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Retrospectiva

2020, o ano que desafiou o mundo da música

Além da pandemia de coronavírus, que mudou todos os parâmetros, o ano ainda teve a explosão dos Barões da Pisadinha

19/12/2020 - 09h23min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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O ano que está quase no fim foi, no mínimo, inusitado. Em janeiro, estávamos sob a sombra da dúvida da chegada do coronavírus ao Brasil. Até que, em março, a pandemia chegou e mudou toda a nossa rotina. 

No mundo musical, não poderia ser diferente. Porém, mesmo com todas as dificuldades, artistas nacionais e locais conseguiram criar novas formas de levar seu trabalho para o público. Com lives e outras iniciativas, o setor cultural foi fundamental para ajudar a manter nossa saúde mental durante o isolamento social. 

Neste fim de semana, o Diário Gaúcho relembra momentos importantes do meio musical, o ritmo que conquistou o país em 2020 e como artistas se reinventaram para continuar sob os holofotes.

Gauchada se virou nos 30

Em solo gaúcho, as lives impulsionaram uma onda de solidariedade. Um dos grupos mais atuantes neste ano, o Samba Tri, em apenas uma das apresentações, arrecadou mais de 11 toneladas de alimentos, 200 caixas de leite e 200 quilos de carne. Os mantimentos doados por meio da live beneficente, no final de abril, tiveram como destino os moradores da Vila São José, na zona leste da Capital.  

Felipe Gaiesky / Divulgação
Grupo mostrou sua veia solidária em 2020

Reinvenção

Já o Alma Gaudéria se inspirou em uma live feita pela banda norte-americana Black Eyed Peas, em maio, e deixou que os fãs escolhessem o repertório do show virtual. 

O Tchê Guri celebrou os 30 anos da banda em um período totalmente atípico. No começo do ano, apresentou o documentário A História - Tchê Guri, 30 Anos. Recentemente, a banda lançou Tchê Gurizadinha, websérie de vídeos infantis - com músicas folclóricas em ritmos gaúchos e coreografias - em 12 episódios, que vão ao ar nas sextas-feiras no canal da banda no YouTube.

O boom das lives

Entre as dezenas de artistas nacionais que se revezavam em apresentações virtuais diárias, algumas com várias horas de duração, alguns chamaram a atenção e bombaram nas redes sociais. Foi o caso de Gusttavo Lima, cuja mansão virou alvo de memes nas redes sociais, Jorge & Mateus, que fizeram uma live de mais de quatro horas com um pico de 3,1 milhões de acessos simultâneos e, claro, Marília Mendonça, que registrou 3,3 milhões de visualizações enquanto cantava Todo Mundo Vai Sofrer, um dos seus grandes hits.

Reprodução / Reprodução
Marília cantou de casa, como mandam os protocolos

Já a dupla Bruno & Marrone dominou o noticiário das lives por muitos dias. Tudo por conta do show virtual feito em maio, em que o clima de mesa de bar tomou conta da apresentação: Bruno, sem filtro, tomou cachaça, cerveja e o que mais viesse pela frente, falou sobre capitalismo e comunismo e se declarou para Marrone, entre outras situações engraçadas. 

Aos poucos, e com a flexibilização de algumas medidas de prevenção ao coronavírus, as lives foram perdendo força, mas mostraram que, depois que o mundo vencer a pandemia, elas podem ocupar um espaço importante mesmo com o retorno dos eventos presenciais. 

Reprodução / YouTube
Live dos parceiros foi um dos pontos altos do ano

O diferencial das apresentações virtuais é que os músicos  conseguem tocar por horas a fio, com um custo menor, e dão mais visibilidade aos patrocinadores. Também é vantajoso para o público, que assiste aos artistas do sofá de casa, muitas vezes, de graça.

Em junho, o meio musical começou a buscar saídas que não fossem apenas as lives. Surgiram, então, os shows no formato drive-in, que se espalharam pelo país.

Em Porto Alegre, a iniciativa se mostrou bem-sucedida e foi realizada no Estacionamento da EPTC, com capacidade máxima de 200 veículos por evento e proporcionando shows a espectadores que acompanhavam tudo de dentro de seus carros.

Entre os destaques, apresentações de Guri de Uruguaiana, Chimarruts, César Oliveira & Rogério Melo e Nenhum de Nós. 

O ritmo mais ouvido

Em 2020, a pisadinha - gênero originário das regiões Norte e Nordeste, influenciado por ritmos como o forró, o arrocha, o brega e o treme - tornou-se o mais ouvido pelos brasileiros na plataforma de streaming Spotify. Nas letras, a boa e velha sofrência, que há alguns anos vem agradando ao público brasileiro. Consagrada nos paredões de som das festas chamadas de "pisadas" ou "piseiros", tradicionais no interior do Norte e do Nordeste, a pisadinha se espalhou como fenômeno por todas as regiões do país.

Gabriel cardoso / Divulgação
Barões ganharam o Brasil em 2020

Apesar de contar com um leque considerável de representantes, parte do sucesso é atribuída ao grupo Os Barões da Pisadinha, que também figura entre os artistas mais ouvidos no Spotify em 2020, em sexto lugar, à frente, inclusive, de Anitta. Formado por Rodrigo Barão (voz) e Felipe Barão (teclado), o grupo surgiu em 2015 na cidade de Heliópolis, no interior da Bahia. Os músicos ganharam holofotes quando o hit Tá Rocheda chegou na Europa, quando, ainda no ano passado, ecoou de uma caixa de som carregada pelo jogador Neymar antes de uma partida do Paris Saint-Germain.

Desde então, o grupo só cresceu. Hits como Recairei, Já que Me Ensinou a Beber e Basta Você Me Ligar, gravado em parceria com Xand Avião, também garantiram o sucesso dos expoentes da pisadinha em 2020. 

Outros nomes

Além do grupo Os Barões da Pisadinha, outros artistas vêm levando o gênero musical para os ouvidos de todo o país. Entre os mais importantes, estão Biu do Piseiro, Anderson e o Véi da Pisadinha, Pedrinho Pisadinha, Eric Land e os cantores Vitor Fernandes e Zé Vaqueiro, ambos já conhecidos no movimento do novo forró, que também emplacam hits ao som da pisadinha.



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