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Alvorada 

Alvorada: lixo não é recolhido das ruas há mais de uma semana

Prefeitura e empresa terceirizada prometem normalizar a situação nos próximos dias

19/01/2017 - 07h00min

Atualizada em: 19/01/2017 - 07h01min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Lixo está sendo empilhada nas esquinas no Jardim Algarve

Depois da época natalina, uma nova decoração tomou conta de postes, árvores e cercas das ruas de Alvorada, na Grande Porto Alegre: sacos de lixo e entulhos estão sendo empilhados pelos moradores de forma improvisada à espera dos caminhões. Sem recolhimento regular de lixo há mais de dez dias, a cidade de quase 200 mil habitantes ganhou novos moradores indesejados, como as moscas e as baratas atraídas pelo mau cheiro que já se espalha pelas ruas.

Nem duas das principais entradas da cidade – na Rua 164, para quem chega pela Estrada Caminho do Meio, no Jardim Porto Verde, e na praça Padre Léo, para quem chega pela Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, no Centro de Alvorada – estão escapando do abandono. Mato e lixo se proliferam na mesma velocidade que insetos indesejados. Na manhã da quarta-feira, um grupo de taxistas varria e capinava um trecho da calçada da Avenida Getúlio Vargas, ao lado da praça Padre Léo, na tentativa de repaginar o visual da área antes frequentada por crianças e pelos clientes.
– Esta falta de limpeza está prejudicando o movimento. Quem vai cruzar por uma praça onde o mato e o lixaredo estão tomando conta? Vamos tentar dar uma organizada, mas a prefeitura precisa dar um jeito – reclamava o taxista José da Silva de Andrade, 60 anos, que pegou uma vassoura para varrer o mato capinado pelos colegas no meio-fio.

Ivonir tem 23 sacolas penduradas na árvore da casa da família

Promessa
O problema com o recolhimento de lixo em Alvorada não é novidade. Em 2015 e 2016, pelo menos quatro situações parecidas ocorreram por problemas com as empresas terceirizadas que realizam o serviço – desde falta de pagamento por parte da prefeitura até rescisão com a empresa por ela não cumprir o acordado em contrato. Desta vez, a administração municipal garante que a situação será resolvida até o próximo sábado.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que dois problemas prejudicaram o recolhimento de lixo desde o início deste ano. O primeiro foi a quebra de quatro dos sete caminhões da Ecopav, terceirizada responsável pelo serviço, o que impediu o trabalho completo nos primeiros dias de 2017. Os veículos estão em finalização de conserto e deverão voltar às ruas ainda nesta semana. O segundo problema foi a paralisação dos funcionários da empresa por falta de pagamento do salário deste mês. A prefeitura admite que havia um saldo devedor com a Ecopav de R$ 730 mil, acumulados da gestão anterior.

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Na quarta-feira, o prefeito José Arno Appolo do Amaral (PMDB) pagou R$ 150 mil do total da dívida à terceirizada. Como a folha de pagamento mensal da Ecopav é de R$ 130 mil, o valor será totalmente repassado para o pagamento dos cerca de cem funcionários responsáveis pelo recolhimento de lixo em Alvorada. Um novo cronograma de recolhimento nos bairros está sendo organizado e será divulgado nos próximos dias. Sobre a praça na área central, a prefeitura admite que o serviço é da Secretaria Municipal de Obras e a área deverá ser limpa em data ainda a ser definida.

Lixo se acumula também na principal avenida da cidade, na Avenida Getúlio Vargas

Enquanto a situação permanece em Alvorada quem sofre é a população. Na esquina das ruas Hermínio Machado com a Pedro Cláudio Monassa, no Jardim Algarve, o poste está servindo de cabide para as sacolas de lixo. É uma tentativa de evitar que os animais de rua estraçalhem os sacos plásticos. Moradores relatam que há mais de dez dias o recolhimento não é feito e o mau cheiro já dá as boas-vindas aos que ingressam no bairro.

Moradora há 26 anos da Rua Podalírio Baby Barcellos, também no Algarve, a costureira Ivonir Oliveira da Rosa, 65 anos, transformou em lixeira a mesma árvore que em dezembro recebeu piscas-piscas para o Natal. Ontem, 23 sacolas repletas de resíduos orgânicos e recicláveis da famílias amontoavam-se na árvore de Ivonir.
– As moscas e o fedor não estão nos deixando parar quietos. Pago impostos em dia para não ter mais prazer de ficar na frente de casa com os meus netos. É um absurdo! – resumiu.



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