Polícia



Mistério  

Casal está desaparecido há mais de uma semana em Cachoeirinha

Rubens Heger, 85 anos, e a esposa, Marlene Heger Stafft, 53, mantiveram contato com a família pela última vez no dia 1º

09/03/2022 - 07h00min


Leticia Mendes
Arquivo Pessoal / Divulgação
Rubens, caminhoneiro aposentado, e a esposa Marlene residem no bairro Carlos Wilkens

Há mais de uma semana, familiares de um casal morador de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, buscam saber o paradeiro deles. Rubens Heger, 85 anos, e a esposa, Marlene Heger Stafft, 53, desapareceram, deixando para trás a residência, no bairro Carlos Wilkens, o veículo que usavam, medicamentos e roupas. O caso está sob investigação da 1ª Delegacia de Polícia do município.  

Na terça-feira (2), familiares foram até a moradia do casal e encontraram a casa com janelas e portas abertas, além do veículo do aposentado, um Gol verde, dentro da garagem com o rádio ligado. Um dos pontos que intrigou ainda mais os parentes é o fato de que a cachorrinha do casal estava morta no pátio. O corpo do animal, sem sinais de violência, estava parcialmente dentro de um bueiro.  

Dentro da casa, estavam todas as roupas do casal e as caixas de medicamentos que Rubens usa regularmente. Também foi deixado o cilindro de oxigênio que o idoso utiliza em razão de um enfisema pulmonar. A família só deu falta das carteiras com documentos e celulares do casal. Desde então, os parentes vêm tentando fazer contato, mas os telefones não chamam.  

—  Ele não saiu de casa por livre e espontânea vontade. Quando ia visitar alguém, sempre levava bombinha e o básico de medicamentos que precisa por causa do enfisema. Ficou tudo no local. Ele não vive sem esses medicamentos. Estamos desesperados. Nove dias sem nenhuma notícia  — desabafa a neta Brenda Heger, 24 anos.  

Caminhoneiro aposentado, Rubens pouco costuma sair de casa. Esse, inclusive, foi um dos motivos que levou a família a desconfiar que algo poderia ter acontecido ao casal, que reside no mesmo local há décadas. Os dois mantêm relacionamento há cerca de 25 anos. Na segunda-feira, dia 1º, os parentes fizeram o último contato por telefone com Marlene. Por meio de mensagens, a mulher respondeu que estavam fora de casa.  

—   O vô não gosta de dormir fora de casa. Achamos isso estranho, por isso na terça-feira fomos lá conferir  — diz a neta. 

Imagens 

Por meio de imagens de câmeras, a família soube que no domingo, dia 27, uma filha de Rubens esteve na casa. Moradora do bairro Rio Branco, em Canoas, chegou ao local em um Fiesta, junto do filho, por volta das 11h30min. Marlene aparece nas imagens indo até o portão para recebê-los e os três ingressam na casa.  

Ao longo do período em que está na casa, o veículo da mulher é estacionado dentro da garagem e colchões são colocados em frente ao carro, formando uma barreira, que impede que se visualize o que acontece ali dentro. Por volta das 15h40min, o veículo deixa a residência, mas pelas imagens não é possível saber se o casal está no automóvel.  

Segundo o delegado Anderson Spier, da 1ª DP de Cachoeirinha, em depoimento a mulher confirmou que foi visitar o pai e a madrasta e que levou os dois para passar o feriado de Carnaval na casa dela. Sobre o fato de o pai não ter levado o oxigênio e medicamentos, a filha alegou que o uso era esporádico e ele pretendia regressar para casa em breve. A versão é apurada pela polícia e contestada por outros familiares, que alegam que ele usava o oxigênio pelo menos três vezes por semana. Em relação aos colchões na garagem, disse que foi o pai quem pediu para que ajudasse e que deixou ali para que arejassem. 

— Ela relata que na terça-feira saiu para uma consulta na UPA em Canoas e, quando voltou, eles não estariam mais em casa. Essa é a versão dela — diz o delegado. 

A mulher relatou ainda que o pai teria comentado sobre um amigo em Guaíba e que acreditou que ele poderia ter ido visitá-lo. Disse que, em razão disso, não registrou o sumiço na polícia. A polícia esteve na casa da mulher, que vive com o filho, mas nada foi localizado. 

Embora Rubens estivesse sem carro, a filha disse acreditar que ele tenha usado transporte por aplicativo. A polícia pediu informações para as plataformas sobre possíveis movimentações do casal naquele dia e aguarda retorno. Sobre a situação em que se encontrava a residência do casal, segundo o delegado, como houve alteração pela família, foi impossível para a polícia precisar como o local se encontrava no momento do desaparecimento. 

— O que podemos afirmar é que não havia sinais de luta ou arrombamento. Em relação ao cachorro, a família já havia se desfeito do animal, o que também nos impossibilitou de tentar buscar alternativa para descobrir a causa da morte, se pode ter sido mesmo envenenado como eles acreditam — afirma Spier. 

Possível crime

O tempo transcorrido desde o sumiço, sem contato com familiares, e o fato de que os dois nunca tinham desaparecido antes levam a polícia a suspeitar que o casal possa ter sido vítima de algum crime. A polícia tentou localizar o amigo onde Rubens poderia ter ido, mas não foi possível até o momento. 

— Depois de toda essa divulgação acreditamos que se estivessem mesmo na casa de um amigo, já teriam feito contato. Não é usual uma pessoa que tem sempre contato com os filhos, simplesmente desligar o telefone. Quanto mais passa tempo, mais aumenta preocupação sobre existência de algum delito por trás, como homicídio ou roubo, com privação de liberdade — diz o policial, que considera a possibilidade de sequestro quase improvável em razão de nenhum pedido de resgate ter sido feito. 

O idoso havia vendido há alguns meses um caminhão por R$ 70 mil, mas o valor foi encontrado escondido dentro da residência dele. Em princípio, nada foi levado do casal. O neto de Rubens, que reside com a mãe em Canoas, também será ouvido. 

— Estamos ouvindo os familiares, e aguardando esses outros retornos, na tentativa de montar esse quebra-cabeças — diz Spier. 

Colabore 

Quem tiver informações sobre o caso, que possam auxiliar a polícia, deve entrar em contato pelo telefone da 1ª DP de Cachoeirinha  (51)  3470-1122 ou por meio do Disque Denúncia da Polícia Civil, no 181

Dicas de como agir 

 Em desaparecimentos

  • Registre o desaparecimento na polícia assim que for percebido
  • Leve uma fotografia atualizada para repassar aos policiais  
  • Outras informações relevantes no momento do registro são saber se a pessoa tem telefone celular e se foi levado junto, se possui redes sociais, os dados de conta bancária, se possui veículo e qual a placa, locais que costuma frequentar, pessoas com quem mantêm contato (amigos, familiares), se é usuária de drogas e se houve alguma desavença que pode ter motivado o sumiço  
  • Comunique o desaparecimento aos amigos e conhecidos, que podem auxiliar com informações. Ao divulgar o sumiço, informe os contatos de órgãos oficiais como Polícia Civil e Brigada Militar para receber informações. Isso evita que criminosos interessados em extorquir familiares de desaparecidos se aproveitem da situação  
  • Outra orientação importante é que as famílias comuniquem a polícia não somente o desaparecimento, mas também a localização. É muito comum os policiais depararem com casos de pessoas que não estão mais desaparecidas, mas que no sistema constam como sumidas porque o registro de localização não foi feito  

Se forem crianças ou adolescentes

  • Percorra locais de preferência da criança
  • Saiba informar quem são os amigos dela e com quem pode estar  
  • Esteja atento às roupas que a criança ou adolescente está usando e, em caso de sumiço, descreva para a polícia
  • Mantenha alguém à espera no local de onde ela sumiu. É comum que ela retorne para o mesmo ponto
  • Ensine as crianças, desde pequenas, a saberem dizer seu nome e o nome dos pais  
  • Quando a criança ou adolescente for localizada, informe a polícia

MAIS SOBRE

Últimas Notícias