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Após chuvas, árvore cai sobre casa e deixa desabrigados na Capital

Família, do bairro Mario Quintana, na Zona Norte, fez diversos pedidos para que o vegetal fosse retirado devido ao risco de queda

06/09/2023 - 17h15min

Atualizada em: 06/09/2023 - 17h16min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Josi Souza / Arquivo pessoal

Após uma série de pedidos de desligamento de fios de alta tensão feitos à CEEE Equatorial, necessários para o corte de árvores com risco de queda, a dona de casa Josi Souza, 62 anos, presenciou o desabamento de uma árvore de mais de 20 metros que destruiu por inteiro a casa de sua filha, Aline Souza Reis, 42 anos. As duas moram no mesmo terreno, na Estrada Martim Félix Berta, bairro Mario Quintana, zona norte de Porto Alegre

O desastre ocorreu na segunda-feira, por volta das 16h, após a passagem do ciclone que causou estragos em boa parte do Estado. Há cerca de 20 dias, Josi percebeu que as raízes de cinco eucaliptos estavam surgindo acima do solo, e que uma das árvores estava se inclinando para o lado da residência. 

– Esses eucaliptos já têm mais de 60 anos. Eles já estavam apresentando riscos de desabamento sobre quatro casas. Quando eu percebi que o caso era mais grave do que eu pensava, acionei todos os órgãos que eu podia – relata.

Desligamento da rede de energia

Foi quando decidiu entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, que visitou o local em 17 de agosto. Ao avaliar o estado das árvores, o órgão informou que estavam com alto risco de queda e recomendou que as famílias deixassem as residências. Então, Josi e Aline foram para casa de familiares. 

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Os bombeiros retornaram ao local no dia seguinte, 18 de agosto, solicitando a presença da CEEE Equatorial e da empresa terceirizada, contratada pela prefeitura, que presta serviço de poda. Foi constatado que, como os eucaliptos eram muito altos, atingiam os fios de alta tensão. Por isso, para que a poda fosse feita, a energia elétrica deveria ser desligada. 

– A CEEE esteve lá, mas não nos informaram nada. Falaram apenas com a terceirizada e foram embora. Depois, ficamos sabendo que os fios não puderam ser desligados porque começou a chover – conta.

No dia 21 de agosto, por volta das 16h, a CEEE Equatorial foi até o local novamente para fazer o desligamento da energia. Contudo, a empresa terceirizada vinculada à prefeitura, que havia chegado muito antes, só poderia permanecer até as 16h30min. Por isso, apenas alguns galhos foram cortados e não houve possibilidade de realizar o serviço completo.  

Diversas tentativas

Após a tentativa frustrada da poda das árvores, a moradora deu início a uma sequência de novos pedidos de desligamento de energia à empresa. Foram três solicitações feitas presencialmente e cerca de seis protocolos realizados por telefone. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Da casa, sobraram apenas destroços

Com dificuldades de ter sua demanda atendida, resolveu acionar a subprefeitura da região, pedindo ajuda. O órgão, então, buscou a comunicação da CEEE Equatorial. Na justificativa à dona de casa, a empresa informou que o desligamento poderia ser feito apenas após o retorno do técnico responsável, que 

estaria presente somente a partir do dia 8 de setembro. O funcionário informou ainda que o desligamento dos fios de alta tensão teria que ser feito de forma planejada, porque atingiria 3 mil clientes do entorno, e isso poderia “gerar multas” à empresa. 

– É uma situação absurda. Eles deixam as pessoas às vezes 15 dias sem luz. Aí, quando precisam desligar por um motivo completamente justificado, eles não desligam – desabafa.

Dos cinco eucaliptos, três caíram. Dois permanecem no local, ainda com risco de queda. A casa de Aline foi a única atingida. Ela morava com o filho, de 19 anos, e não quis dar entrevista pois “está muito abalada”, conforme informou sua mãe. 

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– Tem mais duas para cair, e podem matar pessoas, porque é um lugar muito movimentado, passam ônibus, carros, pedestres. É um movimento o dia inteiro e eles não estão ligando pra isso. Se minha filha e meu neto não tivessem saído de casa, poderiam estar mortos – lamenta Josi.

O que dizem os envolvidos

A prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos (SMSUrb), informou que as equipes estiveram, na segunda-feira, na Avenida Martin Felix Berta para a retirada da árvore, mas o serviço não foi executado devido ao contato do vegetal com a rede elétrica e ao não comparecimento da CEEE Equatorial para o desligamento da energia. Salienta ainda que, ontem, equipes estiveram no local, mas, “como o vegetal é de grande porte”, não havia previsão para a conclusão da retirada dos destroços.

A comunicação do Corpo de Bombeiros afirmou que todas às solicitações da moradora foram atendidas e disse ter orientado o isolamento do local para que acidentes fossem evitados.

Em resposta à reportagem, sobre os pedidos feitos anteriormente pela leitora, a CEEE Equatorial alegou não realizar a poda de árvores. Apontou também que, neste momento, “está alinhada com prefeitura e Corpo de Bombeiros, tendo realizado o desligamento programado da rede”.

Produção: Nikelly de Souza



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