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Buscas

Cão encontra vestígio que seria de casal que desapareceu em Cachoeirinha

Cachorra do Corpo de Bombeiros foi utilizada no trabalho, que ocorreu em Canoas e Parobé

18/05/2022 - 07h00min


Bruna Viesseri
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Divulgação / Polícia Civil
Cadela Guria é treinada para localizar pessoas mortas, enterradas ou não, e dá pistas ou sinaliza se há algo no local

Durante buscas ao casal Rubem Heger, 85 anos, e Marlene Heger Stafft, 53, que desapareceu em Cachoeirinha há quase três meses, um cão farejador encontrou um vestígio que pode ser das vítimas. Segundo o Corpo de Bombeiros, o cachorro indicou que sentiu um odor emitido por corpos em decomposição, na segunda-feira (16), dentro de um veículo que pertence a filha e ao neto de Rubem. Os dois foram indiciados pela polícia, na semana passada, suspeitos de terem assassinato o casal, que desapareceu em 27 de fevereiro. Filha e neto estão presos preventivamente desde o começo do mês.

Pelo tempo que se passou desde o desaparecimento, as equipes acreditam que o casal esteja morto. Para tentar localizar os corpos, equipes vasculharam, na segunda, locais onde as vítimas possam ter sido enterradas. A procura ocorreu em zonas de mata de Canoas e Parobé e na casa da filha de Rubem, Cláudia de Almeida Heger, 51, e do neto do idoso, Andrew Ribas Heger, 28, em Canoas.

Além de policiais e bombeiros, a cadela Guria participou das buscas.

— Na residência, o cão não deu nenhum sinal. Porém, quando o animal se aproximou do veículo, especialmente na região do porta-malas, ele começou a mudar o comportamento. Nós temos cães que buscam por pessoas vivas e os que procuram por restos mortais. A Guria, específicamente, foi treinada para identificar odores que indiquem corpos humanos em decomposição, pessoas falecidas, independente de quanto tenha se passado desde a morte — explica o tenente Marcelo Rodrigues, comandante do canil da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS) do Corpo de Bombeiros.

Dessa forma, os tutores acreditam que o animal tenha localizado gases resultantes de um corpo em óbito. O tenente explica que, caso o animal tivesse identificado um corpo, o sinal seria outro:

— Nossos animais são treinados para cavar ou latir quando localizam um corpo, mesmo que esteja enterrado embaixo da terra. Neste caso, ela mudou o comportamento, sinalizando o que pode ser um vestígio de que os corpos passaram por aquele local.

De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Anderson Spier, a sinalização do animal reforça uma suspeita da polícia.

— Acreditamos que as duas vítimas foram retiradas de casa, em Cachoeirinha, dentro desse porta-malas. Encontramos sangue na residência do casal, o que indica que foram agredidos e possivelmente mortos ali mesmo, e depois carregados para o veículo. A filha do idoso havia removido todo o carpete do porta-malas recentemente, deixando apenas a lataria do carro naquela parte, então não temos esse tecido para periciar. Provavelmente, ela fez isso para ocultar qualquer vestígio — diz Spier.

O delegado afirma que mais buscas serão feitas apenas se surgirem novas pistas. Um dos pontos onde a procura ocorreu foi identificado pela polícia a partir de imagens de áreas de mata encontradas no celular do neto. Os vídeos foram gravados no fim do ano passado. Esse é um dos pontos da investigação que faz a polícia suspeitar que o crime possa ter sido premeditado.

As equipes aguardam ainda a conclusão de mais alguns laudos periciais, como o dos celulares dos dois presos, para incluir no inquérito, remetido à Justiça na semana passada.

Filha e neto foram indiciados

Arquivo Pessoal / Divulgação
Rubem e Marlene Heger foram vistos pela última vez em 27 de fevereiro

Na última sexta-feira (13), a Cláudia e seu filho Andrew foram indiciados pela Polícia Civil por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e dupla ocultação de cadáver. Os suspeitos estão presos preventivamente desde a última sexta-feira (6).

Eles foram os últimos a terem contato com o casal, após fazerem uma visita na casa dos dois em Cachoeirinha, segundo a investigação.

Segundo o indiciamento, o crime teria a motivação torpe como elemento qualificador. Os suspeitos teriam deixado os telefones celulares desligados no dia da ida à casa de Rubem e Marlene, e também colocaram película nos vidros do carro, o que seriam também indícios de premeditação do crime, afirma a polícia.

Conforme o delegado, também foram localizadas gravações de vídeos de matagais dentro dos celulares dos suspeitos. Após deixarem a casa de Marlene e Rubem, Cláudia e Andrew teriam partido para Canoas.

O advogado de defesa dos indiciados, Rodrigo Schmitt, se manifestou a respeito das buscas e emitiu uma nota. Confira a seguir:

"Quanto as buscas, a defesa ainda não teve acesso ao trabalho desenvolvido pela Polícia, mas a defesa fica abismada com tantas conclusões com base em imaginação. 

Imaginar que o cão farejador encontrou odor de corpo de vítimas no porta malas mais de dois meses depois de tal porta malas ter passado inclusive pelo luminol sem ter sido encontrada uma gota de sangue é algo inacreditável e mostra um empenho descomunal em tentar achar  uma resposta para a sociedade, para o sumiço do casal. 

Só falta daqui a pouco quererem dizer que o cachorro vai dar depoimento afirmando tal suposição. Seria risível, se não fosse trágica a situação. 

Com base em "achismos" como esse (e outros até piores), minha cliente está presa e já foi encaminhada ao Hospital Cristo Redentor e agora ao Hospital Vila Nova, pois como a defesa sempre disse, ela tem graves problemas de saúde, não tem como se tratar dentro dos estabelecimentos prisionais. 

Em relação ao filho dela, apenas recetemente estão abrindo o incidente de insanidade mental para avaliar e tratar o jovem preso.

A defesa espera poder tratar de algo efetivo e concreto para justificar a horrenda prisão que seus clientes estão submetidos e não meras elucubrações.

A defesa espera a conclusão das investigações com a máxima brevidade, para poder mostrar ao Judiciário e a toda a sociedade que não existe nada contra meus clientes e que eles não praticaram crime algum."


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