Entra ano, sai ano, vem o mesmo dilema: será que as piscinas públicas de Porto Alegre estarão prontas para atender à população no veraneio? Para esta temporada, as notícias não são boas. Dos sete espaços comunitários, pelo menos dois não devem abrir neste verão. 

Leia mais notícias do dia

As piscinas dos centros de comunidade da Vila Elizabeth (Cecove), na Zona Norte, e Parque Madepinho (Cecopam), do Bairro Cavalhada, na Zona Sul, estão com sérios problemas de entupimento e vazamento e não devem ficar prontas para uso. Detalhe: o Cecove não abrirá pelo segundo ano consecutivo.

A dois meses do verão, Litoral Norte está cheio de buracos e ruas alagadas

Além disso, desta vez, as comunidades irão curtir um banho mais tarde do que no ano passado. Enquanto em 2014 os espaços abriram a partir de 18 de dezembro, desta vez, a data marcada no calendário para início das atividades é 5 de janeiro de 2016. O Diário Gaúcho fez uma blitz nas sete piscinas públicas para saber como estão os preparos para janeiro e se as estruturas estão em condições de refrescar a população no verão.

"Verbas apertadíssimas"

Mesmo com os problemas graves nas duas piscinas, o titular da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME), José Edgar Meurer, prefere não bater o martelo sobre a sua não abertura. 

- Faremos o possível até o último minuto que antecede a abertura das piscinas para encontrar soluções para os danos - garante.

Segundo a SME, desde o veraneio passado, quando foram identificados os defeitos, a prefeitura trabalhou para recuperar as estruturas. Conforme o secretário, o vandalismo é um dos principais responsáveis pelos estragos. Tanto que, nas unidades que sofrem mais com o problema, foram instaladas grades concertinas, em forma de espiral.

- A ideia não é evitar a entrada da população, mas sim prevenir acidentes, que geralmente acontecem fora dos turnos dos funcionários. Durante o ano, esvaziamos todas as piscinas, justamente para ninguém se machucar - fala.

Ele afirma que não há nenhum planejamento ou orçamento que permita a substituição das piscinas estragadas ou instalação de novas estruturas para o ano que vem.

- Estamos com as verbas apertadíssimas. Se definitivamente as piscinas estiverem com falhas, as pessoas vão ficar sem aquelas. Terão que procurar em outros bairros - diz Meurer.

Já foram feitas quatro licitações para contratar serviços de limpeza, profissional químico, compra de produtos e serviço de segurança dos sete locais, mesmo os que não devem abrir.

- Se ficar definido que estas duas piscinas não irão funcionar, vamos cancelar os serviços para elas - explica o secretário.

Redução de custos

Ainda segundo a SME, as piscinas abrirão em janeiro de 2016 porque a segunda quinzena de dezembro será reservada para a retirada do banco de horas acumuladas pelos professores que atuariam nas mesmas. "Assim como o governo federal e o estadual, a prefeitura de Porto Alegre não ficou imune à crise econômica, sendo necessário a busca de ajustes orçamentários. Por isso, optamos por abrir as piscinas em janeiro, reduzindo os custos de operacionalização das mesmas".

Banho garantido

Centro de Comunidade da Vila Floresta (Cecoflor)


Fotos: Mateus Bruxel / Agência RBS

Dentre as sete piscinas públicas, é o local mais preparado para receber a comunidade. As piscinas e os bancos já foram pintados, o ambiente está organizado, com as cadeiras de plástico instaladas e, inclusive, as piscinas já estão com água. Segundo o coordenador do Cecoflor, Luiz Carlos Franco, se a abertura do veraneio fosse para hoje, o espaço estaria preparado. 

- Conseguimos manter o local o ano todo. Em dezembro, já queremos começar a agendar os grupos de visita - fala.



Para a temporada, será feita a limpeza das bordas das piscinas e aparar parte do gramado. Contra o vandalismo, o Cecoflor instalou grades concertinas no entorno do ambiente, a fim de evitar danos para a comunidade.

Centro de Comunidade Vila Ingá (Cevi)



Deve estar pronto na data estimada pela prefeitura para a temporada do verão 2016. As piscinas grande e pequena ainda estão vazias, mas praticamente prontas para serem enchidas de água para o veraneio. No entorno da piscina grande, uma tela protege para que ninguém caia dentro da estrutura, principalmente crianças.

Centro Comunitário Primeiro de Maio (Ceprima)



Faz um mês que os funcionários do Ceprima começaram a limpar o terreno para receber a comunidade no verão. Semanalmente, um piscineiro faz a limpeza e devida manutenção do local, que já está pintado. No fim de dezembro, as piscinas começam a encher para que seja então colocados os produtos químicos. Assim como em outras unidades, os funcionários reclamam de ataques de vandalismo. As cadeiras e partes externas do chuveiro das duchas ficam guardados internamente para evitar furtos e exposições a temporais.

Centro de Comunidade Vila Restinga (Cecores)



A pintura das piscinas do Cecores, na Rua Economista Nilo Wülf, no Bairro Restinga Nova, está quase finalizada para receber crianças e adultos. Até o dia 28 de dezembro, os funcionários querem começar a encher as estruturas grande e pequena para dar tempo de tratá-la com produtos químicos antes da abertura. O piso está em boas condições, os bancos estão pintados, e os vestiários são praticamente novos, com menos de dois anos. O motor das piscinas também foi mudado recentemente e não há sinais de vandalismo.

Mais ou menos

Centro Comunitário George Black (Cegeb)



A previsão é de que o Cegeb abra as portas para a comunidade no dia 5 de janeiro, como as demais unidades. Porém, o andamento lento na preparação da piscina preocupa. Apesar de ter uma piscina de adulto e outra infantil, a estrutura para as crianças está estragada há anos, segundo funcionários, e não deve ser utilizada.

Já a grande ainda precisa ser lixada e pintada. No ano passado, a unidade abriu com atraso em relação às demais. Como na Cecoflor, foram instaladas grades extras para a segurança da piscina e da comunidade.

Em pior estado

Centro de Comunidade Vila Elizabeth (Cecove)



Pelo segundo ano consecutivo, a piscina do Cecove não irá abrir as portas para a comunidade. A estrutura, que conta com duas piscinas, para adultos e para crianças, está emperrada por conta de um entupimento.



Segundo a prefeitura, o órgão está há dois anos tentando desentupir o encanamento: "não foi possível desobstruir, apesar de todos os esforços de jateamento e sucção da tubulação. Nesse caso, é provável a necessidade de abrir o fundo da piscina, obra que inviabiliza a abertura nesta temporada", informa a SME em nota. O secretário Edgar afirma que mais uma tentativa será feita: colocar um produto químico dentro do encanamento para tentar desentupir. Se não der certo, ela não abre.

Centro de Comunidade Parque Madepinho (Cecopam)



Aparenta estar abandonado. Segundo funcionários, desde o fim da temporada de 2015, em março, a única piscina do local começou a apresentar vazamentos. Em um ano, ninguém conseguiu arrumar a estrutura. No ambiente, há buracos de terra e a mato crescendo.



Segundo a prefeitura, há um vazamento de 10 mil litros de água por dia no Cecopam devido ao tempo, já que as estruturas das piscinas em Porto Alegre têm mais de 40 anos, e o vandalismo. "Com orçamentos enxutos, não há nenhuma expectativa em investir em novas piscinas", falou o secretário da SME.

Como utilizar as piscinas

- É necessário fazer uma carteirinha. O usuário deve levar ao centro comunitário uma foto 3x4, identidade e comprovante de residência. Os menores de 15 anos têm que estar acompanhados dos pais ou um responsáveis.

- Antes de frequentar a piscina, é necessário passar por uma oficina de saúde, espécie de palestra que dura cerca de 20 minutos, em que são oferecidas instruções sobre comportamento e saúde.

- Não é permitido o uso de calção ou maiô branco, bronzeador, piercings, brincos e correntes. Também não é permitido lanchar à beira da piscina.

- Mais informações pelo fone 3250-3468.