Depois que uma investigação policial por suspeita de estelionato foi aberta, clientes que foram lesados por uma doceira de Viamão vêm sendo ressarcidos pela mulher. A Polícia Civil afirmou que a informação foi confirmada pelas próprias vítimas. O caso passou a ser investigado depois que a proprietária de uma doceria artesanal do município da Região Metropolitana desapareceu sem fazer a entrega de encomendas pagas de forma adiantada. O inquérito segue em andamento.
De acordo com a polícia, ao menos 10 vítimas já foram ouvidas no inquérito pelas equipes da 2ª Delegacia de Viamão. Há clientes lesados outros municípios da Região Metropolitana. A polícia não divulgou quantas pessoas foram ressarcidas até o momento.
Após as denúncias na polícia, a doceira desapareceu. Segundo a investigação, ela estaria em Santa Catarina. A mulher ainda não foi ouvida pelas equipes — a polícia pretende chamá-la depois de todas as vítimas prestarem depoimento.
— Ao que tudo indica, ela está contatando e ressarcindo as vítimas, uma a uma, para depois prestar satisfações à polícia. A informação que temos das próprias vítimas é que ela pretende, depois, voltar a trabalhar no negócio de confeitaria. Se ela fizer acordo com todas as vítimas, ela afasta o dolo. Precisaremos avaliar se ela teve a intenção de cometer um estelionato ou se teve um problema de gestão financeira — pontua o delegado a frente do caso, Júlio Fernandes Neto.
O caso começou quando a doceira anunciou uma série de promoções dos produtos, que deveriam ter o pagamento adiantado. As promoções prometiam, por exemplo, que ao pagar R$ 69,90 o cliente receberia voucher de R$ 2 mil que daria direito a adquirir produtos. Os valores dos anúncios, enviados em grupos ou em mensagens diretas, variavam. Outra promoção anunciava que, ao pagar R$ 99,90, o cliente teria direito a voucher de R$ 1 mil. Havia ofertas de valores mais acessíveis, de apenas R$ 50 para obter direito a R$ 1,5 mil em produtos. Nesse caso, as entregas precisavam ser agendadas com antecedência.
Depois de vender as promoções, a mulher deixou de responder os clientes e desapareceu.
Há três meses, Vanessa dos Santos, 30 anos, é uma das pessoas que espera por resposta. Assim como outros clientes que acreditam ter sido ludibriados, a técnica em enfermagem procurou a Polícia Civil após não receber as encomendas e fez registro por suspeita de estelionato.
Vanessa conta ter transferido pelo menos R$ 450 para a doceira. Os valores depositados dariam direito, conforme os anúncios realizados, a cerca de R$ 6 mil em produtos da confeitaria artesanal. Além do prejuízo, a cliente precisou fazer novamente a compra com outra profissional, já que não recebeu os doces para o aniversário do filho em agosto.
— Era cliente dela fazia muitos anos. Uma pessoa muito bem-conceituada. Nunca desconfiei. Fui comprando, comprando. Ela mandava promoções relâmpago — relata.
Uma das estratégias da confeiteira seria incentivar os fregueses a indicarem outros, por vezes com a recompensa por meio de brindes. Vanessa indicou a irmã, a mãe, a madrasta e outras familiares. Elas adquiriram vouchers, que davam direito ao resgate de produtos. No entanto, em agosto passado, a doceira sumiu, sem fazer as entregas.
— Ela era bem insistente. Perguntava se não havia mais pessoas para recomendar. Indiquei várias. Minha mãe pagou e fez pedido para outubro. Ficou sem receber nada — conta.
Inicialmente, quase cem pessoas se reuniram por meio de um grupo de WhatsApp afirmando ter sido lesadas pela mesma pessoa.
Após as compras, a doceira encaminhou mensagens aos clientes informando que não teria condições de realizar as entregas. Quando ela sumiu, os fregueses decidiram ir na polícia e registrar o que acreditam ter sido um golpe.
Após a repercussão do caso, ainda no mês de agosto, a doceira se manifestou por meio de nota de esclarecimento, publicada no Instagram. No texto, negava ter tentado enganar os clientes e repudiava a suspeita de golpe. No mesmo post, havia indicação de contato para solicitar ressarcimento.
GZH não divulga o nome da doceira porque, neste momento, ela é considerada suspeita, sem ter sido ouvida pela polícia.