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Com taxas mais baixas, consórcio é opção para quem quer adquirir um bem de forma planejada

Em vez de juros, o consorciado paga parceladamente o valor integral do bem mais algumas taxas. Veja na prática a diferença de custos

17/11/2016 - 05h50min

Atualizada em: 17/11/2016 - 14h27min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Maurício não tinha pressa e investiu no consórcio

Desde o mês passado, o bancário Maurício Tavares da Silva, 36 anos, dirige sorrindo entre sua casa, em Estância Velha, e o local de trabalho, em Novo Hamburgo. O carro, que é da esposa, foi comprado graças a um consórcio iniciado em dezembro do ano passado. Ele acabou contemplado em outubro com o valor próximo de R$ 24 mil, ideal para um carro seminovo em boas condições.

– Não tinha pressa para tirar. Agora, sigo pagando as prestações por mais uns 30 meses. Estou mirando um consórcio para trocar o meu carro, daqui a uns anos, também perto desse valor – diz ele.

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A casa que Maurício tem hoje foi comprada graças ao consórcio de um terreno. Com a venda dessa propriedade, pôde adquirir o imóvel atual. O que ele viu nessa modalidade também é percebido por mais gente em época de juros altos e restrição de crédito. Se não há pressa para ter o bem, o consórcio é uma opção em conta para bens móveis (como carros, caminhões e motos), imóveis (a casa própria) e até serviços (como viagens e formaturas).

Em vez de juros, o consorciado paga parceladamente o valor integral do bem mais taxa de administração, percentual de fundo reserva (segurança contra inadimplência) e a atualização do valor do bem.

– Este será o nosso melhor ano da história , com um crescimento de 24% em relação a 2015. Serão cerca de 13,5 mil pessoas ingressando nessa modalidade até o final do ano – afirma Fernando Postal, diretor da empresa Banrisul Administradora de Consórcios, criada em 2004.

Entrega

Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o ano de 2015 bateu o recorde histórico desde 2009 (ano em que entrou em vigor a Lei dos Consórcios no Brasil, disciplinando o sistema), com 7,17 milhões de consorciados ativos. Esse crescimento perdeu o ritmo no começo deste ano com a crise econômica e política. O setor, entretanto, vem se recuperando desde maio e, em setembro, a Abac registrou 7 milhões de consorciados no país. A expectativa é fechar o ano mais perto do número de 2015.

– A alta recente do consórcio tem a ver com o momento de crédito mais restrito e juros altos nos bancos. Quando isso acontece, o consórcio fica mais atrativo financeiramente. Não tem juros e garante o bem ao consorciado – acredita o presidente da regional sul da Abac, Carlos Sponchiado.

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Com os juros altos, o financiamento fica com parcelas mais difíceis de serem encaixadas no orçamento. Ao comparar essa modalidade com o consórcio, mais gente viu nos últimos anos a chance de ter uma mensalidade que cabe no bolso. A Abac não tem números anteriores a 2009. Mas o sistema teve impulso nos anos 1990. Em 1991, a fiscalização e a regulamentação passaram a ser exercidas pelo Banco Central.

Com essa segurança e o Plano Real, outros segmentos começaram a oferecer, e brasileiros começaram a ver o consórcio como opção até para a casa própria. Para o educador financeiro da Dsop Educação Financeira Jó Adriano da Cruz, a única desvantagem do consórcio, frente ao financiamento, é não entregar o bem imediatamente.

– Mas se você comparar os juros dos financiamentos com as taxas do consórcio e se planejar, o consórcio ainda é a melhor opção. Na média, o que o cliente vai pagar a mais sobre o valor da carta de crédito é 20% – diz ele.

Sistema de consórcios: participantes ativos no Brasil
2016:
7 milhões (até setembro)
2015: 7,17 milhões
2014: 6,18 milhões
2013: 5,74 milhões
2012: 5,18 milhões
2011: 4,65 milhões
2010: 4,06 milhões
2009: 3,8 milhões
Fonte: Abac

Compare a aquisição de um carro popular 0km avaliado em R$ 30 mil

No consórcio:
- Prazo de 50 meses
- Soma das taxas: 20% (média do mercado)
- Valor pago no final: R$ 36 mil (sem contar possível aumento mensal por causa da valorização do bem)

No financiamento:
- Prazo de 50 meses
- Juros: segundo o BC, entre 1,04% e 4,37% ao mês para financiamento de veículos.
- Em média, os juros podem chegar a 50% ou mais no prazo total.
- Valor pago no final: pode chegar ou passar de R$ 45 mil (sem contar taxas extras)
Fonte: educador financeiro da Dsop Educação Financeira Jó Adriano da Cruz

TIRE AS DÚVIDAS SOBRE O CONSÓRCIO

O que é:
- É a modalidade de compra baseada na união de pessoas em grupos para formar poupança para a aquisição de bens.
- A formação desses grupos é feita por uma administradora autorizada e fiscalizada pelo Banco Central.
- Só há duas maneiras de ser contemplado: o sorteio e o maior lance (antecipação de parcelas, que ainda não dá garantia de contemplação).

O lado bom
- Não tem juros, mas taxas mais baixas em relação aos financiamentos.
- O cliente tem a garantia de receber o valor correspondente ao bem desejado.
- O crédito que o cliente recebe equivale a uma compra à vista e dá poder de negociação.
- Estimula a traçar um orçamento mensal e a programar o uso do dinheiro.

O lado ruim
- O consorciado não terá o bem imediatamente, vai depender de sorteio ou do maior lance.
- O bem pode vir somente no final do prazo, é preciso avaliar se é possível esperar até lá.
- Há taxas que devem ser levadas em conta, além de eventual valorização do bem que se soma à mensalidade.
- Deve-se pagar as prestações até o fim, mesmo após a contemplação. Pode ter o nome inserido nos órgãos de restrição de crédito se deixar de pagar após ser contemplado.
- Quem deixa de pagar antes da contemplação não participa mais dos sorteios e pode não receber a carta de crédito, se for contemplado. Paga multas e juros.

6 passos do consórcio

1: Escolha uma administradora autorizada pelo Banco Central do Brasil neste site (clique em Perfil Cidadão, Bancos e outras entidades supervisionadas e Administradoras de consórcio).

2: Entre em contato com a empresa e verifique os planos disponíveis.

3: Avalie o peso da mensalidade por todo o período do consórcio, o valor pode sofrer ajustes nesse período se o bem se valorizar.

4: Verifique as regras de contemplação por sorteio e lance. Desconsidere promessa verbal, o prometido tem de estar no contrato.

5: Com adesão confirmada, é hora de participar das assembleias, as reuniões em que ocorre a distribuição dos créditos.

6: Após ser contemplado, lembre-se que se tem poder de compra à vista para negociar descontos.

Fonte: Abac




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