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Calorão

"As pessoas estão passando mal": passageiros reclamam da falta de ar-condicionado nos ônibus de Porto Alegre

Equipamentos estão desligados desde o início de 2020 e prefeitura diz que avalia a viabilidade técnica e econômica para retomar a refrigeração

12/12/2022 - 22h03min


Guilherme Milman
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André Ávila / Agencia RBS
Chuva na tarde desta segunda-feira (12) ajudou a enfrentar o calorão dentro do transporte público

O retorno do funcionamento do ar-condicionado nos ônibus de Porto Alegre tem sido cada vez mais um desejo dos passageiros que circulam pela capital gaúcha. Os aparelhos estão desligados desde o início da pandemia, em março de 2020. Durante esse período, a prefeitura determina que as janelas precisam ficar abertas, para aumentar a circulação do ar e evitar a propagação da covid-19.

No entanto, o ambiente arejado não é o suficiente para refrescar quem se desloca com transporte coletivo nos dias mais quentes, como esta segunda-feira (12). De outubro pra cá, as temperaturas têm se elevado, tendência que deve se manter ao longo do verão. 

A reportagem de GZH circulou por duas linhas de ônibus na tarde desta segunda-feira com a presença de um termômetro. Às 15h, a parte interna do T1, que liga a zona norte com o centro de Porto Alegre, marcava 32,3°C. O supervisor Marcos Postale, 76 anos, sentou em uma das poltronas vazias e logo reclamou do calor. 

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— Eu caminho bastante, tenho 76 anos, ainda trabalho e fico no sufoco. Aí tu entras no ônibus quente como esse, sem um ar para refrescar, fica muito, muito difícil — desabafa. 

Um dos principais dilemas enfrentados pela prefeitura é o de garantir o funcionamento dos aparelhos sem que comprometa a saúde, principalmente de pessoas mais velhas ou de risco para contrair doenças respiratórias. 

Para a confeiteira Pamella Corrêa Frazão, 29 anos, a solução poderia ser uma fresta aberta nas janelas mesmo com o ar-condicionado funcionando. 

— Abrir um pouquinho das janelas mesmo com o ar ligado seria perfeito para o ar circular, ninguém vai morrer por conta disso. Essa seria a melhor solução para todos os ônibus, pois as pessoas estão passando mal — opina. 

Algumas pessoas acreditam que o problema vai além da questão sanitária. A professora aposentada Catiucia Souza dos Santos, 44 anos, que já foi funcionária da Carris, coloca que muitos aparelhos já não eram ligados antes de 2020. 

— Acredito que vai demorar para religar porque eles (ares-condicionados) muitas vezes apresentam problemas mecânicos. Mas é complicado para o passageiro que vem de casa com o ônibus lotado, um calor às vezes de 40ºC, a tripulação também sofre bastante. Então essa situação tem que ser resolvida urgentemente — exclama. 

Ao longo da tarde, com a chegada da chuva, as temperaturas começaram a cair. No entanto, o termômetro marcou 27,8°C dentro de um ônibus T7, que faz uma linha que deixa a Zona Norte em direção à área central. Ocupantes preferiram manter as janelas abertas, apesar dos pingos de chuva molharem quem estava sentado. 

— Estou pegando chuva na minha perna e na mochila, mas mesmo assim eu prefiro deixar um pouco aberto, porque senão fica muito abafado — conta o estudante Michael Konrad Scharosim, 24 anos. 

Manter os veículos do transporte público refrigerados também pode impactar as finanças do município. As empresas de ônibus calculam um aumento entre R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês no custo do transporte, valor que deve ser ressarcido pelos cofres públicos.  O reajuste da tarifa voltará a ser discutido a partir de fevereiro. 

O que diz a prefeitura

Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana não dá prazo para para resolver o impasse. No início do trimestre, havia a expectativa de religar os aparelhos de refrigeração ainda em 2022. Segundo a pasta, "a equipe técnica da prefeitura está fazendo a análise técnica e financeira para avaliar a liberação e dialogando internamente com a equipe de saúde."

Confira a nota na íntegra: 

"Todos os serviços são revisados em janeiro com vigência prevista de fevereiro até janeiro do ano seguinte. Quando foi feita a análise que manteve a passagem em R$ 4,80 com um subsídio de R$ 100 milhões, o Brasil estava sob forte efeito da pandemia e a orientação dos órgãos de saúde era de manter as janelas abertas e não ligar o ar condicionado, de modo a manter a constante renovação de ar no ambiente. 

A equipe técnica da prefeitura está fazendo a análise técnica e financeira para avaliar a liberação e dialogando internamente com a equipe de saúde."


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