Polícia



Após incêndio 

Implosão de prédio da SSP terá 200 quilos de explosivos e nove andares virão abaixo em sete segundos

Operação será realizada em 6 de março, um domingo

26/02/2022 - 07h00min


Leticia Mendes
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Prédio será demolido quase oito meses após ser atingido por chamas

Sete segundos é o tempo estimado para que os nove andares do prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, atingido por incêndio em julho passado, transformem-se em escombros. Mas a operação que vai levar até o momento da implosão será bem mais longa e complexa. A detonação do imóvel, localizado na Avenida Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, deve ser realizada em 6 de março, pontualmente às 9h, com contagem regressiva. 

Um dos responsáveis técnicos pela implosão, o engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz tem em seu currículo uma das maiores operações desse tipo já realizada no Brasil, que é a do Edifício Pallace II, no Rio de Janeiro, em 1998. Aquele foi o maior desafio da carreira do especialista. Daquela vez, em uma escala de cinco a 10, a operação atingiu o grau máximo.  

— Esse prédio (da SSP) seria classificado em oito, em grau de dificuldade. O fato de o prédio ser colapsado leva a uma interpretação errônea de que isso facilita a implosão. O ideal na implosão é ter o prédio íntegro — explica Diniz, que também esteve na implosão da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em 2002.

No caso do prédio da SSP, pavimentos foram consumidos pelas chamas, e parte dos materiais, como o próprio concreto, perdeu suas características originais. Isso torna a operação mais complexa. Desde o começo de fevereiro, a equipe da FBI Demolidora já trabalha no local, preparando o terreno e o prédio para ser derrubado. Atualmente, as equipes estão fazendo as 1.184 perfurações para que sejam inseridos os 200 quilos de explosivos. 

No início da próxima semana, a empresa já deve começar a envolver os primeiros andares, do térreo até o quarto, com quatro camadas de tela de proteção. É uma espécie de envelopamento do prédio para reduzir o risco de que escombros sejam arremessados. Outra tarefa que vem sendo realizada pela empresa é o estudo de impacto na vizinhança. São feitas visitas nos imóveis dos arredores para conferir a integridade dos locais e comprovar ausência de danos após a operação. 

Ainda que o tempo fique instável em 6 de março, com chuva, a data será mantida. Isso pode, inclusive, segundo a equipe técnica, beneficiar a operação, já que reduziria a poeira gerada pela implosão. 

Ações nos arredores do edifício

Para minimizar os riscos, um raio de 300 metros no entorno do prédio será totalmente evacuado e isolado. Isso inclui os moradores dessas áreas – foram mapeados 54 imóveis, entre casas e comércios, que receberão orientações ao longo da semana que vem para deixar a área. O trânsito também sofrerá alterações, o que inclui fechamento da Estação Rodoviária e transferência das chegadas e saídas de ônibus para o Terminal Conceição.  A partir do sábado (5) já haverá proibição do estacionamento na área a partir das 18 horas. Na Trensurb, a última estação onde será permitido embarque e desembarque será a Farrapos – haverá ônibus para o trajeto até a Estação Mercado. 

Às 7h, as residências e outros imóveis dentro do raio de 300 metros precisarão ser totalmente esvaziadas. Uma hora depois, soará o primeiro alarme, quando deverá ter sido encerrada a desocupação. Haverá ainda mais quatro toques de sirene, em horários definidos, sendo o último às 8h59min. É neste momento que será iniciada a contagem regressiva para a implosão. Assim que o detonador for acionado, em sete segundos, toda estrutura deve ir abaixo.  

Após a implosão, ainda será necessário realizar a remoção das 20 mil toneladas de escombros, o que pode levar até 30 dias. O valor do serviço, que inclui a demolição da estrutura colapsada e remoção desses entulhos, com transporte e descarte apropriado, é de R$ 3,15 milhões. O prejuízo total deixado pelo incêndio que atingiu o prédio em 14 de julho do ano passado é estimado em R$ 55 milhões.  

Durante a apresentação do plano de implosão, nesta sexta-feira (25), o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior lembrou que o episódio provocou a morte de dois bombeiros, o tenente Deroci de Almeida da Costa e o sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, que participavam do combate ao fogo, e lamentou o fato. Também informou que, até o fim de março, o governo do Estado pretende decidir qual será o futuro daquela área. Entre as possibilidades está a de erguer o prédio no mesmo local ou de realizar uma permuta com o setor privado, com objetivo de construir uma nova sede para a SSP em outro ponto da Capital.  



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