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Condenado por morte dos filhos e tentativa de feminicídio faz ameaças à ex-esposa de dentro da prisão

Ativista dos direitos das mulheres, Bárbara Penna ingressou com pedido de medida protetiva contra o ex-companheiro

25/05/2022 - 07h00min


Laura Becker
Laura Becker
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Robson da Silveira / Divulgação
No início do mês de maio, Bárbara foi até a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) denunciar as ameaças

 Quatro anos após a condenação de ex-marido João Guatimozin Moojen Neto a 28 anos de prisão pela morte dos dois filhos e pela tentativa de feminicídio contra ela, a ativista dos direitos das mulheres Bárbara Penna ainda convive com o medo de uma ação do homem. De dentro da Penitência Estadual de Charqueadas (PEC), Moojen Neto enviou ameaças à ex-mulher gravadas no interior da ala onde está preso.

GZH teve acesso aos dois vídeos que foram encaminhados à Bárbara por uma rede social. No primeiro, o condenado caminha sorrindo livremente pelo presídio. Já no segundo, ele diz “eu te amo” à ex-mulher.

Bárbara revela que as imagens foram enviadas por um perfil que, inicialmente, tinha uma conversa amigável e não aparentava ter relação com o ex-marido. Mas, logo em seguida, encaminhou o material.

— Quando eu vi aquilo, fiquei apavorada. Mal conseguia pensar direito, mas consegui gravar o vídeo para fazer a denúncia — contou.

Penna, que chegou a ocupar uma vaga como suplente na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, acabou bloqueando o perfil e depois, ao tentar localizá-lo para apresentar à polícia, não o encontrou mais na rede social. Com os vídeos gravados, a ativista foi até a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e solicitou uma medida protetiva contra Moojen Neto.

— Eu fiz a denúncia, mas sigo com medo. A Lei Maria da Penha é muito importante, mas é falha. Sei que ninguém vai me proteger, mas denunciei ele para as autoridades estarem cientes do que acontece — desabafou Bárbara.

O registro na Polícia Civil foi feito no dia 9 de maio e, conforme a delegada Cristiane Ramos, titular da 1ª Deam, o caso foi comunicado à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

— Infelizmente, esse tipo de situação não é incomum de atender. Muitas mulheres recebem ameaças de ex-companheiros de dentro de prisões, seja diretamente contra ela ou por outros motivos — afirmou.

No entanto, a delegada reforçou que a denúncia precisa acontecer, mesmo que o criminoso já esteja na cadeia. Pois, segundo ela, os pedidos de medidas protetivas são um reforço para que ele não deixe a prisão antes do cumprimento total da pena.

A pedido da Justiça, a Susepe confirmou, por meio de nota, que foi realizado o cumprimento de um mandado de busca e apreensão nas celas da PEC no dia 11. Além disso, o “apenado suspeito de manipular equipamentos eletrônicos na unidade prisional foi colocado em isolamento”.

A nota da Superintendência afirma também que, no dia seguinte, realizaram nova revista na cela de Moojen Neto, mas nada ilícito foi encontrado. No dia 13, o apenado foi transferido para a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), estabelecimento que possui bloqueador de celular.

Quanto ao uso de aparelhos celulares dentro das penitenciárias, a Susepe ressaltou “que realiza revistas periódicas em busca de apreensão de ilícitos. Além disso, com o recurso do projeto Avançar, está sendo realizada a instalação dos bloqueadores de celular nas unidades prisionais de alta periculosidade.”

A Defensoria Pública, que defende Moojen Neto, informou que foi comunicada sobre a possível ocorrência e está verificando os fatos. No entanto, somente se manifestará nos autos do processo.


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