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Representatividade 

Projeto distribui livros com temáticas afro-brasileira e indígena para instituições públicas de Educação Infantil

A iniciativa está atuando em 24 municípios gaúchos

11/07/2023 - 05h00min

Atualizada em: 11/07/2023 - 05h00min


André Ávila / Agencia RBS
Iniciativa entrega 1,9 mil exemplares de 50 títulos diferentes

Com o objetivo de estimular a leitura na infância e promover a representatividade, o projeto Nosso Cantinho da Leitura está distribuindo livros com temáticas afro-brasileira e indígena para instituições públicas de Educação Infantil. Desde o dia 6 de junho, a iniciativa entrega os 1,9 mil exemplares de 50 títulos diferentes em, pelo menos, 24 escolas gaúchas. Os livros são de autores como Sonia Rosa, Yaguarê Yamã, Heloisa Pires Lima, entre outros. 

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Viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto está sendo executado pela primeira vez e terá, como diz em seu próprio nome, um espaço em cada biblioteca que estiver presente. Para atender as cidades gaúchas, a iniciativa conta com o patrocínio da CMPC, uma empresa de celulose, cuja sede da indústria está localizada em Guaíba — município onde o projeto já realizou entregas em quatro escolas.

De acordo com a jornalista e produtora cultural Cristiane Ostermann, coordenadora do Nosso Cantinho da Leitura, a ideia da iniciativa surgiu ainda na pandemia:

— Quando participei de um curso sobre práticas antirracistas na infância para educadores, percebi o quanto oferecer uma literatura que considere a diversidade ainda é uma iniciativa individual do professor. Em função disso, pensei em criar um projeto que doasse um acervo de obras que considerassem as temáticas afro-brasileiras e indígenas para escolas públicas.

Ela completa dizendo:

— Queremos ajudar as escolas a cumprirem a legislação, principalmente com as leis 10.639 e 11.645, que preveem que esses temas sejam tratados ao longo dos anos com os alunos, e não apenas de forma pontual, que, muitas vezes, acaba colaborando com o preconceito, apresentando o indígena de forma caricata, por exemplo.

Hoje, conforme a coordenadora, as entregas ocorrem em Canguçu, Piratini, Pinheiro Machado e Candiota. Na semana passada, o projeto contemplou instituições de Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro, Cristal, Tapes, Charqueadas, São Jerônimo, Arroio dos Ratos, Minas do Leão, Mariana Pimentel e Camaquã. No total, serão 40 cantinhos do projeto espalhados pelo Estado.

Aos professores

A iniciativa também vai contar com formação online para professores dos municípios contemplados, além de conteúdos de contação de histórias gravados por autores de diversas regiões do Brasil. Os encontros ocorrem para que os professores possam conhecer, em detalhes, os títulos do acervo e a importância do tratamento desses temas. Na formação, os docentes têm acesso a sugestões de atividades para qualificar a experiência com seus alunos. O projeto propõe quem, por meio do conhecimento da diversidade, os alunos possam se sentir representados e tenham a convicção de que todos possam contar suas histórias.

— Os professores têm um poder muito grande ao escolher uma obra para ler para as crianças, considerando que determinadas histórias possuam protagonistas negros ou indígenas e a importância disso para os alunos. É desconstruir a ideia de que os heróis e príncipes são sempre brancos — comenta Cristiane.

Valorização das identidades

André Ávila / Agencia RBS
A equipe responsável pelo projeto é formada, majoritariamente, por pessoas negras

Cristiane conta que resolveu que esse projeto seria uma prática antirracista dela mesmo. Com isso, a coordenadora organizou uma equipe de pessoas negras, desde a assessoria e o design até a linha de frente da iniciativa. Dentre as professoras que auxiliam as ações, estão Sara da Silva Pereira, do Paraná, que fez a curadoria dos livros, e Joana Marques e Flávia Pereira, ambas do Acre, responsáveis pela formação aos professores.

— Acho que pessoas brancas e privilegiadas, que tiveram maiores oportunidades de estudo e que nunca sofreram preconceito por sua cor, como eu, devem fazer esse tipo de movimento, ampliar os horizontes além da nossa rede — considera Cristiane.

Para Flávia Pereira, professora que busca abordar as temáticas afro-brasileiras e indígenas em suas aulas, participar do projeto é motivo de alegria:

— Essas temáticas não costumam ter recursos para serem desenvolvidas, elas foram inseridas no contexto escolar tardiamente, então, acabam tendo pouca inserção no currículo e na formação de professores. O projeto vai proporcionar tudo isso, desde a formação dos professores das unidades escolares, que vão receber o Cantinho e a própria valorização das identidades negras e indígenas, até as nossas crianças. Estou contente e minha expectativa é muito grande.

Cidades atendidas pelo projeto

/// Arroio dos Ratos
/// Barra do Ribeiro
/// Cachoeira do Sul
/// Camaquã
/// Candiota
/// Canguçu
/// Charqueadas
/// Cristal
/// Eldorado do Sul
/// Encruzilhada do Sul
/// General Câmara
/// Guaíba
/// Lavras do Sul
/// Mariana Pimentel
/// Minas do Leão
/// Pântano Grande
/// Pinheiro Machado
/// Piratini
/// Rio Pardo
/// Santana da Boa Vista
/// São Francisco de Assis
/// São Gabriel
/// São Jerônimo
/// Tapes

/// Para conhecer o projeto, acesse no Instagram.

Produção: Leonardo Bender

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