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O Diário Gaúcho te ajuda a entender qual a real ameaça nuclear da Rússia

O colunista de assuntos internacionais de ZH, Rodrigo Lopes, explica a ameaça russa de usar armas nucleares na Ucrânia. 

23/09/2022 - 05h00min

Atualizada em: 23/09/2022 - 05h00min


Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes
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OLGA MALTSEVA / AFP
Rússia anunciou a convocação de mais 300 mil reservistas para a guerra

Por que a Rússia está ameaçando usar armas nucleares?
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. Lá se vão quase sete meses, e o país não alcançou seus objetivos de derrubar o governo liderado pelo presidente Volodimir Zelensky ou, pelo menos, ocupar completamente regiões onde vivem populações que, em sua maioria, falam russo – as províncias de Donetsk e Luhansk. O governo Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, argumentando que a ação era para proteger essas pessoas. Mas a Ucrânia, com ajuda dos Estados Unidos e de vários países da Europa, que enviam armas, tem não só resistido como empurrado as tropas russas de volta a seu país. Acredita-se que Putin, ao sentir que está perdendo a guerra no campo de batalha, resolveu dobrar a aposta, ameaçando usar armas nucleares.

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O que a Rússia quer?
A invasão da Ucrânia tem motivações políticas e estratégicas que envolvem uma disputa entre grandes potências – Estados Unidos e Rússia. No fundo, a Ucrânia é só a bola da vez. A Ucrânia, que pertencia à antiga União Soviética, se tornou independente em 1991, quando esse imenso país deixou de existir. De lá para cá, teve vários presidentes, que ora se aproximavam dos Estados Unidos, ora buscavam relações com a Rússia. Desde 2014, o governo ucraniano vem se alinhando mais aos americanos e europeus, inclusive tentando entrar na Otan, uma aliança militar que reúne várias nações do Ocidente. Putin, o presidente da Rússia, vê isso como uma ameaça a seu país porque, uma vez na Otan, a Ucrânia poderia ter em seu território bases militares e abrigar armas muito próximas a sua fronteira. A Rússia quer não apenas garantias de que a Ucrânia não entrará na Otan como também criar uma área de proteção entre suas fronteiras e os países do Ocidente, uma espécie de colchão para deixá-los mais distantes.

AFP PHOTO / KREMLIN.RU
Putin garante que não está blefando

É possível, mesmo, que Putin lance armas nucleares?
É possível, porém, muito difícil. Usar armas nucleares significaria superar todos os limites das relações entre os países, porque implicaria a morte instantânea de milhares de pessoas inocentes. Ameaçar usá-las é uma espécie de barganha que Putin faz, porque deixa no ar a dúvida _ e o medo. Com a ameaça, ele tenta fazer com que os Estados Unidos e a Europa parem de ajudar a Ucrânia – e, consequentemente, ele teria mais vantagens no campo de batalha. Durante a Guerra Fria, entre 1945 e 1991, o mundo viveu permanentemente sob a ameaça de que Estados Unidos e União Soviética se atacassem com arsenal desse tipo.

O que ocorre se a Rússia disparar armas nucleares?
Não se sabe. A única vez que um país utilizou armas nucleares contra outro foi em 1945, quando os Estados Unidos jogaram bombas atômicas contra Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Mais de 110 mil pessoas morreram no ataque e outras em decorrência dos efeitos, ao longo de anos. Todo um arranjo de regras foi construído nas últimas décadas para que a relação entre os países seja harmoniosa – e não se repita aquele horror. Mas a guerra também sempre foi algo presente na história da humanidade. Um dos riscos de a Rússia usar arma nuclear é o fato de que a resposta também será nuclear – e aí haverá aniquilação de populações e uma Terceira Guerra Mundial.

Há como pressionar Putin a desistir?
Sim. Nessas horas de tensão, entram em ação os líderes de outros países, que não têm interesse que a guerra se acentue. É o caso da China, que, embora aliada da Rússia, está preocupada com o fato de o conflito atrapalhar seus negócios e a economia mundial. O governo chinês tem forte influência sobre a Rússia e pode pressionar Putin a desistir. Também é possível que novas sanções econômicas sejam aplicadas por parte dos Estados Unidos, como a proibição de que empresas russas façam negócios com companhias do Ocidente. Isso, no entanto, já está ocorrendo há muito tempo, mas não está funcionando.




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