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Contra covid-19

O que é a vacina bivalente, quem pode receber e onde se vacinar em Porto Alegre?

O público-alvo inicial do novo imunizante da Pfizer, que já começou a ser aplicado no RS, é idosos acima de 70 anos

27/02/2023 - 21h54min


Estadão Conteúdo
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Redação
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Porto Alegre pretende ampliar o público-alvo até a metade da semana

Iniciou nesta segunda-feira (27) a aplicação da vacina bivalente contra a covid-19 em Porto Alegre e outros municípios gaúchos. Aprovado em novembro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o novo imunizante da Pfizer, que promete uma proteção mais completa contra a covid-19, ainda não está disponível para todos os públicos. Tire suas dúvidas sobre o imunizante e a vacinação:

O que é a vacina bivalente?

A vacina bivalente é capaz de imunizar contra mais de uma versão do vírus de uma só vez. Para isso, é usada a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, está sendo usado o código da cepa original do coronavírus e o da variante Ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo. 

A infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Caroline Deutschendorf, destaca que a fórmula é a mesma da Pfizer que já estava sendo aplicada, mas com compostos adicionais que permitem aumentar a proteção.

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Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA são uma inovação na forma de fabricar imunizantes. O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organelas que, entre outras funções, sintetiza, proteínas dentro das células). A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, a proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis.

Assim, os anticorpos e linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Portanto, é possível imunizar uma pessoa sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético.

Por que é importante tomar a vacina bivalente?

A variante Ômicron do coronavírus é considerada mais contagiosa e já provocou ondas de infecções em várias partes do mundo. Em dezembro, o Estado apresentou crescimento no número de internações em leitos clínicos por causa de subvariantes da Ômicon. 

— Cada vez que tem uma nova variante, o sistema imunológico é driblado. Por isso se pensou em fazer uma nova vacina que contemplasse as cepas mais prevalentes da Ômicron. Essa foi a variante que mais teve infecções de pessoas que já tinham sido vacinadas ou que já tinham sido infectadas anteriormente — explica Caroline.

Quem pode tomar a vacina?

Neste primeiro momento, a orientação do Ministério da Saúde é para priorizar idosos acima de 70 anos, pessoas acima de 12 anos com imunossupressão, indígenas, residentes em instituições de longa permanência (ILPIs) e funcionários dessas instituições. 

Quem são os imunocomprometidos?

Pessoas com transplante de órgão sólido ou medula óssea; pessoas vivendo com HIV; pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas; pessoas que usam imunossupressores ou imunobiológicos; pessoas com doença renal crônica em hemodiálise; pacientes oncológicos que fizeram quimioterapia ou radioterapia nos últimos seis meses; pessoas com neoplasias hematológicas.

Quais grupos serão imunizados na sequência?

Após a conclusão da imunização do primeiro grupo prioritário, devem ser vacinados os idosos de 60 a 69 anos. No terceiro grupo estão as gestantes e puérperas (mulheres que acabaram de ter filho) e, em seguida, receberão a vacina bivalente os profissionais da saúde.

Como funciona a ampliação de público?

O fluxo de distribuição do novo imunizante será igual a organização feita com outras vacinas. A partir das orientações do Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde e os gestores municipais debatem sobre as necessidades de cada município. Assim, as doses são enviadas para as centrais regionais, que dividem entre as cidades, responsáveis por organizar como será a aplicação.

Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, o Rio Grande do Sul recebeu 97,2 mil doses no dia 18 de fevereiro. Tani afirma que a próxima leva está marcada para chegar nos próximos dias, mas que ainda não se sabe quantas o Estado deverá receber. 

— A ampliação de público é pactuada em reunião com os gestores municipais, levando em consideração as notas técnicas e as orientações do Ministério da Saúde. Distribuímos um quantitativo de vacinas e fica a critério do município como será a ampliação, mas sempre dentro daquilo que foi definido pelo MS — relata explica. 

Porto Alegre iniciou vacinando os residentes e funcionários em instituições de longa permanência (ILPIs). Nesta segunda-feira, iniciou a vacinação para pessoas acima de 90 anos e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a meta é ampliar o público para pessoas a partir dos 80 anos até quarta-feira (1º).

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Se não tomei todas as doses do ciclo vacinal, posso tomar a bivalente?

Se o indivíduo não recebeu dose alguma ou só uma dose da vacina monovalente, a recomendação é completar o esquema de duas doses de monovalente para, posteriormente, receber a dose de bivalente, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia. Aqueles que receberam duas ou três doses da monovalente estão aptos a receber a injeção de bivalente, desde que respeitado o intervalo mínimo de quatro meses entre as aplicações.

— A vacina bivalente só deve ser utilizada para reforço, não para esquema inicial da vacina — reforça Caroline.

A vacina bivalente pode causar efeitos adversos?

Da mesma forma que os imunizantes já disponíveis, a vacina bivalente também pode causar efeitos adversos. Segundo a infectologista, é comum que o local da vacina fique dolorido ou que a pessoa vacinada sinta febre ou dores musculares, por exemplo. Mas Caroline garante que não são efeitos preocupantes.

Onde posso me vacinar?

A vacina não está disponível em clínicas particulares de vacinação, apenas no Sistema Único de Saúde (SUS). Em Porto Alegre, há uma série de Unidades de Saúde aplicando o imunizante.

Atendimento até as 21h: unidades de saúde Assis Brasil, Campo da Tuca, Iapi, Clínica da Família Álvaro Difini, Clínica da Família José Mauro Ceratti Lopes, Belém Novo, Tristeza, São Carlos, Santa Marta, Modelo (a partir das 16h), Ramos, Morro Santana e Chácara da Fumaça.

Atendimento até as 17h: Santa Cecília, Panorama, Camaquã, Campo Novo, Nonoai, Moradas da Hípica, Glória, Nossa Sra. de Belém, Ipanema, Restinga, Lomba do Pinheiro, Sarandi, Ilha dos Marinheiros, Mato Sampaio, Parque dos Maias, Nossa Sra. Aparecida, Costa e Silva, Rubem Berta, Jardim Itu, Nova Brasília e Vila Ipiranga, além da Moab Caldas (até 19 horas) e Shopping João Pessoa (até 16 horas).

Vai ter vacina todo ano?

Não se sabe ainda como serão os esquemas vacinais no futuro. Por enquanto, as pessoas devem tomar a primeira e a segunda dose e mais duas doses de reforço. A bivalente só faz parte do esquema vacinal de quem está no grupo de risco e já está apto a receber o novo imunizante. Médicos e especialistas acreditam que, mesmo depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar o fim da pandemia, o SARS-Cov-2 continuará sendo endêmico. Ou seja, ainda haverão casos de infecção e a imunização seguirá sendo uma estratégia de proteção.

— Com o tempo, pode ser que a vacina contra covid-19 seja que nem a vacina da influenza, aplicada anualmente conforme novas vacinas chegam.  Neste momento, a bivalente é a vacina mais recente que temos contra a covid-19 — pontua a infectologista do HCPA.

*Produção: Yasmim Girardi


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