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Silêncio, poucas pessoas nas ruas e escolas fechadas: como estão as regiões de Porto Alegre onde há conflito entre facções criminosas

GZH percorreu ruas, avenidas e becos das vila Cruzeiro e Buraco Quente e dos bairros Cascata e Medianeira, áreas com maior registro de ocorrências

06/04/2022 - 07h00min


Eduardo Matos
Eduardo Matos
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Escola Oscar Pereira, no bairro Cascata, está com aulas suspensas em razão da violência na região

O silêncio impera nas regiões de Porto Alegre onde a briga de facções criminosas se intensificou desde a metade do mês de março. GZH percorreu ruas, avenidas e becos das vilas Cruzeiro e Buraco Quente e dos bairros Cascata e Medianeira.

— Não entra, não entra — gritou um homem logo na entrada da Rua Francisco Martins, no bairro Cascata, quando a reportagem se aproximava.

Por volta de 15h, o homem era um dos poucos que estava na rua na região. Quem mora em áreas dominadas pela criminalidade não costuma quebrar o silêncio com temor de represália da facção dominante. Ferragens e bares estavam fechados na redondeza da Rua Francisco Martins. 

A Escola Estadual de Ensino Médio Professor Oscar Pereira também fechou as portas e deve reabrir somente na sexta-feira (8) em razão dos tiroteios na região. A tradicional cena de crianças nas ruas jogando bola durante a tarde não se via nas regiões percorridas pela reportagem.

Em nota, a Secretaria Estadual da Educação "informa que as ações para garantia da integridade e segurança dos alunos são de responsabilidade de toda a rede de ensino e são realizadas de forma articulada entre órgão central, coordenadorias regionais e escolas. As equipes diretivas das escolas, em articulação com as coordenadorias regionais, possuem autonomia para a analisar as necessidades pontuais de fechamento temporário de escolas por questão de segurança e contam com o apoio constante das demais estruturas do Estado".

O conflito entre facções criminosas já deixou 13 mortos e 20 feridos nos últimos 20 dias na Capital. A disputa está concentrada, principalmente, na zona sul da cidade. No entanto, se sabe que os tentáculos desses grupos se espalham pelo município e pela Grande Porto Alegre.

Na Vila Cruzeiro, também havia estabelecimentos comerciais fechados, mas a maioria estava aberto.

— Não tem um lugar aqui na região que a Brigada Militar não entre — disse um dos policiais militares responsáveis pela segurança na região.

Conforme a Secretaria Municipal da Educação (Smed), duas escolas estão com atividades parcialmente suspensas. A Chico Mendes, no bairro Mário Quintana, na Zona Norte, e José Loureiro da Silva, no bairro Cristal, na Zona Sul, estão com as aulas noturnas suspensas. De acordo com a Smed, o motivo do fechamento é o "toque de recolher e tiroteios intensos durante à noite".

"A Guarda Municipal está com o patrulhamento ostensivo nas zonas de risco e acompanhando a entrada e saída dos alunos. O controle de segurança e a definição das notificações pelas cores verde, amarelo, laranja e vermelho é realizado pela plataforma do Acesso Mais Seguro que é preenchida pelas escolas", diz a Smed em nota.

Essas escolas foram classificadas na cor vermelha, ou seja, que requer maior atenção em termos de segurança.

Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o novo secretário da Segurança Pública do RS, coronel Vanius Santarosa, negou que haja uma guerra entre facções em Porto Alegre. Segundo ele, há um conflito localizado que elevou momentaneamente o número de homicídios na região da Vila Cruzeiro e dos bairros Medianeira, Santa Tereza e Cascata.

Entre as medidas para conter os homicídios, Santarosa destacou o reforço do policiamento em áreas conflagradas pelo tráfico e a transferência para presídios federais, fora do Estado, de líderes das organizações criminosas.



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