Polícia



Crime organizado

Dívida entre facções, disputa de áreas e pistolas argentinas: entenda a onda de violência que atinge Porto Alegre

Conflitos já deixaram 13 mortos e 20 feridos desde 15 de março

05/04/2022 - 07h45min

Atualizada em: 05/04/2022 - 07h47min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Um dos casos foi registrado na manhã desta segunda-feira (4), no bairro Santa Tereza

Uma série de conflitos entre organizações criminosas vem deixando um rastro de medo e morte na Capital. Ao menos 13 pessoas foram assassinadas e cerca de 20 ficaram feridas nos últimos 20 dias. Conforme a Polícia Civil, que investiga o caso, os crimes seriam motivados por dívida de uma facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, com outra, que atua no Vale do Sinos.

As forças de segurança promovem reuniões diárias para debater sobre as estratégias para o enfrentamento à onda de violência que se iniciou na primeira quinzena de março. Nesta semana, um novo encontro do programa RS Seguro, que agrega representantes da Polícia Civil, Brigada Militar, Judiciário, Susepe, Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Ministério Público deve abordar o tema.

Conforme o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, a facção do Vale do Sinos teria recebido reforço de outra organização atuante no bairro Bom Jesus, na zona leste da Capital, para cobrar a dívida do grupo rival. Pressionada com a possibilidade de perder território, os ataques mais violentos teriam partido da facção sediada na Vila Cruzeiro, segundo a polícia.  

O delegado ressalta que os ataques foram ordenados de dentro do sistema penitenciário. Como forma de intimidar os criminosos, a polícia trabalha com a realocação dos presos. Pelo menos duas transferências já foram efetivadas e outras já estão em discussão.

— Na semana anterior, fizemos uma transferência de lideranças que estavam no Presídio Central para outras unidades. Nos próximos dias, encaminharemos medidas cautelares via Judiciário voltadas aos executores, visto que boa parte dos mandantes já estão presos — explica o delegado.

A Polícia Civil ainda trabalha na identificação dos executores. De acordo com o delegado, seriam grupos de criminosos que seguem o mesmo padrão em ambas as facções.  Além da metodologia dos ataques, os armamentos utilizados pelos dois grupos também são similares. Já foram apreendidas pistolas .9mm; espingardas calibre 12; fuzil 556; e pistolas de calibre .38. Algo que chama a atenção da Polícia Civil é a quantidade de pistolas da marca argentina Bersa. A origem dos dispositivos segue sob investigação.

 Combate

A onda de violência na Capital também foi lembrada no discurso do secretário estadual de Segurança Pública, Vanius Cesar Santarosa, durante evento no Palácio Piratini, na noite desta segunda-feira (4).  

— O que acontece na Vila Cruzeiro do Sul é algo que vamos começar a trabalhar, intensificar as atividades de policiamento ostensivo, com a realização de operações com todos os segmentos dentro da Brigada Militar, integrados com a Polícia Civil, para promover a elucidação destes crimes o mais rápido possível — disse o secretário.

Apesar dos ataques sequenciais, o secretário recém-empossado nega que exista uma guerra. Ele também reitera que o policiamento será reforçado:

— Não tem uma guerra. Os indicadores criminais nos últimos meses vêm mostrando uma redução. O que acontece: acabou a reclusão social. As pessoas voltaram para a rua. Então o aumento de pessoas na rua fez com que o número de crimes aumentasse momentaneamente naquela região da Cruzeiro. Mas as ações que vamos desenvolver vão para combater e eliminar, realizar prisões. Estamos colocando ali o Batalhão de Operações Especiais, Batalhão de Choque e as forças táticas das unidades da Capital, e intensificando a presença policial nesta área conflagrada.


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