Alagamento
Um terço de Eldorado do Sul está embaixo d'água
Cerca de 18 mil pessoas foram atingidas com alagamentos deste domingo no município
A população foi pega desprevenida com uma enchente na manhã deste domingo em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. A água do Rio Jacuí subiu tanto que os rios que desembocam no Guaíba transbordaram e atingiram pelo menos um terço da área urbana do município.
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Cerca de 18 mil pessoas, metade da população de 36 mil habitantes, tiveram suas casas alagadas e pelo menos 200 moradores procuraram abrigo no Ginásio do Loteamento. Em torno de 2 mil pessoas deixaram suas casas. Os bairros mais atingidos foram Chácara, Cidade Verde, Picada, Sans Souci, Itaí e Residencial.
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De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Eldorado do Sul, Marco Aurélio de Araújo Pereira, esta já é considerada a segunda maior cheia da cidade, tanto pela nível que a água subiu, quanto pelo número de pessoas atingidas.
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- A enchente mais grave que tivemos foi em 1984. Mas, se a água seguir subindo, que é a previsão, esta pode ser ainda maior. Tivemos uma grande cheia em 2007, mas a de agora já superou os números - explica o coordenador.
Atingidos
Na tarde de domingo, o Diário Gaúcho acompanhou a retirada dos móveis e de moradores mais atingidos que precisavam de ajuda, no Bairro Chácara, um dos mais atingidos pela cheia.
A auxiliar de limpeza Amélia Pereira, 32 anos, estava apreensiva esperando na janela de casa. A água já havia tomado boa parte dos fundos da casa e os móveis, apesar de estarem empilhados, corriam risco de caírem na água. Morando com os cinco filhos e com o marido, Amélia pediu ajuda para salvar os televisores.
- Quero levar as tevês e a geladeira para Guaíba, na casa de um parente. Mas nós pretendemos ficar aqui em casa até quando der - fala Amélia.
O casal Ezequiel Castro, 33 anos, eletricista, e Lisiane Acosta, 36 anos, diarista, levaram um susto ao acordar na manhã de ontem: a água tinha começado a entrar em sua residência. Cerca de uma hora depois, por volta das 10h, a água já cobria os pés dos moradores. Foi quando Lisiane percebeu que a situação iria piorar.
- Ficamos apavorados com a rapidez que a água subiu. Me importei primeiro com a segurança das minhas duas filhas, de 11 e 15 anos, e da minha mãe, de 65 anos, que mora conosco. Quando levei as meninas e a mãe para a casa da minha irmã, voltei para buscar alguns móveis e meus gatinhos - conta Lisiane emocionada.
A família começou no sábado a mudança para uma nova casa, mas, como ela fica no mesmo bairro, também alagou com a cheia.
- Eu perdi tudo. Não tenho o que pensar agora, nós temos que engolir o choro e continuar trabalhando para comprar tudo de novo. As crianças e a mãe vão dormir na minha irmã. Eu e meu marido ainda não sabemos onde iremos passar a noite - lamenta a diarista.