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Em Canoas, jovem aguarda há cinco meses por consulta 

Gabriel Ancinello Alberton, 19 anos, sofre com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e precisa dar continuidade ao tratamento no Hospital Nossa Senhora das Graças 

01/09/2023 - 15h40min


diario gaucho
Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Pai de jovem relata que a preocupação aumentou após Gabriel passar por uma crise de convulsão

Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos seis anos de idade, Gabriel Ancinello Alberton, 19 anos, morador do bairro Estância Velha, em Canoas, aguarda há cinco meses por retorno com médico neurologista no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). Enquanto isso, precisa lidar com crises de convulsões e espasmos à noite. Devido à falta de atendimento, a família sequer tem conhecimento do que acomete o jovem.

Em novembro do ano passado, Gabriel sofreu a primeira convulsão. Com isso, familiares o levaram às pressas para a UPA Boqueirão. O caso foi um alerta ao pai, Maicon Gonçalves Alberton, 39 anos, responsável pelos cuidados do jovem. Ele compartilhou o ocorrido com a Associação Canoense de Deficientes Físicos (Acadef), onde Gabriel realiza tratamento psiquiátrico. No local, o profissional que o acompanha solicitou que ele fosse encaminhado a um neurologista para tentar descobrir o que tem desencadeado as convulsões.

Exames

Após dois meses de espera, em janeiro passado, o pai recebeu uma ligação informando que havia sido marcada uma consulta com neurologista no HNSG. A profissional que atendeu o jovem avaliou seu estado de saúde, mas disse que só poderia ter a confirmação do que estava causando os episódios de convulsões a partir do resultado de exames. Então, a médica solicitou que Gabriel retornasse assim que tivesse todos os laudos para que ela pudesse avaliá-los.

Para conseguir os resultados, a família também enfrentou dificuldades. Apenas para obter o laudo de um eletroencefalograma – importante para analisar a atividade elétrica do cérebro –, o hospital deu uma estimativa de 20 dias. No entanto, Maicon conta que a demora levou dois meses.

– Os funcionários do hospital me disseram que o resultado do exame demorava a sair porque só havia um médico responsável. Foi difícil – desabafa.

Espera

Após realizar todos os exames solicitados, Maicon entrou em contato com o HNSG para pedir a marcação da consulta de retorno com a médica neurologista. Contudo, desde o primeiro pedido, já se passaram cerca de cinco meses. O pai diz que está preocupado com a saúde do filho:

– Quando ele está dormindo, tem uns ataques, umas contrações fortíssimas, chega a ser assustador. Eu desconfio que o problema esteja relacionado à medicação, mas também pode ser da idade. Nós precisamos de um médico para avaliar isso. A última neurologista não pôde fazer nada por ele sem os exames.

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Histórico

Esta não foi a primeira vez que Gabriel enfrentou dificuldades em conseguir uma consulta de retorno na rede pública. O jovem costumava receber tratamento no Hospital Universitário (HU), mas há aproximadamente três anos, precisou passar por uma consulta de rotina com uma médica neurologista do HU. Na ocasião, Maicon revelou que o filho estava passando por episódios de comportamentos agressivos e falas desconexas. Diante desses relatos, a profissional solicitou alguns exames e indicou uma nova medicação para Gabriel, pedindo que retornasse dentro de três meses para que ela pudesse avaliar como o jovem reagiria aos medicamentos.

Contudo, mesmo após o pai tentar por diversas vezes contatar o Hospital, Gabriel nunca foi chamado para a consulta de retorno no HU.

Prefeitura não traz respostas

Em nota, o Hospital Nossa Senhora das Graças afirma que Gabriel está na posição 146 da lista de espera para realizar a consulta de retorno, mas não foi dada uma previsão em relação ao tempo de espera. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Saúde do município e com o Hospital Universitário, mas, até o fechamento desta reportagem, não houve respostas por parte das instituições.

Produção: Nikelly de Souza



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