Notícias



Joinville

Polícia Civil indicia pastor por abuso sexual dentro de igreja em Santa Catarina

Homem admitiu que levou fiel para sala separada, mas disse à polícia que estava "possuído"

05/05/2016 - 11h58min

Atualizada em: 05/05/2016 - 13h54min


Leandro S. Junges
Enviar E-mail

A Polícia Civil de Joinville, em Santa Catarina, concluiu esta semana um inquérito que investigava o abuso sexual cometido no fim do ano passado dentro de uma igreja na Zona Norte de Joinville. O acusado é o próprio pastor da congregação.

No depoimento feito à polícia, a vítima, uma mulher de 30 anos, disse que foi abordada pelo pastor logo na primeira vez que foi ao culto. Ele pediu a ela que voltasse no dia seguinte, à noite, para "orar" com ele.

Ela voltou por volta das 19 horas com a irmã e o cunhado, mas os dois ficaram no templo ouvindo as músicas enquanto ela foi levada para uma salinha separada.

Leia mais
O que as mulheres dizem sobre abuso sexual no transporte público
Preso suspeito de abusar sexualmente de duas crianças e um adolescente em Viamão

Durante a oração, o pastor deitou a mulher no chão e começou a passar a mão sobre o corpo dela, principalmente nas partes íntimas. A mulher disse à polícia que ficou paralisada e que a sessão durou entre 30 e 40 minutos.

Ela procurou a delegada Tânia Harada, titular da Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Idoso de Joinville e fez um boletim de ocorrência por estupro. Também gravou uma conversa em que dizia ao pastor que estava muito constrangida com tudo o que aconteceu e não entendia o porquê de ele ter tocado no corpo dela daquele jeito.

As gravações fazem parte do inquérito e nelas o homem assume o abuso, mas diz que era preciso tocar no corpo para tirar uma "pomba gira" que havia se apossado dela. Ao ser interrogado pela delegada, o pastor primeiro disse que não lembrava de nada e que não havia abusado de nenhuma fiel. Mas, ao ser confrontado com a gravação, ele admitiu que houve o abuso, mas justificou dizendo que estava possuído.

Leia outras notícias do dia

A delegada vai indiciar o pastor por posse sexual mediante fraude e não estupro. Um dos requisitos para que o crime fosse tipificado como estupro era haver violência ou grave ameaça, o que não foi o caso. O crime de posse sexual mediante fraude também é conhecido no meio jurídico como "estelionato sexual" e está descrito no Código Penal no artigo 215. Porém, a delegada tem indícios de que outras pessoas foram vítimas e podem procurar à Polícia nos próximos dias.

Leia mais
Facebook exclui página de investigado por abusar das filhas
Atriz que denunciou abuso sexual na indústria pornográfica é encontrada morta

No começo da tarde desta quarta-feira, o pastor disse à reportagem que errou e que pediu perdão à mulher:

– A igreja não tem nada a ver com isso. O que houve, na verdade, é que eu não estou negando nada. Eu errei. Eu pedi perdão pra ela, tudo. Na verdade, eu não tenho nem como mentir. Eu sou um religioso e não posso mentir. Houve aquele abuso porque ela se bateu, eu fui segurar ela. Mas, eu vou fazer o quê? Quando há um erro, a gente tem de pagar pelo erro.

O pastor disse que não tem advogado, nem vai contar com a igreja para pagar sua defesa. Ele disse que agiu em seu nome e fez questão de dizer que o fato não tem relação nenhuma com a congregação.

– Vou ficar numa situação pior. Não tenho nem um carro para vender e pagar um advogado. Já pedi perdão a ela. Mas ela não entendeu. Agora, não sei o que vou fazer – lamenta.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias