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Brique do DG

Feira proporciona geração de renda e amizades na zona sul de Porto Alegre

Roupas, artesanatos e plantas estão entre os produtos à venda na feira do Lami; especialistas dão dicas para quem quer comercializar neste formato

11/05/2023 - 13h44min


Jonathan Heckler / Agencia RBS
Maioria dos expositores é da região

No extremo sul de Porto Alegre, um evento ganha espaço aos domingos, das 10h às 18h: é a feira do Lami, que ocorre na Avenida Beira Rio, esquina com a Rua Nova Olinda. Entre os produtos, há itens de brechó, artesanato e plantas. A cada edição, em torno de 10 expositores participam. A maioria é da região.

Criada em 2018 e retomada em outubro de 2022 após uma pausa devido à pandemia, a feira busca possibilitar que pessoas de baixa renda consigam ganhar um dinheiro extra. Ao todo, são cerca de 39 expositores, que se revezam a cada fim de semana, segundo uma das organizadoras, a terapeuta holística Ana Paula Paulette Silva, 39 anos.

Ela e a dona de casa Maria Rita Soares Brito, 66 anos, também organizadora, notam que o evento se tornou a principal fonte de renda de quem participa. E uma característica é a solidariedade: quem tem gazebo — as tendas onde os produtos ficam expostos — divide com quem não tem.

União

O diferencial, em relação a outras feiras no município, está na "união", defende Paula:

— A feira não deixa de ser uma terapia em conjunto porque, com a pandemia, muitas pessoas, não são poucas, tiveram muitos problemas de depressão, de se sentir sozinhas, de não ter ninguém junto e a feira acabou ajudando até mesmo nesse sentido.

Os trabalhos e o calendário — em alguns casos, há feira aos sábados — são divulgados no Instagram @feiradolamirsoficial. E, para completar, artistas locais são chamados para se apresentar, de forma gratuita, próximo ao local, mesclando economia e cultura.

Inverno

A padronização dos gazebos e o desejo de que cada expositor tenha o seu são sonhos. Mas outro mais urgente se sobrepõe: encontrar um local para o inverno. 

— Na orla, é maravilhoso, mas é descoberto, não temos um local fechado. Nós estamos tentando, sim, correr atrás de alguém que ceda um lugar ou que possamos expor esporadicamente para o inverno. Mas é bem difícil — relata Paula.

Ela e Rita estão buscando até mesmo espaços fora do Lami. Conforme as organizadoras, a limitação é na renda, já que o grupo não tem condições de pagar. A falta de um lugar também é problema em dias de chuva, impedindo que a feira ocorra.

Presenças confirmadas

Jonathan Heckler / Agencia RBS
Nelci Teresinha do Nascimento Apolinário comercializa artesanatos em gesso e em MDF e bijuterias

"Refúgio" é como a Nelci Teresinha do Nascimento Apolinário, 55 anos, descreve a feira do Lami. Ela vende artesanatos em gesso e em MDF, além de bijuterias (é a @apoliarte_tere no Instagram).

— Eu vou para feira porque é ali que eu me sinto bem, eu converso com os colegas, damos risada — conta.

Nelci sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2019, que a fez ter dificuldades no braço direito. Por isso, ela teve de reaprender a pintar, agora com o esquerdo.

Embora seja pensionista, parte de sua renda vem da feira e ajuda na criação do neto. Ela tem um gazebo próprio, mas divide com quem precisa.

Uma dessas parceiras já foi Sílvia Lisamar da Rocha Dias (@mundoemvidro no Instagram), 47 anos, que hoje tem o próprio espaço. Ela vende terrários (que permitem a criação de plantas vivas em vidros, por exemplo), e kokedamas (arranjos de plantas aéreas).

— Além de me abrir portas, (a feira) proporciona que eu dê uma vida melhor para o meu filho, que eu consiga bancar as despesas semanais da minha casa — explica Sílvia, emocionada.

Ela também é cabeleireira, mas viu na feira uma forma de aumentar a renda e focar nos terrários.

Jonathan Heckler / Agencia RBS
Sílvia Lisamar da Rocha Dias faz terrários e kokedamas

Como ajudar

/// A feira do Lami busca parceiros que disponibilizem um local para o inverno
/// Inspiradas pela feira, as organizadoras Paula, Rita e Mara Chocho estão idealizando um projeto voltado a cultura, educação e esporte no Lami. Elas aceitam apoio de advogado voluntário para formalizar a iniciativa
/// Contato com Paula, pelo (51) 99648-3928

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Oportunidade

Coordenadora do Programa Gaúcho de Artesanato da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), Luciana Pêss destaca um dos pontos positivos das feiras para o público:

— É o contato direto com quem produz, sejam os artesãos, sejam os agricultores ou qualquer outro que esteja ali.

Para quem vende, é uma chance de comercializar sem ter intermediários. Como ressalta Daniela Santos Machado, articuladora de projetos de moda no Sebrae-RS, é um ambiente para empreendedores atraírem novos clientes e manterem os que já possuem.

Quero vender em feira, e agora? (Fonte: Luciana Pêss e Daniela Santos Machado)

/// Procure os responsáveis pela feira de seu interesse para saber quais são as regras
/// Para participar de feiras promovidas pela FGTAS, via edital, ou fazer a Carteira do Artesão, saiba mais em artesanatogaucho.rs.gov.br
/// Não desista: tente saber dos consumidores o que eles estão buscando
/// Prepare seu ambiente de modo que o produto seja o protagonista: invista na identidade visual
/// Faça conexão com outros empreendedores
/// Tenha presença online

Faz parte ou ajuda a organizar alguma feira no seu bairro? Venha nos contar essa história! Entre em contato pelo WhatsApp do Diário Gaúcho: (51) 99759-5693.

Produção: Isadora Garcia



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