Polícia



Entrevista

"Os policiais estavam correndo risco", diz comandante sobre ação que resultou em morte de aposentado em Torres

Novas imagens mostram o momento da abordagem dos PMs aos filhos de Fábio Zortea, 59 anos, na madrugada da última segunda-feira

26/08/2021 - 07h00min


Eduardo Matos
Eduardo Matos
de Torres
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O comandante do 2° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (2° BPAT), tenente-coronel Aurélio da Rosa, entregou à Polícia Civil as armas dos militares envolvidos na confusão que terminou na morte de um policial rodoviário federal aposentado na madrugada de segunda-feira (23), em Torres, no Litoral Norte.

Em entrevista a GZH, o oficial disse que não faria juízo de valor sobre a ação das pessoas ou dos PMs durante a ocorrência, para não prejudicar o andamento dos dois inquéritos sobre o caso — um que tramita na corporação e o que está sendo conduzido pela Polícia Civil. Afirmou, contudo, que os "policiais estavam correndo risco".

O comandante relata que houve uma chamada para o telefone 190, da BM, na madrugada de segunda-feira falando sobre pessoas em um veículo que estariam fazendo algazarra e vandalismo na área central da cidade. Conforme o policial, foram informadas as características do carro, e uma guarnição foi ao local. Chegando lá, os PMs não encontraram o automóvel.

Na sequência, segundo Aurélio, mais informações chegaram, dando conta de que essas pessoas estariam danificando árvores de um canteiro central. O oficial diz que as guarnições seguiram fazendo buscas até encontrar o veículo suspeito. A partir dali, a viatura passou a acompanhar esse carro e, num determinado momento, deu ordem de parada, o que não teria sido acatado.

— Esse condutor entendeu por não obedecer as ordens de parada e empreendeu fuga da guarnição. Por mais de um quilômetro houve um acompanhamento policial, porque o veículo não parava para abordagem — relata o comandante.

Segundo Aurélio, o veículo só parou em frente ao prédio onde a família dos envolvidos mora. O militar afirma que imagens de câmera de segurança mostram a chegada dos dois carros. Conforme ele, os policiais descem da viatura, se posicionam de maneira correta, dentro da técnica, "em situação de proteção, atrás das portas da viatura, e dão a ordem de descida para os ocupantes do Gol".

— Faz o procedimento normal de uma abordagem policial. Até aí a coisa vinha muito bem. Ocorre que o Luca, o mais novo dos filhos (do aposentado que foi morto), aceita a abordagem, fica na posição de revista, e isso aparece na imagem. O policial revista ele. E o outro, o irmão mais velho, ele não aceita a abordagem em momento nenhum e começa a se evadir para tentar entrar no prédio — conta o oficial.

Depois disso, Fábio e um policial começam a brigar.

— Ali ele (policial) tentou uma técnica de imobilização, mas não funcionou — diz Aurélio.

O chefe do 2° BPAT relata ainda que começou então uma briga generalizada, posteriormente com a presença do pai dos suspeitos, Fábio Zortea, 59 anos, que acabou morrendo.

— Ele (o filho mais velho) tira o carregador do cinto do policial, o carregador da pistola. Ele está tentando o tempo todo, naquela luta corporal, tirar a arma do policial. O cinto dele vira e a pistola fica atrás, nas costas dele. O rapaz consegue tirar o carregador e começa a bater no rosto do policial com o carregador da pistola. Por isso que ele quebrou o nariz, quebrou dente (do policial) — descreve o comandante, ao ponderar que tudo isso será avaliado nos laudos periciais.

O oficial acrescenta que, "num determinado momento, o policial entendeu que estava correndo risco de vida e efetuou o disparo":

— Da minha análise sumária dos fatos, sim, os policiais estavam correndo risco. Os policiais chegaram num momento que, no meu entendimento, deixou de ser uma ocorrência policial e virou uma briga de rua. E talvez os policiais tivessem tomado a pior, e aconteceu aquilo que a gente não queria ter visto.

Ouça a entrevista com o tenente-coronel Aurélio da Rosa



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