Polícia



Bairro Anchieta

Quem era o empresário assassinado em assalto na zona norte de Porto Alegre

Cláudio Rogério Gowert, 55 anos, foi morto com um tiro na nuca durante roubo de veículo no fim da manhã de quinta-feira (31)

02/04/2022 - 07h00min


Leticia Mendes
Arquivo Pessoal / Reprodução
Cláudio em preparativos para apresentação do Coro Masculino 25 de Julho, em março deste ano

Na tarde desta sexta-feira (1°), o Coral da Comunidade Luterana Cristo de Porto Alegre se apresentará mais uma vez, num momento inesperado e triste para todos. Os colegas farão a última homenagem a Cláudio Rogério Gowert, 55 anos, morto durante assalto na Zona Norte. Avô coruja, pai de duas filhas e casado há três décadas, o empresário teve a vida abreviada durante roubo de veículo no bairro Anchieta.  

Natural de Pedro Osório, no sul do Estado, Cláudio vivia em Porto Alegre há mais de 30 anos. Casado, tornou-se pai de duas filhas e mais recente avô de um menino. Vivia com a família no bairro Humaitá, também na Zona Norte, e era dono de uma empresa de telecomunicação. Estava trabalhando na manhã de quinta-feira, quando foi abordado por dois criminosos, que tentavam roubar seu carro, e acabou morto com um tiro na nuca.  

A tragédia desestabilizou a família, amigos e a Comunidade Luterana Cristo da Capital, da qual ele fazia parte há 20 anos. Além de frequentar os cultos, todas as semanas, Cláudio participava dos ensaios do coral. Integrava também o Coro Masculino 25 de Julho, com o qual chegou a viajar para a Alemanha em 2017.  

Entre os sonhos do empresário, segundo a família, estava o de voltar a visitar a Alemanha. Quando retornou da Europa, comentou diversas vezes sobre a sensação de segurança que encontrou lá. Em Porto Alegre, tinha medo da violência, da qual acabou vítima. 

— Sempre falava da violência, que lá fora era bem diferente, que gostou muito. E incentivava as filhas a irem também. O sonho dele era ir de novo – recorda o primo Joel da Cunha Gowert, 53 anos.  

Desde que se mudou para Porto Alegre, em 1992, Joel convivia quase que diariamente com Cláudio. As famílias costumavam se visitar e fazer churrasco juntas. Na manhã de quinta-feira, telefonou para o primo e combinaram detalhes de um serviço que realizariam na próxima semana – os dois atuam no mesmo ramo. Antes de desligar, Cláudio disse que estava chegando no cliente. Era o local onde acabaria morto.  

—  Amigo de todas as horas, boas e ruins, sempre. É muito triste perder alguém assim. A gente sabe que acontece, mas quando bate na tua porta é difícil. É inexplicável. Tenho quase certeza que ele não reagiu. Era calmo. Muito família. Deixa a esposa, filhas, neto. Perderam o pilar da família — desabafa o primo.  

É inexplicável. Tenho quase certeza que ele não reagiu. Era calmo. Muito família. Deixa a esposa, filhas, neto. Perderam o pilar da família

JOEL GOWERT

Primo

O perfil prestativo de Cláudio era conhecido também na comunidade luterana da qual era integrante. O momento de despedida do empresário, com presença do coral que participava, será realizado na tarde desta sexta-feira no Cemitério Luterano. O pastor Ismar Pinz será um dos responsáveis por conduzir a cerimônia. 

— Ele sempre teve esse perfil de atuação dentro da comunidade. Sempre foi muito solícito,  prestativo, inclusive com a parte técnica do som, da transmissão ao vivo. Estava ali e ajudava. Um cara bastante tranquilo, brincalhão. Quando precisava, se coloca à disposição para ajudar. Chegou a participar da diretoria da comunidade — afirma.  

O caso atingiu a comunidade, que está perplexa, segundo o religioso. Na noite de quinta-feira, Cláudio deveria participar do ensaio do coral, justamente o dia no qual acabou vítima do crime. O grupo chegou a pensar em desistir do ensaio, pelo abalo. Mas optou por ensaiar dois hinos para serem entoados durante a cerimônia de sepultamento nesta tarde. O enterro está previsto para ser realizado às 15h.   

— É um sentimento de não acreditar no que aconteceu, nessa situação trágica e triste. É esse sentimento que atingiu boa parte da comunidade — diz o pastor.  

Investigação 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Local do crime no bairro Anchieta

Segundo a delegada Laura Lopes, da 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, uma testemunha do crime e outro prestador de serviços que estava no local do crime já foram ouvidos. O colega contou que chegou ao local antes de Claudio e que estava dentro da empresa no momento do crime. A polícia não quis detalhar o depoimento da testemunha para não atrapalhar o andamento das investigações.  

O que se sabe até o momento é que Claudio chegou ao local sozinho para fazer um atendimento em uma empresa. Ele estacionou o veículo, um Siena, e chegou a desembarcar uma escada que seria usada no serviço. Depois disso, ele retornou ao carro para buscar outras ferramentas. Foi neste momento que o crime aconteceu.  

Dois assaltantes abordaram o empresário, que foi atingido por um disparo de arma de fogo na nuca. A delegada acredita que Claudio tenha sido baleado do lado de fora do carro, mas o veículo dele será periciado. O Siena, que pertencia à empresa dele, foi levado pelos criminosos e abandonado logo depois, próximo do limite entre Porto Alegre e Alvorada.  

A polícia ainda tenta esclarecer o que motivou o criminoso a disparar contra a vítima. Não se sabe se chegou a haver luta corporal com os bandidos. Segundo a delegada, não foram obtidas imagens de câmeras do local do crime.  


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