelo crime. Nesta segunda-feira (16), os bombeiros completam 19 dias de buscas pelo corpo da criança.

O caso está sob análise do promotor de Justiça Criminal de Tramandaí, André Luiz Tarouco Pinto. A manifestação ainda não foi encaminhada ao Judiciário, o que deve ocorrer até esta terça-feira. Yasmin e Bruna foram indiciadas pela Polícia Civil por homicídio duplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. O promotor pretende detalhar seu entendimento sobre o crime somente em coletiva à imprensa na sede do Ministério Público, em Porto Alegre, às 9h desta terça-feira.  

O Ministério Público pode apresentar entendimento diverso da Polícia Civil sobre os crimes ou mesmo entender que são necessárias novas diligências acerca do caso. Também pode denunciar as duas pelos mesmos delitos. Neste caso, caberá ao Judiciário decidir se aceita a denúncia e se elas se tornarão rés.

Em paralelo, embora já tenha apresentado o indiciamento contra a mãe e a madrasta, a polícia segue apurando mais informações sobre o crime. No último sábado, o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior encaminhou ao Judiciário a segunda etapa da apuração, debruçada em imagens de câmeras e extração de dados de celulares.

Segundo o delegado, a polícia obteve imagens de câmeras que mostram Yasmin transportando a mala, onde estaria o corpo do filho, na madrugada de 29 de julho. Ela teria saído de casa por volta da 1h. Na semana passada, a Polícia Civil divulgou trechos de pesquisas realizadas na internet com o telefone de Yasmin, onde ela tenta descobrir se a água do mar é capaz de apagar impressões digitais.

Os dados foram extraídos do aparelho por meio do software Cellebrite. As buscas são consideradas pela polícia como novas provas de que a mulher arremessou o corpo do menino nas águas. Na noite de 29 de julho, Yasmin buscou a Delegacia de Polícia com intenção de registrar o desaparecimento do filho. A mulher acabou confessando ter matado o garoto – atualmente a defesa dela diz que ela se declara inocente.

Yasmin continua detida na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, enquanto Bruna está internada no Instituto Psiquiátrico Forense.  

Bombeiros seguem procura

Os bombeiros chegaram nesta segunda-feira ao 19º dia de procura pelo corpo do menino. Os trabalhos continuam concentrados na praia. Equipes percorrem a orla, em veículos, tentando avistar algo no mar. As condições do mar começaram a melhorar, com maré baixa, embora o tempo permaneça nublado, o que dificulta a visibilidade.  

 —  Independente do tempo, as buscas continuam  —  afirma o tenente Elísio Lucrécio, comandante dos bombeiros de Tramandaí e coordenador das buscas.  

Os trabalhos contam com apoio das equipes de Torres, Capão da Canoa e Cidreira, além dos bombeiros de Santa Catarina que também estão em alerta. O drone não vem sendo usado nos últimos dias, em razão do tempo. Os pelotões buscam tanto visualizar algo no mar, como localizar vestimentas na areia, que possam dar novas pistas.  

O tenente não descarta, no entanto, que o corpo do menino possa ser encontrado em outros locais. A Marinha emitiu alerta aos navegantes em alto mar.  

Buscas na internet

A Polícia Civil divulgou as pesquisas que teriam sido realizadas com o celular de Yasmin. Entenda:

26 de julho

A mãe teria buscado na internet informações sobre o que fazer quando uma criança está alucinando e também sobre batimentos cardíacos. Neste dia, os policiais acreditam que o menino já havia sido espancado e começava a apresentar sequelas das agressões. Em depoimento, Bruna relatou que o garoto foi agredido pela mãe na segunda-feira, dia 26.

  • 16h53min -"quando a crinca começa (criança começa) a ter alucinação, o que significa?"
  • 22h59min – “batimentos cardíacos”

29 de julho

Novas pesquisas foram realizadas nesta data, em diferentes horários. No começo da madrugada, foram feitas buscas que tentavam descobrir se o mar é capaz de sumir com impressões digitais ou quanto tempo uma impressão digital permanece em algum objeto. Neste momento, a polícia acredita que Miguel já estava morto e as pesquisas teriam sido realizadas antes de a mãe transportar o corpo dele em uma mala até o Rio Tramandaí. No mesmo dia, teria realizado novas buscas ao retornar para casa. Ao longo do dia, buscou também informações sobre como registrar uma ocorrência online e sobre a Polícia Civil de Tramandaí.

  • 00h54min - "digitais humanas saem na água salgada do mar", "digitais saem na água salgada do mar" e "impressões digitais humanas saem na água salgada do mar"
  • 02h22min - "quanto tempo dura as impressões digitais em contato com a agua"  
  • 02h24min - "quanto tempo uma impressão digital fica em um objeto"
  • 06h14min - "quanto tempo fica uma digital no corpo humano" "quanto tempo uma impressão digital fica em contato com a água"
  • 06h15min – “bo online”  
  • 19h38min – “Polícia Civil Tramandaí”

O que diz a defesa de Yasmin  

O advogado Jean Severo, que integra a equipe de defesa de Yasmin, diz que a cliente se declara inocente. Ainda conforme Severo, Yasmin só deve falar novamente sobre o caso ao Judiciário. Ela não deve se manifestar à Polícia Civil nem participar da reprodução simulada dos fatos.  

— Ela se declara inocente. Que ela foi coagida na delegacia a falar aquilo. Ela não vai participar de nenhuma simulação do caso (reprodução simulada dos fatos) e de nenhum outro interrogatório. Ela só vai falar o que realmente aconteceu na frente do magistrado.  

A Polícia Civil nega que qualquer uma das duas tenha sido coagida e diz que estavam acompanhadas de advogados.  

O que diz a defesa de Bruna  

As advogadas Fernanda Ferreira e Helena Von Wurmb encaminharam nota à reportagem, na qual afirmam que ingressaram na defesa de Bruna no dia 11 de agosto. Antes disso, a madrasta de Miguel era representada por outros advogados. As duas afirmam que a cliente se diz inocente. Confira:  

“Salienta que em visita ao IPF na data do dia 12/08/21 nos foi informado que a perícia solicitada deu início nesta data, bem como a nossa cliente Bruna vem tendo crises dentro do Instituto Psiquiátrico Forense, necessitando manter-se medicada. A defesa informa que a Bruna se diz inocente, não tendo participação alguma na morte do menino Miguel.


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