Polícia



Vale do Sinos

Após confrontos, mortes e roubos, polícia intensifica investigações e reforça policiamento em Novo Hamburgo

Aconteceram vários ataques, que deixaram pelo menos oito pessoas mortas e outras nove feridas, desde o último sábado 

12/08/2022 - 10h18min

Atualizada em: 12/08/2022 - 10h19min


Cid Martins
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Brigada Militar / Divulgação
Além das investigações, policiamento ostensivo foi reforçado por meio da Brigada Militar e Guarda Municipal

Desde o último sábado, quando ataques que acontecem há algumas semanas se acirraram, Novo Hamburgo — e em especial o bairro Canudos — enfrenta uma disputa entre dois grupos criminosos: um da região e outro que tem base na Grande Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre. Até o momento, a polícia apurou que houve desavença entre integrantes da facção criminosa do Vale do Sinos e alguns buscaram apoio com rivais da Capital.

Com isso, desde sábado (6), somente esse grupo da Capital fez pelo menos quatro ataques no município do Vale do Sinos, resultando em seis mortos e oito feridos, sem contar os casos ligados a confrontos com a polícia. O atentado mais recente aconteceu na terça-feira (9), quando dois homens invadiram um bar e mataram três pessoas, ferindo outras duas. Além disso, alguns roubos em Novo Hamburgo estão sendo registrados e a polícia não descarta ligação com as facções. 

Em resposta a essa onda de criminalidade, os órgãos de segurança se uniram e intensificaram as ações, reforçando o policiamento nas áreas conflagradas. Na noite de quarta-feira (10), foram registrados os primeiros confrontos entre agentes e criminosos. Assaltantes revidaram à abordagem da Brigada Militar (BM) após roubo a oito vítimas em Novo Hamburgo e acabaram mortos. 

Além disso, um policial foi baleado, no bairro Canudos, em outra ação. Neste caso, estava sendo investigado o tráfico de drogas em um condomínio. Segundo a polícia, o agente passa bem após cirurgia. Dois criminosos foram presos, mas o autor dos tiros ainda não foi localizado.

Somando os confrontos entre os criminosos e a polícia, são oito mortos e outros nove baleados. 

Os ataques

Um dos ataques que a polícia acredita ser uma retaliação relacionada a essa vingança entre os grupos aconteceu no fim de semana, quando um criminoso atirou em várias pessoas em uma casa abandonada. O local seria um ponto de consumo de drogas vendidas pela facção que tem base no Vale do Sinos. O resultado foi uma pessoa morta e cinco feridas.

No final de semana, ainda houve mais uma ação que a polícia aponta como sendo de integrantes da organização criminosa da Capital em Novo Hamburgo. O ataque resultou em mais duas mortes e mais pessoas feridas. 

Houve também, em Novo Hamburgo, o caso do motorista de aplicativo que foi baleado no domingo (7) no bairro Jardim Mauá. Esse crime não teria ligação com a disputa entra as facções e a 3ª Delegacia de Polícia da cidade investiga como tentativa de roubo. 

Na última terça-feira (9), dois homens encapuzados invadiram um bar no bairro Canudos e atiraram em cinco pessoas. Eles mataram o dono do local e mais dois homens, ferindo um casal.

Já sobre o policial baleado na noite de quarta-feira (10), o delegado Alencar Carraro, do Departamento de investigações do Narcotráfico (Denarc), diz que os agentes estavam em duas equipes monitorando o tráfico de drogas em um condomínio no bairro Canudos. Denúncias foram recebidas sobre expulsão e ameaça a moradores, além da venda de entorpecentes. Carraro diz que um homem, ao perceber a ação, atirou várias vezes contra as equipes. Um agente foi baleado no abdômen e em uma das pernas. 

— Apesar deste fato, as ações vão continuar contra o tráfico no local e para coibir estes ataques entre as facções rivais — diz Carraro.

O delegado Cassiano Cabral, do Departamento de Homicídios, diz que as investigações sobre todos os assassinatos estão avançadas e os grupos identificados, mas ele não pode revelar mais detalhes para não prejudicar a apuração. Confirma a versão de que estaria ocorrendo uma vingança de membros de um dos grupos que buscou apoio em outro, além da disputa por territórios do tráfico. Este motivo se acirrou depois da desavença e a polícia afirma que são os mesmos grupos que se envolveram numa guerra no início do ano em Porto Alegre, deixando mais de 20 pessoas mortas.  

Brigada Militar / Divulgação
Policiais militares planejando ações em Novo Hamburgo dentro da chamada "Operação Aliados"

Policiamento reforçado

Para a BM, o mês de agosto está sendo atípico em Novo Hamburgo em relação à criminalidade. O município, conforme a Brigada, vinha tendo índices em redução no ano, chegando a ficar 70 dias sem homicídios. Para coibir os crimes, foram iniciadas ações integradas: BM, Polícia Civil e Guarda Municipal, com reforço no policiamento. 

O trabalho intensivo desta semana, após reunião convocada pela prefeita Fátima Daudt, está sendo chamado de Operação Aliados. Essa ação, por exemplo, impediu a continuidade de uma série de roubos na quarta-feira após a abordagem a uma dupla de assaltantes, que acabaram mortos, entre os bairros Rio Branco e Ideal. 

O comandante da corporação no município, tenente-coronel Cilon Freitas da Silva, ressalta que nunca se comemora uma morte, mas que o confronto foi inevitável pelo fato de os ladrões revidarem à abordagem. Segundo ele, as ações irão continuar.

— Estamos agindo de forma integrada para restabelecer a ordem e a tranquilidade aos moradores. Não apenas em relação ao tráfico, mas também em relação aos roubos, por exemplo, a pedestres, ao comércio e a motoristas de aplicativo, coletivos e taxistas — diz.

Sobre os roubos em geral, as delegacias distritais de Novo Hamburgo estão apurando os fatos. Os assassinatos são apurados pelo Departamento de Homicídios e o tráfico é investigado pelo Denarc. A BM e a Guarda Municipal realizam o patrulhamento ostensivo. 


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