Polícia



Mistério segue 

Desaparecimento de casal em Cachoeirinha se aproxima de um mês sem respostas

Rubem Heger, 85 anos, e Marlene Heger Stafft, 53, sumiram deixando casa, veículo e medicamentos usados pelo idoso

26/03/2022 - 07h00min


Leticia Mendes
Arquivo Pessoal / Divulgação
Marlene e Rubem estavam casados há mais de duas décadas

Casados há mais de duas décadas, Rubem Heger, 85 anos, e Marlene Heger Stafft, 53, mantinham rotina conhecida pela família em Cachoeirinha, na Região Metropolitana. Pouco saíam de casa, em razão das limitações que o aposentado apresenta por sofrer com um enfisema pulmonar. Mas há quase um mês os dois desapareceram, sem deixar vestígios. O sumiço está sob investigação da Polícia Civil.  

O domingo 27 de fevereiro, em meio ao feriadão de Carnaval, foi a última data no qual parte da família teve contato com o casal. Naquele dia, uma filha de Rubem esteve na residência. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que a mulher chega à casa, acompanhada do filho. Marlene abre o portão para que eles ingressem. Depois disso, não há mais nenhum registro de imagem do casal.  

Por volta das 15h40min, o veículo da filha de Rubem deixa a residência, mas não é possível saber se o casal está no automóvel. Quando ouvida pela polícia, a mulher contou que levou o pai e a madrasta para Canoas para passar o feriadão na casa dela. Na terça-feira, dia 1º de março, o casal teria sumido no momento em que ela estava num posto de saúde. A mulher disse aos policiais que o pai falou que pretendia visitar um amigo em Guaíba e, por isso, ela não se preocupou com o sumiço.   

Durante o período em que a filha e o neto estiveram na moradia do casal, em Cachoeirinha, o veículo deles foi estacionado dentro da garagem e colchões foram colocados em frente ao carro, formando uma barreira, que impede a visualização do que acontece ali dentro. À polícia, a mulher disse que o pai pediu para que ela colocasse os colchões ali para que arejassem. Causou estranhamento para a família que os colchões eram novos, ainda embalados, além do fato que o pátio poderia ter sido usado para isso, ao invés da garagem.  

Ao longo das imagens, a cachorrinha do casal também não aparece no vídeo. Quando os familiares chegaram na casa, dias depois, estranhando o sumiço dos dois, depararam com o animal morto no pátio. A causa da morte não chegou a ser identificada. Outro ponto que intriga a família é que os medicamentos do aposentado permaneceram todos na residência, inclusive o cilindro de oxigênio que ele usava. A filha alegou que o uso era esporádico e ele pretendia regressar para casa em breve. 

— O vô é muito lúcido. Mas ia até frente do portão e já ficava mais ofegante. Muitas vezes, no fim do dia usava o oxigênio. Ele estava comprando agora. Se não precisasse, não compraria. Em 30 dias, é quase impossível, com toda a divulgação nas redes sociais, televisão, alguém não ter visto pelo menos um dos dois  — lamenta o neto Rafael Heger, 33 anos.  

A polícia esteve na casa da mulher, que vive com o filho, mas nada foi localizado. Em busca de respostas, ao longo deste mês familiares realizaram protesto em frente à 1ª Delegacia de Polícia, responsável pela apuração do caso. A família pretende fazer nova manifestação, pedindo o esclarecimento do desaparecimento.   

— É uma agonia sem fim. Não tem nem como explicar. Enquanto não achar, nem que seja para dar enterro, fica nessa aflição. Até a própria polícia já nos disse que a chance de achar eles vivos é muito pequena, mínima. Nós, da família, já perdemos a esperança de encontrar com vida — desabafa a neta Brenda Heger, 24 anos.  

Investigação  

Embora Rubem estivesse sem carro, a filha disse acreditar que ele tenha usado transporte por aplicativo. Para verificar essa possibilidade, a polícia pediu informações para as plataformas sobre movimentações do casal naquele dia. 

— Os aplicativos responderam informando que o casal não utilizou nenhum transporte no dia do desaparecimento. Não temos mais nenhuma testemunha para ouvir, mas estamos aguardando o resultado das perícias solicitadas — explica o delegado Anderson Spier, da 1ª DP de Cachoeirinha.  

O tempo transcorrido desde o sumiço, sem contato com familiares, e o fato de que os dois nunca tinham desaparecido antes, levam a polícia, assim como os familiares, a suspeitar que o casal possa ter sido vítima de algum crime. 

— Não podemos dar muitos detalhes porque estamos trabalhando e numa fase inicial. Estamos ouvindo testemunhas, parentes, tudo com o objetivo de localizar as vítimas. Torcemos para que estejam vivas, mas sabemos que com o passar dos dias, sem localização, o indicativo é de que estejam mortas. Mas estamos trabalhando — diz o delegado regional Juliano Ferreira.  

Colabore  

Quem tiver informações sobre o caso, que possam auxiliar a polícia, deve entrar em contato pelo telefone da 1ª DP de Cachoeirinha (51) 3470-1122 ou por meio do Disque Denúncia da Polícia Civil, no 181

Dicas de como agir  

Em desaparecimentos 

  • Registre o desaparecimento na polícia assim que for percebido 
  • Leve uma fotografia atualizada para repassar aos policiais   
  • Outras informações relevantes no momento do registro são saber se a pessoa tem telefone celular e se foi levado junto, se possui redes sociais, os dados de conta bancária, se possui veículo e qual a placa, locais que costuma frequentar, pessoas com quem mantêm contato (amigos, familiares), se é usuária de drogas e se houve alguma desavença que pode ter motivado o sumiço   
  • Comunique o desaparecimento aos amigos e conhecidos, que podem auxiliar com informações. Ao divulgar o sumiço, informe os contatos de órgãos oficiais como Polícia Civil e Brigada Militar para receber informações. Isso evita que criminosos interessados em extorquir familiares de desaparecidos se aproveitem da situação   
  • Outra orientação importante é que as famílias comuniquem a polícia não somente o desaparecimento, mas também a localização. É muito comum os policiais depararem com casos de pessoas que não estão mais desaparecidas, mas que no sistema constam como sumidas porque o registro de localização não foi feito   

Se forem crianças ou adolescentes 

  • Percorra locais de preferência da criança 
  • Saiba informar quem são os amigos dela e com quem pode estar   
  • Esteja atento às roupas que a criança ou adolescente está usando e, em caso de sumiço, descreva para a polícia 
  • Mantenha alguém à espera no local de onde ela sumiu. É comum que ela retorne para o mesmo ponto 
  • Ensine as crianças, desde pequenas, a saberem dizer seu nome e o nome dos pais   
  • Quando a criança ou adolescente for localizada, informe a polícia

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