Polícia



 Norte do RS

Vítima de feminicídio em Passo Fundo tinha medida protetiva contra ex-companheiro; a mãe dela também foi morta

Principal suspeito é procurado por crime que aconteceu no fim da tarde desta segunda-feira, na área central da cidade

19/01/2022 - 07h00min

Atualizada em: 19/01/2022 - 07h00min


Leticia Mendes
João Victor Lopes / Rádio Uirapuru/Divulgação
Local onde mãe e filha foram mortas a tiros na segunda-feira

Mãe de três filhos, há cerca de meio ano Thairine de Oliveira, 30 anos, havia se separado do pai das crianças. Retornou para a casa da mãe, Isabel Cristina Muniz de Oliveira, 63, em Passo Fundo, no norte do Estado, onde passou a morar. No fim da tarde dessa segunda-feira (17), as duas foram assassinadas a tiros na área central da cidade. Uma terceira mulher também foi baleada e hospitalizada. O principal suspeito do feminicídio é o ex-companheiro de Thairine, contra quem ela tinha medida protetiva. A polícia faz buscas pelo homem, que ainda não foi localizado.

O caso é investigado pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Passo Fundo (Deam), que vai ouvir testemunhas e procura por imagens de câmeras de segurança do local do crime. Os assassinatos aconteceram na Rua Lava Pés, na área central, por volta das 19 horas. A polícia apura o que motivou o feminicídio, mas já sabe que havia um histórico de desentendimentos envolvendo Thairine e o ex-companheiro. Por mais de uma vez, ela chegou a obter medida protetiva contra ele, devido aos episódios de violência doméstica. 

— Ela já tinha feito registros contra ele, mesmo antes do término. E atualmente estava com medidas protetivas vigentes — afirma a delegada Taís Neetzow, que atua de forma substituta na Deam.

Thairine e o ex-companheiro eram pais de três filhos, todos menores de idade. Eles mantiveram relacionamento por cerca de 12 anos até a separação. Durante a relação, residiram em Passo Fundo e também em município próximo, Tapejara – a polícia chegou inclusive a fazer buscas pelo suspeito na cidade. Thairine passou a morar com a mãe em Passo Fundo. No início da noite dessa segunda-feira, ela estava na rua, quando um homem se aproximou em uma motocicleta, armado.  

— Ela tentou fugir. Acredito que tenha reconhecido o ex-companheiro. Mas ele efetuou vários disparos. Ela fugiu correndo e caiu ao lado do prédio de uma pousada — explica a delegada.  

Depois de atirar contra a Thairine, segundo a polícia, o homem atravessou a rua em direção à residência onde morava Isabel. Dentro da casa, atirou repetidas vezes contra ela – a nora de Isabel, cunhada de Thairine, também acabou baleada na ação e foi hospitalizada. Pelo menos uma das crianças estaria na residência da avó e teria presenciado o crime, segundo a polícia. Pela quantidade de disparos, a delegada acredita que tenha sido usado pistola no crime. O atirador escapou na mesma motocicleta e ainda não foi encontrado.  

Segundo a delegada, Thairine não tinha registro de descumprimento das medidas protetivas por parte do ex. No entanto, havia notificado que ele tinha tentado manter contato com ela, enviando mensagens por meio de terceiros. A polícia ainda não sabe se a mulher estava recebendo ameaças e nem o que efetivamente motivou o crime, já que eles estavam separados há cerca de meio ano.  

— Não havia registro de que ele tivesse tentado se aproximar dela, agredir, ameaçar. Vamos ouvir as pessoas próximas para entender o que motivou esse crime — diz a delegada.  

Medidas protetivas

Nesta segunda-feira, o Tribunal de Justiça divulgou um estudo onde mostra que, diferente do caso de Thairine, a maioria das vítimas de feminicídios em Porto Alegre não possui medida protetiva. De 176 processos analisados, 86,29% não tinham a proteção judicial quando foram assassinadas ou sofreram tentativas de feminicídios. Essa também é a realidade da maioria das vítimas de feminicídio no Estado, segundo a Polícia Civil.

Onde pedir ajuda  

Brigada Militar  

  • Telefone - 190 
  • Horário - 24 horas  
  • Serviço - atende emergências envolvendo violência doméstica em todos os municípios. Para as vítimas que já possuem medida protetiva, há a Patrulha Maria da Penha da BM, que fiscaliza o cumprimento. Patrulheiros fazem visitas periódicas à mulher e mantêm contato por telefone. 

Polícia Civil

  • Endereço - Delegacia da Mulher de Porto Alegre (Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia), bairro Azenha. As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há DPs especializadas no Estado
  • Telefone - (51) 3288-2173 ou 3288-2327 ou 3288-2172 ou 197 (emergências)  
  • Horário - 24 horas  
  • Serviço - registra ocorrências envolvendo violência contra mulheres, investiga os casos, pode solicitar a prisão do agressor, solicita medida protetiva para a vítima e encaminha para a rede de atendimento (abrigamentos, centros de referência, perícias, Defensoria Pública, etc.), entre outros serviços.

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