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Depois da chuva

Moradores do Bairro Americana, em Alvorada, ainda vivem debaixo d'água

Atingidos pela chuva ainda têm água dentro de casa, uma semana depois que o Arroio Feijó transbordou

27/07/2015 - 07h03min

Atualizada em: 27/07/2015 - 07h03min


Jeniffer Gularte
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Anderson Fetter / Agencia RBS
Aurea, Luciano e o filho Iago cuidam da casa durante o dia mas estão há mais de uma semana durmindo na casa de parentes

- O que eu mais quero é limpar o chão da minha casa e ver o que sobrou - admite a atendente Aurea Pereira, 41 anos, que teve a sua invadida pelo Arroio Feijó há oito dias, no Bairro Americana, em Alvorada.

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Desde então, ela e o marido, Luciano, 48 anos e o filho Iago, 6 anos, estão alojados no segundo piso da casa da sua irmã, a duas quadras dali. Na tarde de ontem, a água ainda estava acima do joelho.

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Calejados de outras enchentes, conseguiram levantar geladeira e fogão, mas ainda não sabem o que poderão aproveitar do resto. A satisfação do final de semana, segundo ela, foi poder lavar as roupas no tanque com o retorno do abastecimento de água no sábado pela manhã após uma semana de torneiras secas.

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- Lavei tudo que estava caído na água, quero muito limpar toda minha casa - diz ela.
Há cinco dias não chove forte no local mas o arroio que faz divisa entre Alvorada e Porto Alegre insiste em não baixar. Moradores ainda usam botes e barcos para chegar até as ruas mais próximas do Feijó e muitos cachorros permanecem ilhados em lixeiras e automóveis.

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O açougueiro Ademar Junior Luís Osório, 38 anos, não vai trabalhar há uma semana mas está cansado de viver cercado pela água. Nas três peças da casa dele - no segundo pavimento da casa da irmã -, está abrigando as outras três famílias que moram no mesmo pátio e ainda não tiveram como retornar. Nove pessoas dormem no espaço em que ele vive com a esposa Marinês Melanedo, 37 anos, e a filha Manoela, um ano e um mês.

A mãe dele, Vera Cristina de Oliveira Osório, 65 anos, ainda não teve coragem de ir até a casa ver o estrago feito pela água que entrou pela janela. Chora só de pensar no que a espera quando o alagamento passar.

- Nunca imaginei que viria tanta água, mas o depois que é o pior, temos medo de pegar alguma doença - preocupa-se.


Até sábado, todos tomavam banho de bacia com a água doada do poço artesiano de uma empresa do bairro. Pela casa, pilhas de cobertores, roupas e colchões espalhados mostram que o improviso que, por enquanto, ainda não tem data para acabar. Voltar a vida normal é o maior desejo para quem ainda vive diante dos transtornos da enchente.

A sobrinha Gabriele, que mora no andar debaixo, tem apenas nove anos e disse que já perdeu a contas de quantas vezes precisou se socorrer na casa do tio por causa de alagamentos, mas garante que nunca precisou ficar mais de um dia fora de casa. Faz uma semana que ela só pode entrar em casa de galocha. Ainda inconformada, diz que não era isso que esperava das suas férias da escola.


Pedreiro, Alexandre virou "freteiro de bote"

Com macacão de lona impermeável que só tira para dormir e tomar banho, o pedreiro autônomo Alexandre Moreira, 38 anos, virou "freteiro de bote" desde que o Feijó e o Bairro Americana viraram uma coisa só.

Um dos tantos voluntários que tem dedicado tempo e força de vontade para ajudar as famílias mais atingidas. Primeiro auxiliou no resgate de moradores e agora anda de um lado para outro, seja levando comida ou tentando salvar algum pertence. 

- O prejuízo maior é ver uma pessoa precisando de ajuda e não poder ajudar.


Ele também teve perdas em casa, onde vive com os quatro filhos, e teme o que ainda está por vir.   

- A gente se faz de forte, mas a quando a água baixar, vai ser triste.


Água não voltou para todo mundo

A Corsan informa que em Alvorada, ainda há desabastecimento em alguns pontos dos bairros Jardim Porto Alegre e Intersul. Em Viamão, os pontos estão nos bairros Santo Onofre, Tarumã, São Lucas e Krahe. Se as manobras de rede não forem suficientes, caminhões-pipa serão novamente colocados à disposição da população nesses pontos específicos, até a normalização total do abastecimento.

A companhia pede que a população priorize o uso da água para as atividades de primeira necessidade, para que a regularização do serviço em todos os bairros dos dois municípios, mesmo os mais altos e afastados, ocorra o mais rápido possível.

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Foto: Anderson Fetter/Agência RBS

 
Foto: Anderson Fetter/Agência RBS

 
Alexandre: ajuda para quem precisar
Foto: Anderson Fetter/Agência RBS

 
Foto: Anderson Fetter/Agência RBS


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