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Zona leste

Assaltante morto a tiros pela BM estaria tentando cometer sequestro relâmpago, aponta investigação

Aos 60 anos, preso em regime domiciliar abordou, armado, três pessoas e não conseguiu efetuar nenhum roubo

07/08/2022 - 13h30min


Roger Silva
Roger Silva
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Um dos tiros disparados pelo brigadiano acertou o vidro traseiro do carro que Gilmar tentava roubar

O assaltante morto a tiros pela Brigada Militar, na última terça-feira (2), na Capital, estaria tentando praticar um sequestro relâmpago. É para essa hipótese que apontam os depoimentos colhidos pela Delegacia de Pronto Atendimento de Porto Alegre. Esse tipo de ação, inclusive, foi um dos crimes que levou Gilmar Cardoso, 60 anos, a cumprir pena no regime domiciliar.

Mesmo armado, ele não obteve êxito em nenhuma das três investidas na ocasião — entrou em confronto físico ou foi neutralizado pelos donos dos veículos até ser encurralado pela viatura da BM. O laudo do Instituto Geral de Perícia (IGP) deve definir se havia alguma substância no organismo do assaltante que possa ter influenciado a capacidade mental e motora do criminoso no momento em que ele ameaçava os motoristas, e deve ser a última informação a ser confirmada antes da conclusão do inquérito.

A primeira de três abordagens de Gilmar, segundo investigação conduzida pelo titular da 14ª Delegacia de Polícia da Capital, delegado Leandro Lisardo, foi a uma cliente de um supermercado na esquina da Avenida Protásio Alves com a Rua Doutor Rodrigues Alves, no bairro Alto Petrópolis. A mulher aceitou entregar o carro em que estava e a bolsa, porém reagiu quando o assaltante ordenou que ela seguisse viagem com ele dentro do veículo.

— Houve uma disputa pela arma, ela entrou em confronto físico com o bandido, mas não conseguiu desarmá-lo. A intervenção dos seguranças do mercado fez com que ele entrasse em fuga a pé, e a polícia foi avisada. Ainda assim, ele teve calma para sair do local — comenta o delegado.

O ataque seguinte, nada discreto, foi a um motociclista. Segundo testemunhas, o assaltante estaria gritando e dando tiros para cima, no intuito de intimidar as vítimas. Novamente sem conseguir o veículo, seguiu caminhando pela Rua José Matias Bins, paralela à Protásio Alves, em direção à Avenida General Barreto Viana.

Na esquina entre as vias, fez um Crossfox parar e entrou no banco do carona. O motorista do carro era o engenheiro Jerônimo Lademan, que não precisou obedecer ao pedido de Gilmar, porque uma viatura da Brigada Militar se aproximou.

— O bandido apontou a arma para mim. Estava sentado no banco do carona, e quando olhei pra frente vi a polícia. Deu tempo de pensar na família. Cheguei a falar para ele que eu tenho filho, que faria tudo que ele pedisse — lembrou Jerônimo em entrevista à Rádio Gaúcha, minutos depois de sair do próprio carro enquanto o criminoso era alvejado por policiais militares.

— Havia o temor de que o assaltante disparasse dentro do automóvel. Por estar colocando em risco a vida de um terceiro e não obedecer ao comando da Brigada Militar, os disparos foram feitos como legítima defesa a um cidadão que era feito de refém — explica o delegado Lisardo.

O titular da 14ª DP ressalta que os cinco depoimentos até agora colhidos apresentam complementos da mesma versão dos fatos. Além das vítimas e testemunhas, imagens de câmeras foram inseridas no inquérito e corroboram os relatos. A hipótese é de que Gilmar estaria tentando, inicialmente, obter alguma quantia de dinheiro ou até mesmo o veículo de sua primeira vítima. O fracasso do criminoso se deu, acredita Lisardo,  por conta da ação dos seguranças do mercado quando houve princípio de combate físico entre eles.

- A orientação que temos é a não reação. A tentativa pode dar certo ou não, mas não reagir é sempre a melhor opção - alerta o delegado.


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