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Ensino Fundamental

Pais reclamam da não abertura de turmas em escola estadual de Gravataí

E escola Tuiuti, que atende ensinos Fundamental e Médio, não tem turmas abertas para 3º e 4º anos da etapa inicial de ensino. Mas comunidade alega que a demanda existe e direção confirma

19/01/2024 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Lauro Alves / Agencia RBS
Apesar de estar reformada e com salas disponíveis, Seduc não abriu turmas para todos os anos na escola.

As famílias que dependem da Escola Estadual Tuiuti, em Gravataí, estão passando trabalho nestas férias escolares. É que pais foram surpreendidos ao tentar matricular os filhos na escola e descobrir que não existem turmas disponíveis para o 3º e 4º anos do Ensino Fundamental. 

A escola foi reformada recentemente, e a promessa da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) era retomar o atendimento conforme o período anterior às interdições que causaram redução de turmas entre 2018 e 2022. Entretanto, a pasta vem apenas abrindo turmas gradualmente para quem já está na instituição. 

Ou seja, a cada ano que o aluno avança, uma nova turma é criada. Isso impossibilita que famílias da região possam retornar os filhos ao local ou manter todos as crianças da família na mesma escola.

Atualmente, a Tuiuti tem turmas abertas em todas as demais séries, do 1º ano do Fundamental ao 3º do Ensino Médio. As turmas de 1º e 2º anos foram autorizadas para abertura em 2024. Apenas o 3º e 4º anos seguem indisponíveis

Com mais de 80 anos, a Tuiuti é referência para a comunidade do bairro Bonsucesso e arredores. Ser aluno da instituição pública costuma passar de geração em geração. Por isso, pais esperam que as turmas sejam disponibilizadas da mesma maneira que antes das reformas. 

A bombeira civil Marília Silva dos Santos, 41 anos, tem dois filhos que já estudam na Tuiuti. Agora, precisa de uma vaga no 3º ano para o filho de oito anos. Ela recorda que, durante os problemas estruturais que a escola enfrentou, chegou a fazer parte do grupo de pais que ocupou a instituição, em 2019. 

— Meu filho lembra disso e hoje reclama que fez parte da ocupação e não pode usar a escola — cita a mãe.

Com as reformas da Tuiuti entregues em agosto do ano passado, o espaço para receber alunos não é mais uma limitação. A escola chegou a ter mais de 1,6 mil alunos em condições normais, mas os problemas estruturais e interdições derrubaram esse contingente para 600 estudantes. O número subiu para 800 ao longo do ano passado. 

Após a entrega das obras, a diretora Geovana Affeltd chegou a projetar uma expectativa de receber até mil alunos em 2024. O número, entretanto, ainda parece distante, mesmo com dezenas de pais procurando a escola, garante a diretora. Segundo Geovana, como os pais tentar fazer a matrícula e não encontram a Tuiuti como opção, buscam diretamente na instituição um auxílio.

— Estamos no meio das férias de verão e tem pais entrando em contato comigo sempre. A escola está reformada, os pais sabem que tem salas disponíveis. O que precisa é a Seduc liberar professores — conta Geovana.

Indignação dos pais com falta de turmas

Marília, que espera vaga para o filho, ressalta o mesmo sentimento citado pela diretora e manifestado pelos pais: a indignação por saber que a escola está pronta para receber os estudantes, mas não o faz

— É um absurdo, temos espaço na escola. Eles não podem decidir por nós onde é o melhor lugar para colocarmos nossos filhos. Além da questão de termos que levar os filhos em escolas diferentes, prejudica a rotina dos pais — reclama Marília.

Segundo a mãe, ela teria recebido uma informação de que as vagas estariam abertas. Mas ao tentar fazer a matrícula online no sistema da Seduc, não encontrou a Tuiuti como opção.

— Liguei novamente para a central de matrículas e disseram que não iam abrir mais as turmas — diz Marília.

Conforme a diretora Geovana, a escola está formando uma lista de pais que querem as vagas para o 3º e 4º anos. Isso porque o site da Seduc não permite manifestar interesse na escola, assim não há como a secretaria saber se há ou não demanda para aquela instituição. São abertas para opção apenas as escolas com vagas. 

A diretora da Tuiuti ainda cita que o problema também se estende ao 9º ano e ao Ensino Médio, onde foram requisitadas mais turmas, mas a solicitação não foi atendida:

— Neste caso, seriam turmas adicionais que também tivemos pedidos da comunidade para matricular os estudantes.

Seduc nega demanda, mas vai avaliar situação

Em nota enviada ao Diário Gaúcho, a Seduc diz que "após a reinauguração do espaço e a obra concluída, as turmas estão sendo reabertas gradualmente a partir do 1º e 2º ano". Ou seja, a ideia da pasta é abrir as turmas conforme os alunos já matriculados avancem. 

A pasta segue dizendo que, "entretanto, apesar de não existir, até o momento, uma demanda de alunos nestas séries específicas", mas tendo em vista as transferências realizadas em razão dos problemas da escola e no decorrer da reforma, "será realizado um estudo técnico para verificar se há, na região, a necessidade da reabertura destas séries ainda em 2024".

Porém, a pasta não deu qualquer prazo para que isso ocorra. O período de pré-matrícula, quando os pais devem manifestar o interesse nas escolas através do site da Seduc, se estendia até 17 de janeiro. 

O drama da Tuiuti

/// A escalada de problemas da Tuiuti começou no final de 2018. O forro de uma sala de aula desabou e causou a interdição da sala. Logo, o prédio todo foi condenado.

/// Depois da interdição do primeiro prédio, engenheiros do Estado vistoriaram a escola e determinaram que as aulas poderiam continuar somente se o forro fosse retirado. 

/// Feito isso, o problema passou a ser suportar o calor intenso nos locais, além da falta de isolamento acústico. 

/// Nos dias de chuva, o excesso de goteiras gerou situações como estudantes tendo de abrir guarda-chuvas dentro das salas de aula. 

/// A situação seguiu até 2019, quando pais ocuparam o local em razão da falta de obras no prédio interditado. Como resposta, o governo interditou todos os quatro locais com salas de aula em novembro. 

/// Com isso, o final daquele ano letivo teve aulas ministradas em locais como refeitório e a sala dos professores. Até os salões de um CTG e de uma igreja próxima foram cedidos para que as crianças pudessem estudar.

/// As reformas chegaram a começar em 2022, mas foram paralisados. Em fevereiro de 2023, o DG mostrou que razão da paralisação foram pedidos de aditivos contratuais por parte da empresa responsável pela obra.

/// Com a interdição dos prédios, o número de alunos da escola foi reduzindo ao longo dos anos, o que gerou incômodo para pais e responsáveis na região. 

/// A escola oferece turmas desde o Ensino Fundamental até o curso técnico em Logística no pós-Ensino Médio, em três turnos de funcionamento. 

/// Ela ocupa um terreno de 1,5 hectare e possui quatro prédios de salas de aula e um administrativo, além de refeitório, salão de festas, uma quadra coberta e duas descobertas.

/// Com a reforma, entregue em agosto passado, a promessa era de que o número de vagas voltaria a ser ampliado. 

/// Em 2023, foi aberta uma nova turma de séries iniciais e o mesmo deveria ocorrer no Ensino Médio, que tem o maior público na instituição.


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