Polícia



Foragidos

Casal suspeito de matar taxista durante roubo no noroeste do RS já havia sido indiciado por assassinato na Serra  

Cléber Roni Tormes, 61 anos, desapareceu em 21 de março e teve corpo encontrado na última sexta-feira  

19/04/2022 - 08h46min


Leticia Mendes
Policia Civil / Divulgação
Sheila Ceconi e Martielo Martins são procurados

Um casal procurado pelo latrocínio (roubo com morte) de um taxista em Crissiumal, município de 13,2 mil habitantes no noroeste do Estado, já havia sido indiciado por outro crime na Serra. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (18) pela Polícia Civil. Sheila Daiane Corrêa Ceconi e Martielo de Souza Martins, ambos com 30 anos, tiveram prisão preventiva decretada e estão foragidos. 

O caso mais recente do qual os dois são suspeitos é a morte do taxista Cléber Roni Tormes, 61 anos. O motorista, que trabalhava há mais de uma década na função, desapareceu no dia 21 de março, após ser chamado para uma corrida. Morador da área rural de Crissiumal, Tormes era casado e pai de três filhos. No fim da tarde daquele dia, saiu de casa em seu veículo, um Virtus prata. O pedido era para que fosse até a localidade de Lajeado Caçador para buscar um casal e levar até a rodoviária. Depois disso, o taxista não foi mais encontrado.  

No dia seguinte, o desaparecimento foi registrado na polícia, que passou a apurar o fato. Na propriedade rural onde ele buscaria os passageiros ninguém foi localizado. A investigação conseguiu apurar que um casal esteve hospedado ali entre os dias 12 e 21 de março — mesma data do sumiço do taxista.  

— Não tínhamos um corpo até aquele momento. No local conseguimos identificar que houve agressão, havia sangue — detalhou o delegado William Garcez em coletiva à imprensa nesta segunda-feira.  

A polícia acionou o Instituto-Geral de Perícias (IGP) para tentar identificar se o sangue seria do taxista e buscar impressões digitais na moradia. Também foram coletadas imagens de câmeras de segurança em estabelecimentos comerciais do município e pelo menos 12 pessoas foram ouvidas inicialmente. Os investigadores chegaram ao nome dos dois suspeitos de envolvimento no sumiço: Sheila e Martielo, ambos moradores de Bento Gonçalves, na Serra.  

Embora o corpo do taxista não tivesse sido localizado, desde o início a polícia já suspeitava que ele pudesse ter sido vítima de algum crime. Corroborou para essa linha o fato de que, um dia após o registro do caso, os documentos de Tormes foram encontrados às margens da ERS-207, entre Humaitá e Bom Progresso, próximo de uma ponte. Além disso, testemunhas relataram à polícia terem ouvido sons de disparos vindos da propriedade onde o casal estava hospedado na tarde em que o motorista desapareceu.  

Os policiais descobriram que o veículo do taxista foi visto em Bento Gonçalves e em Porto Alegre no mesmo dia do sumiço. Em 28 de março, a polícia obteve mandados de prisão contra os investigados devido aos indícios já obtidos até ali. Em 8 de abril, a equipe de Crissiumal viajou até a Serra para buscar pelos dois foragidos em locais onde poderiam estar, mas eles não foram localizados.  

Ao mesmo tempo, seguia a procura em matagais da região pelo corpo do taxista. Novas buscas, com emprego de cães farejadores, estavam planejadas para esta terça-feira (19) no noroeste do RS. Mas, na última sexta-feira (15), um morador de Campo Novo acionou a polícia após localizar um cadáver na localidade conhecida como Matão do Bones, a cerca de 45 quilômetros de onde Tormes havia sumido. O corpo do taxista foi reconhecido por familiares, que identificaram as roupas como sendo as mesmas usadas por ele no dia do sumiço. O cadáver não havia sido enterrado e estava em um matagal.  

— Pela nossa investigação, já considerávamos que aquele poderia ser um dos locais onde haviam deixado o corpo. Mas a área ali é muito grande, por isso novas buscas seriam realizadas, com cães. Pelas vestes, no local, e pela confirmação dos familiares, possivelmente aquele corpo que estava lá é da nossa vítima — afirma o delegado.  

Ainda que o corpo tenha sido reconhecido por familiares, foi solicitada perícia para fazer a identificação. A polícia aguarda o recebimento do resultado para concluir a investigação. Pelo estado avançado de decomposição, não foi possível apontar inicialmente qual a causa da morte. 

— Acreditamos que houve premeditação e chamaram a vítima até local, para pegar seu veículo e deslocar para Bento Gonçalves, que era o plano inicial deles. Nós acreditamos que o crime já havia sido cometido no interior de Crissiumal. Apenas levaram o corpo para deixar naquele local — diz o delegado.  

Até o momento não foi descoberto o paradeiro do veículo roubado. O corpo do taxista foi sepultado na tarde do último sábado (16) no Cemitério Comunitário da Barra do Buricá, na área rural de Crissiumal.  

Homicídio  

No início de abril, os dois investigados pelo latrocínio do taxista acabaram indiciados por outro crime. Em 11 de março, Antônio Vilmar Moraes, 52 anos, também desapareceu na Serra. O corpo dele foi encontrado dois dias depois, com marcas de disparos, no Vale Aurora. Sheila, que era companheira da vítima, foi indiciada pelo crime, assim como Martielo. A investigação apontou que o crime teria sido cometido após um desentendimento entre a mulher e a vítima. Sheila estaria se relacionando também com Martielo.   

— Ao que parece, a vítima tinha um relacionamento com a Sheila. E ela teria tido discussões com ele, porque ele havia dado uma motocicleta para ela e ela acabou se desfazendo em um ponto de tráfico. Os dois (Sheila e Martielo), após a discussão, teriam matado a vítima. Eles foram indiciados pelo homicídio qualificado pelo motivo fútil e também pela ocultação de cadáver — afirma o delegado Renato Nobre, de Bento Gonçalves.  

Os dois também tiveram prisão preventiva decretada por este crime. A polícia acredita que os dois tenham fugido para Crissiumal, município de onde Sheila é natural, após o homicídio. Uma das suspeitas da polícia é de que atualmente o casal esteja escondido na Serra. Quem tiver informações que possam colaborar com a apuração, deve entrar em contato pelos telefones 181 (Disque-Denúncia) ou 197, da Polícia Civil. 

Contraponto 

Segundo a Polícia Civil, nenhum dos dois investigados foi localizado até o momento para prestar depoimento e esclarecer sua versão dos fatos. GZH tenta obter contato com a defesa do casal, mas não conseguiu confirmar até o momento se os dois já possuem defensor constituído em ambos casos. GZH entrou em contato com a Defensoria Pública que informou que no momento não está representando nenhum dos dois indiciados nestes casos, embora Martielo seja atendido em outros processos.  


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