Polícia



 Balanço do ano

RS tem redução em homicídios e latrocínios, mas aumento de casos de feminicídio em 2021

Dados foram apresentados nesta quinta-feira (13) em Alvorada, devido à redução alcançada na cidade que já foi considerada uma das mais violentas do país

14/01/2022 - 07h00min


Leticia Mendes

A praça em frente à prefeitura de Alvorada foi palco nesta quinta-feira (13) da demonstração de que a cidade está conseguindo deixar para trás o rótulo de ser uma das mais violentas do país. Pela primeira vez na história, os indicadores de criminalidade do Estado foram divulgados fora da Capital.

O município da Grande Porto Alegre alcançou no ano passado a maior redução de homicídios no Rio Grande do Sul, com 40,5% em comparação com 2020. Na mesma linha, os dados estaduais indicam queda de 13,8% nos assassinatos e 13% nos latrocínios (roubos com morte). Por outro lado, houve aumento de 21,2% nos feminicídios.  

O vice-governador e secretário da Segurança, Ranolfo Vieira Júnior, foi o responsável por apresentador os indicadores. Nos homicídios, o RS registrou taxa de 13,6 vítimas para cada 100 mil habitantes em 2021 – em 2017, um dos anos mais violentos, essa mesma taxa chegou a 26,4. Em número de vítimas, foram 1.561, o que representa queda de 13,8% em comparação com 2020.  

— É o melhor ano dos últimos 15 anos (desde 2007). Esse dado é muito significativo. Dos 497 municípios do RS, em 265, o que equivale a 53,3%, não ocorreu no ano passado nenhum homicídio. Esse dado também chama muita atenção — afirmou Ranolfo.  

Nos latrocínios, a redução, que já vinha acontecendo nos últimos anos, foi mantida. Foram 60 vítimas no ano passado, enquanto em 2020 tinham sido nove casos a mais. Esse é o menor número de assaltos com morte registrado em toda a série histórica, desde que os indicadores são divulgados, no ano de 2002.  

Diferente dos demais indicadores, os feminicídios, que são os casos de assassinatos de mulheres em contexto de gênero, apresentaram aumento em 2021. Foram 17 vítimas a mais do que ano anterior, com total de 97 casos.  

— Esse é o único dado negativo do ano de 2021. Estamos com um comitê interinstitucional, de combate à violência contra a mulher, para que se consiga em 2022 reduzir também esse indiciador — pontuou o vice-governador.  

Alvorada

A receita de Alvorada para deixar no passado o período no qual foi apontado como o sexto município mais violento do Brasil, no ano de 2017, acompanha as estratégias aplicadas no Estado. Entre as medidas, está o mapeamento de grupos criminosos, uso de inteligência para monitorar crimes e áreas mais violentas, integração entre as forças de segurança, descapitalização de organizações criminosas e maior número de prisões relacionadas aos homicídios.  

Durante a apresentação dos dados, o prefeito de Alvorada Jose Arno Appolo do Amaral destacou o serviço realizado pela Guarda Municipal e a parceria entre as instituições. Também falou sobre o sistema de videomonitoramento implantado no município nos últimos anos, como forma de tentar reduzir a violência.  A taxa de homicídios por 100 mil habitantes na cidade em 2021 chegou a 32,5 — a mesma já foi de 100,9 em 2017. 

— Graças a tudo isso a gente está conseguindo aos poucos resolver nossos grandes problemas. Somos uma terra de operários e precisamos sim oportunizar que essas pessoas possam desenvolver suas atividades sem serem perturbadas — disse o prefeito.  

Alguns representantes da comunidade também falaram durante o evento sobre a mudança na criminalidade no município. Membro do Movimento Comunitário Contra a Violência em Alvorada, Vladimir Kuze lembrou que costumava ser alvo de brincadeiras pejorativas pelo fato de ser morador da cidade.  

— Muitos me perguntavam “tu ainda moras em Alvorada?!” Hoje tenho orgulho de dizer tenho sorte e satisfação de morar nessa cidade. É uma cidade pobre, humilde, mas uma cidade de homens de valor — disse.  

Resultados do RS Seguro                                            

Durante a apresentação dos indicadores, também foram detalhados os resultados dos últimos três anos, desde que foi implantado o programa RS Seguro pelo governo do Estado, em fevereiro de 2019. Um dos pontos destacados foi a redução dos crimes contra a vida.  

— Se tivéssemos mantido os mesmos patamares de criminalidade de 2018, teríamos tido mais 2.056 mortes. Preservamos 2.056 vidas, desde quando iniciamos o RS Seguro. Essa redução de homicídios, feminicídios e latrocínios é maior do que a população de 52 municípios gaúchos. Se tivessem acontecido essas mortes, um desses município teria desaparecido. É um dado extremamente positivo para todos nós — comemorou Ranolfo.  

Outro dado destacado foi a queda de 69,4% nos roubos de veículos ao longo do mesmo período do programa. Em novo comparativo, o vice-governador destacou que se o Estado tivesse mantido os mesmos indicadores teriam sido 24.419 roubos de carros a mais nos três anos.  

— Seria como se tivesse roubado todos os veículos do município de Torres, por exemplo. Muitas vezes o roubo de veículo é o fato gerador para o fato chamado latrocínio. No momento em que estamos reduzindo, estamos diretamente ou indiretamente reduzindo a taxa de latrocínio, do roubo com resultado morte — detalhou.  

Ranolfo falou ainda sobre a redução dos ataques a bancos ao longo dos três últimos anos e lembrou a modalidade do "novo cangaço", na qual criminosos sitiavam cidades, faziam moradores de reféns e roubavam diversas agências bancárias.  

— Praticamente erradicamos esse tipo de crime no Estado. Se tivéssemos mantido o mesmo dado do ano de 2018, teríamos tido mais 378 ataques. Esses indicadores de três anos do RS Seguro falam por si e demonstram o acerto desse programa — disse.  

O governador Eduardo Leite acompanhou a cerimônia de forma virtual por ter testado positivo para covid-19 nesta semana. Em sua fala, destacou a integração entre as forças de segurança, o uso de inteligência, com análise de dados, e do impacto da redução da criminalidade na vida dos moradores, como no caso de Alvorada.  

— Estamos agora num momento em que podemos dar um salto na segurança. Já avançamos muito. Essa segurança pública melhorada é fator também de desenvolvimento econômico. Na medida em que a vida humana é protegida, as pessoas se sentem seguras, e têm vontade de morar nesses lugares. Se sentem tranquilas para poder ter seus filhos nessas localidades, constituir suas famílias e promover seus investimentos — disse o governador.


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