Polícia



Investigação

Polícia Civil prende advogado suspeito de estuprar três crianças em condomínio de Canoas

Homem se apresentou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente neste domingo (7)

09/11/2021 - 07h00min


Jeniffer Gularte
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Jeniffer Gularte / Agência RBS
Delegados Pablo Queiroz Rocha, Adriana Regina da Costa e Mario Souza em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (8)

O advogado investigado por abusar de crianças em um condomínio de classe média em Canoas, na Região Metropolitana, foi preso preventivamente neste domingo (7) pela Polícia Civil. O homem se apresentou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) acompanhado do advogado.

A investigação começou em setembro e identificou três vítimas. Duas meninas de oito e nove anos e uma terceira criança que não teve idade e sexo revelados. As três moravam no mesmo condomínio em que o investigado e, conforme seus relatos, foram abusadas pelo homem dentro da residência dele, ao irem até o local brincar o filho do suspeito.

Encaminhado ao sistema prisional, o homem, que não teve o nome divulgado pela polícia, é investigado por estupro de vulnerável e deve ser ouvido ainda nesta semana. A investigação do caso segue e os agentes não descartam a existência de outras vítimas.

De acordo com o titular da DPCA, delegado Pablo Queiroz Rocha, as três vítimas não tinham convivência entre si e trouxeram relatos convergentes. A investigação, segundo ele, já tem provas dos crimes, mas seguirá apurando outras circunstâncias dos abusos.

— Há detalhes em seus depoimentos que dão total veracidade ao conteúdo que elas narram. São atos e fatos de total desconhecimento de uma criança. Seria impossível uma criança criar um relato desse — afirma o delegado.

O primeiro caso foi descoberto pela família da vítima em setembro, quando a menina de nove anos contou na escola para uma colega e a psicopedagoga da instituição que sofria abusos de alguém próximo da sua família. A escola procurou a família, os pais conversaram com a garota, que confirmou episódios que aconteceriam desde 2017, quando tinha cinco anos.

Em depoimento, a menina disse que o homem tirava sua roupa e passava a mão no corpo dentro do quarto de hóspedes. A família procurou a DPCA, fez exame de corpo delito e foi orientada a manter discrição em relação ao caso até o momento da busca e apreensão, para não levantar suspeitas e evitar a destruição de eventuais provas.

Dentro do condomínio, as suspeitas ganharam repercussão no dia 28 de outubro, data em que a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do advogado investigado. Foram recolhidos HD externo com senha, celulares e computadores. O material segue em análise pela Polícia Civil. Do que foi visto até o momento, o delegado aponta que não há conteúdo criminoso. Desde então, o advogado não mora mais no condomínio.

O segundo caso surgiu a partir desta data, quando os pais da menina estiveram na casa da família de outra garota, que sabiam que também frequentava a residência do suspeito e contaram sobre a investigação. Questionada pelos pais, essa segunda menina, de oito anos, também confirmou situações de abuso, com relato semelhante ao primeiro depoimento. A investigação ganhou repercussão na mídia e, na semana passada, uma terceira vítima foi identificada. A criança também prestou depoimento na DPCA.

A exposição do estupro de vulnerável é fundamental para que o crime acabe. Nenhuma informação sobre as crianças será divulgada. Muitos desses criminosos utilizam armadilhas mentais para que as crianças não revelem o que passam. Todos precisam denunciar, sejam professores, vizinhos ou familiares.

MARIO SOUZA

Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana

— Temos um caso com clareza que está colocado. Houve um crime. Nesse sentido, é preciso que as famílias denunciem e confiem na Polícia Civil. A exposição do estupro de vulnerável é fundamental para que o crime acabe. Nenhuma informação sobre as crianças será divulgada. Muitos desses criminosos utilizam armadilhas mentais para que as crianças não revelem o que passam. Todos precisam denunciar, sejam professores, vizinhos ou familiares — afirma o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza.

A mãe de uma das vítimas afirma que está satisfeita com a prisão do suspeito e espera que a esposa do advogado também seja investigada — até o momento, a mulher não é considerada suspeita no inquérito. Conforme o delegado, não há "indícios seguros em relação participação da esposa".

— Nossa sensação de alívio é extrema. Sempre acreditamos em todos os órgãos. Vencemos a primeira batalha e vamos até o final — afirma a mãe.

Contraponto

O que diz o advogado Samuel Aguiar, que defende o homem suspeito
"Reiteramos a inocência do meu cliente. Estamos cooperativos com processo e com a investigação. Agora é aguardar o desenrolar das etapas processuais para apresentar a defesa e ficar evidenciada inocência do meu cliente."



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