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"Era agora ou nunca", diz o novo Peão Farroupilha do RS

Aos 27 anos, Andrei Luiz Fonseca, morador de Entre-Ijuís, na Região das Missões, está à frente da nova gestão estadual de Peões

04/05/2023 - 15h10min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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Lucas Vieira e Débora Fabris Fotografias / Arquivo Pessoal
Andrei na apresentação artística

Há pouco mais de uma semana, o Rio Grande do Sul conta com novos Peões, Guris e Piás para representar a cultura e o campeirismo gaúcho. Eles formam a nova Gestão Estadual de Peões, que, junto à Gestão Estadual de Prendas, terá missões nobres até o próximo concurso, chamado de Entrevero Cultural de Peões: representar a cultura, as habilidades artísticas e campeiras e ajudar a levar o tradicionalismo a outros jovens do Estado. 

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O vencedor na categoria Peão foi Andrei Luiz Fonseca, 27 anos. Morador de Entre-Ijuís, na Região das Missões, ele representou o CTG Passo do Ijuí. 

– Comecei a participar de uma entidade tradicionalista aos 12 anos. A convite de um colega de escola, fui participar de um ensaio de invernada e gostei. No primeiro ensaio, já comecei a dançar, mesmo sendo tímido. Vi que era um local onde eu tinha possibilidade de aprender bastante e fazer novas amizades. Em 2010, depois de dois anos dançando, participei de um concurso de peões na fase interna – conta Andrei. 

Antes de chegar ao Entrevero, que envolve participantes de todo o Estado, Andrei precisou passar por um concurso em sua entidade. Depois, outro na sua Região Tradicionalista (RT), a 3ª, que envolve, segundo o Movimento Tradicionalista Gaúcho, 41 municípios. Segundo ele, foram cinco vezes concorrendo pela 3ª RT antes de passar para o estadual. 

– Ano passado tive a felicidade de ser o 1 º Peão da 3 ª Região Tradicionalista e, com isso, participei do Entrevero com limite de idade, aos 27 anos. Era agora ou nunca – conta o peão. 

Vários talentos 

O Entrevero ocorreu entre os dias 20 e 22 de abril, em Ijuí. Foram dias intensos. A sexta-feira (21) começou com prova escrita. Depois foram feitas as provas artísticas: era preciso cantar, declamar ou tocar um instrumento e apresentar uma dança de salão e uma tradicional. No sábado (22), foram realizadas as provas campeiras. 

– Acredito que a experiência, depois de alguns anos participando de eventos tradicionalistas, foi o que me deu uma segurança, e também as várias mãos que me auxiliaram – explica Andrei. 

O título foi entregue pelo seu antecessor, Eloir Wichinheski, e o troféu, pelo presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho ( MTG), Manoelito Savaris. 

– É a realização de um sonho, de um trabalho de anos que é feito por amor. Amor ao tradicionalismo, à cultura gaúcha e por tudo que ela nos proporciona de aprendizado. O meu legado hoje é deixar para novas gerações ou possibilitar que elas possam aprender aquilo que eu pude aprender e que foi importante para minha vida – afirma. 

Lucas Vieira e Débora Fabris Fotografias / Arquivo Pessoal
Peão na prova prática de demonstração de andaduras

Aproximação 

Além de dançar na invernada adulta pelo CTG, Andrei se manteve envolvido com outras atividades, como dar aula de dança para crianças. 

– Em 2016, comecei um trabalho voluntário junto de uma prenda, colega de invernada. Fomos nas escolas convidar as crianças porque o CTG não tinha invernada infantil e entendemos que elas são a base. Foi algo desafiador e rendeu muitos frutos. Atualmente, dou aulas para dois grupos no meu CTG, a invernada Dente de Leite, que são crianças de dois a cinco anos, e para a Pré-Mirim, que são de seis a 10 anos – conta o peão. 

Por esse contato com a dança, o evento que aguarda com maior expectativa é o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), que está previsto para novembro. Depois, há expectativa para receber o concurso na sua cidade, no próximo ano. 

Até o final da gestão, Andrei e os demais representantes irão participar de eventos do MTG, promover outros e dar palestras. Por isso, outra parte importante do trabalho é aproximar outros jovens do tradicionalismo: 

– A minha ideia é aproveitar todas as oportunidades para levar o pouco que eu sei da cultura gaúcha e do tradicionalismo para outras pessoas e incentivar a participação. Analisando o Entrevero, teve apenas nove peões concorrendo categoria de Peão Farroupilha. De 30 regiões poderíamos ter a felicidade de ter mais concorrentes. Então, a ideia é tentar fazer com que o pessoal queira estar envolvido no movimento gaúcho.

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