Seu Problema É Nosso
Com festa na Capital, grupo Prato Feito das Ruas completa sete anos
Ação especial distribuiu aos assistidos pelo projeto marmitas e bolo de aniversário
Foi ao som de músicas dos anos 1980, com balões e muita animação, que o grupo Prato Feito das Ruas (PF das Ruas) comemorou sete anos de atividades. Na celebração, no sábado passado, embaixo do viaduto Imperatriz Leopoldina, no bairro Farroupilha, em Porto Alegre, a presença mais ilustre, claro, era a da solidariedade. Foi graças a ela que mais de 1,9 mil marmitas com galeto, maionese e risoto, além de 2 mil fatias de bolo com recheio de doce de leite e bombom, foram distribuídas na ação.
– Foi bem emocionante. Um evento para os assistidos, que comeram bem, repetiram, dançaram e se divertiram. E para nós, voluntários, que, neste tempo, perdemos pessoas especiais e tivemos altos e baixos – pontua Rose Carvalho, 49 anos, uma das fundadoras e a atual coordenadora do PF.
Balanço
Os altos e baixos citados por Rose são muitos. Alguns bastante desafiadores, como o impasse vivido quando o grupo correu o risco de perder o ponto em que realiza as ações semanais – em janeiro, o espaço foi concedido pela prefeitura à iniciativa privada:
– Chegamos a um acordo, mas foi, sem dúvida, o nosso maior desafio. Claro, houve outros, pois muitos vizinhos não concordam com o nosso trabalho. Então, temos que aprender a lidar.
A força para isso, destaca a coordenadora do PF, vem do retorno que os voluntários recebem das pessoas beneficiadas pela atividade do grupo. Famílias reestruturadas, pessoas fora das ruas e os agradecimentos e retornos imediatos:
– Teve um dia, nessa época (início deste ano), em que estávamos distribuindo as refeições que sobraram na rua e um senhor, idoso, olhou um voluntário e perguntou: “Tu é Jesus?”. Ao que nosso colega, alto e bem barbudo, respondeu que não e explicou quem era, esse senhor disse: “Eu estava com tanta fome, rezei tanto para Jesus, e tu apareceu”.
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Futuro
Apesar de promover o bem, expandir ações não é exatamente o plano do PF das Ruas. A ambição, diz Rose, é maior, quase um sonho.
– Vai ser uma enorme felicidade o dia em que não tiver ninguém mais na fila, precisando de nós. Porque significaria que todo mundo está de barriga cheia e com um emprego – explica.
Enquanto isso não acontece, o grupo segue. Todos os sábados, cedinho, embaixo do viaduto Imperatriz Leopoldina, entregando café da manhã, almoço e oferecendo assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade. Para isso, conta sempre com a mesma presença ilustre da festa de aniversário, a solidariedade:
– Todo o nosso trabalho é baseado em doações. Não temos patrocinador nem apoio de outros órgãos. São contribuições financeiras de pessoas físicas ou mesmo em alimentos. Às vezes, de quilo em quilo.
O PF das Ruas
Criado no dia 27 de agosto de 2016 por Rose e as amigas Jane Richter e Mari Bernat, o grupo começou com cinco voluntários que decidiram distribuir refeições nos arredores do Parque da Redenção. Sete anos depois, com um local fixo, a iniciativa tem mais de 150 voluntários e atende semanalmente entre 1,5 mil e 1,8 mil pessoas.
O prato-base, entregue aos assistidos, é composto por arroz, feijão e massa com molho de salsicha. Para isso, são usados a cada ação cerca de 110 quilos de arroz, 45 quilos de feijão, 110 quilos de massa, 60 quilos de salsicha e 40 quilos de molho pronto.
– Toda a semana é uma peleia conseguir. Postamos nas redes o que precisamos mais e nunca deixamos de fazer – diz Rose.
Ajude
/// É possível doar via Pix. A chave é (e-mail) pfdasruas@gmail.com.
/// Ou entrar em contato pelas redes sociais, @pf_das_ruas, no Instagram, e facebook.com/pfdasruas.
Produção: Guilherme Jacques