O clima fraterno da Páscoa, neste domingo, não poderia ser mais propício para a final de um programa que encantou o Brasil desde janeiro. O The Voice Kids apresentou pequenos talentos que deixaram as tardes de domingo mais leves e emocionantes, trazendo a certeza de que não só a música nacional, mas o país ainda guarda um sopro de inocência e beleza.

O sucesso do programa é comprovado por números: na Região Metropolitana, a média de audiência foi de 22,7 pontos contra 14,8 pontos em dezembro, na mesma faixa horária, segundo o Ibope. Aliás, a segunda temporada já está confirmada.

Neste domingão, a partir das 13h25min, os paranaenses Rafa Gomes, Pérola Crepaldi e Wagner Barreto disputam o título da primeira edição do reality musical em votação popular pelo site globo.com/thevoicekids. Retratos da Fama é todo deste trio que representa a nova geração da música que encantou o Brasil.

A partir das nossas entrevistas exclusivas, entre no clima da final que promete fortes emoções. O vencedor fatura R$ 250 mil e um disco gravado pela Universal Music.

Rafa: música no sangue e nos ouvidos

Crédito: Pedro Curi/ TV Globo/Divulgação

Fã de Katy Perry e Ivete Sangalo, a curitibana Rafa Gomes, dez anos, do time de Carlinhos Brown, nasceu entre instrumentos musicais, como ressalta a mãe, Márcia, 49, professora de música.  A pequena se envolve em atividades ligadas a essa área desde os seis meses de idade!

Hoje, toca piano e canta, além de estudar bateria, violão e violino. Sobre a pressão em cima da filha, Márcia garante que trabalhou bem isso. 

- Deixamos claro que o programa tinha um formato que ela poderia cair fora a qualquer momento. Não jogamos para a Rafa uma expectativa de que tinha a obrigação de conseguir um resultado, pois isso está fora do nosso controle _ diz.

Empolgadíssima

 
Crédito: Arquivo pessoal

O pai, o empresário Aguilar Silva, 53 anos, dá o apoio incondicional enquanto o irmão, Felipe, 25, cuida das redes sociais da pitoca. 

- Ele monitora tudo. E mostramos para ela o que é pertinente. Nessa reta final, ela tem ensaiado, no máximo, duas horas para manter as demais atividades de criança - explica Márcia.

Para a final, Rafa jura não estar nervosa e convoca o povo:

- Domingo vai ser suuuuuuper legal! Eu e os meus amigos vamos cantar e encantar todo muuuuundooooooo!

VÍDEO: gauchinhas do The Voice Kids soltam a voz e mostram por que encantaram Carlinhos Brown e Victor & Leo


Pérola ganhará homenagem de fã

 
Crédito: Pedro Curi/ TV Globo/Divulgação

Fã de nomes como Whitney Houston, Pérola Crepaldi, 11 anos, de Apucarana, no Paraná, chega à final pelo time de Ivete Sangalo. Ela já fez aulas de técnica vocal, piano, teclado e canta na igreja, além de se apresentar em festivais na cidade.

A mãe, Cristiane Milani, 37 anos, conta que a família está ansiosa pela decisão.

- A Pérola está ensaiando muito para tentar a vitória. Se vier, melhor - pondera.
Ao lado do marido, Edson Ferreira Crepaldi, 37, ela tenta administrar o sucesso da pequena:  

- Para a autoestima dela, é excelente. Já recebi uma mensagem de uma mulher no Facebook dizendo que vai colocar o nome de Pérola em sua filha.

Numa boa
 
Quanto ao assédio nas redes sociais, a família tenta blindar a pequena com boas energias para que ela mantenha o foco. Mas sem esconder o jogo.

- Pérola precisa saber que tem pessoas que não gostam, que criticam, mas não mostramos coisas muito ruins. Às vezes, ela fica chateada com alguma crítica, mas, logo, já se anima - conta Cristiane.

Pérola avisa a torcida:

- Minha expectativa é me divertir muito e nunca parar de cantar, caso eu saia. E caso eu ganhe, que eu não fique metida (risos).

De origem humilde, Wagner voa longe e alto

 
Crédito: Arquivo Pessoal

Crédito: Pedro Curi/ TV Globo/Divulgação

Nascido em Matinhos e criado em Ilha Floresta, no Paraná, a história de Wagner Barreto, 15 anos, do time de Victor & Leo, é emocionante. O paranaense canta desde os seis anos e toca violino, piano, flauta, atabaque e bateria.

De família humilde, ele já trabalhou ao lado do pai, Eurides Ferreira da Silva, 54, pescando no Rio Paraná. Por telefone, de Ilha  Floresta, Eurides relembra, emocionado,  a classificação do filho para a grande final:

- Eu estava com a minha esposa (Ivone, 48 anos), ao lado do palco. Na hora, a minha esposa chorou.

Vida que muda

Crédito: Arquivo pessoal

Com a consequente exposição de Wagner na mídia, a família do menino começou a
ficar preocupada.

- Esse novo mundo está meio difícil, sempre fomos da roça, nunca tivemos nada, somos humildes - admite o pescador em um papo com Retratos da Fama.

Fã de música sertaneja, Wagner viu a sua rotina mudar por conta do The Voice. Antes, ele ia para a escola, em Porto Rico, distante cerca de 40 minutos da Ilha Floresta.

Agora, ganhou uma bolsa de estudos em Loanda, no Paraná, e fica por lá, na casa de Tonin, patrão do seu pai e uma espécie de empresário do pequeno. Mas o garoto tenta manter a calma. 

- Vou cantar para todo mundo ver. Se ganhar, ótimo. Senão, está ótimo, também - assegura ele.

Victor: "Aprendemos mais"

Além dos baixinhos, os técnicos foram uma atração à parte no The Voice Kids. Victor, da dupla com Leo, foi um dos que mais chamou a atenção por passar mensagens para as crianças com frases que iam além das avaliações dos candidatos.

Em entrevista por e-mail, ele define como "uma rica experiência" a oportunidade de ser técnico da atração ao lado do irmão, de Ivete Sangalo e de Carlinhos Brown:

- Tivemos a oportunidade de dividir um pouco do que aprendemos até aqui em técnica e prática artística. E aprendermos ainda mais numa tarefa de lidar com talentos naturais e ainda pouco expostos aos modismos convencionais.

Responsabilidade

O mineiro garante que a responsabilidade de julgar pequenos talentos é grande e que eles tentam passar a ideia de que a arte necessita de conteúdos naturais:

- Os pequenos estão em trabalho de formação artística, moral e social. Tudo isso reflete no que irão fazer e no que irão se tornar. Estamos diante dos sonhos deles, de seus responsáveis, da família e de uma comoção repercutida em todo o país. Então, procuramos passar uma ideia de que a arte necessita de conteúdos originais.

Como de costume, Victor faz questão de deixar seu recado sobre o que pode vir por aí para essa criançada.

- Fama e poder financeiro deverão ser encarados como meras consequências e novas responsabilidades - diz.

Leifert: "É um momento determinante"

Tiago Leifert até já chorou no palco e tem a delicada função de apresentar a atração. O também comandante do The Voice Brasil, para adultos, compara os dois desafios na telinha: 

- No "Voição", a maioria dos artistas tem experiência de palco. Já a maior parte das crianças não. Então, quando elas sobem no palco, existe um sentimento diferente, de sentir uma plateia pela primeira vez, de ouvir uma banda de muita qualidade tocando para você, um som profissional. Para os adultos, é uma tentativa de fazer sucesso. Para os kids (as crianças), é um momento determinante da pré-adolescência ou da adolescência. E tivemos a chance de gravar esse momento, de fazer parte disso. Um privilegio para todos nós da equipe.

A pressão, Leifert acredita que as crianças tiraram de letra:

- Estava bem preocupado, mas eles passaram uma rasteira em todos nós, nem sentiram o peso, nada, zero! Foram lá e cravaram. São especiais.

O apresentador, que, nitidamente, se empolga com a atuação de alguns artistas, conta que tenta manter contato. 

- Quando não estamos trabalhando, eles ficam numa salinha brincando, desenhando. Eu costumo ir lá e encontro com eles nos corredores. Tiramos foto, gravamos vídeo e conversamos sobre música. Depois, a gente mantém contato pelas redes sociais. Curto tudo que eles postam! - revela.

Crédito: Isabella Pinheiro? TV Globo/Divulgação

Atenção! diante de um talento mirim, a família tem papel fundamental no seu desenvolvimento *

- Cada baixinho reage de um jeito ao desafio: uma criança que possui veia artística não terá problemas com isso. O que pode ser ruim é se essa oportunidade (entrar no The Voice Kids) for uma vontade só dos pais. É importante a criança saber que vai sair do programa diferente do que entrou, porque ela viveu uma experiência distinta. A vida é assim. 

- Para lidar com a pressão: é importante que os pais ensinem que, necessariamente, ela não vai ganhar, e isso não é ruim. Além disso, a frustração faz parte da vida, ela tem que aprender a lidar com isso, pode ser uma grande lição de vida. 

- Limites fundamentais: os pais nunca podem deixar de serem pais. Devem colocar limites na criança. Ela precisa ter tempo para brincar e para estudar. 

- A devida dimensão: estar em um programa de tevê, por exemplo,   deve ser parte da caminhada, não a vida dela como um todo. É claro que elas sentem muito prazer ao estar no palco, mas limites são fundamentais. Na vida adulta, pessoas bem-sucedidas e equilibradas tiveram pais que
a apoiaram. 

* As informações e dicas são da psicóloga Claudia de Moraes Bandeira, doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Ufrgs e professora da Unilasalle.

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