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Longe das ondas

Conheça a história do casal que mora em Cidreira mas nunca tomou banho de mar

Moradores de sítio na zona rural do município raramente vão à praia e nunca se atreveram a tomar um banho de mar

22/01/2016 - 10h01min

Atualizada em: 22/01/2016 - 10h01min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Lili e Paulo moram na localizade de Fortaleza e não querem saber de aproveitar o mar que atrai os veranistas

A 13km do mar, na localidade de Fortaleza, zona rural de Cidreira, no Litoral, Paulo e Lili de Paula Ternus vivem no ritmo contrário dos turistas que procuram de dezembro a março a cidade onde os dois escolheram viver.

Longe da orla e dos veranistas, onde apenas o canto da cigarra perturba o silêncio, ela com 79 anos e ele com 76, têm a mesma rotina de verão a verão, entre uma pequena plantação de aipim, 20 galinhas, duas vacas e dois cavalos.

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O casal de São Francisco de Paula, na Serra, mudou-se há seis anos para o sítio de 2 hectares para ficar mais perto dos dois filhos dela, mas jamais se atreveu a tomar banho de mar. Esperado o ano inteiro por quem é fã de praia, o banho chega ser algo audacioso para o casal Ternus.


Medo das ondas

Ela não vai porque tem medo das ondas. Quando criança, a neta mais velha quase se afogou nas águas da praia, não fosse a ajuda dos salva-vidas. Ficou o trauma. Ele, hipertenso, teme que o choque da água com o corpo faça mal à própria saúde. Para ambos, basta a sombra das árvores, que tornam o sítio um local agradável mesmo quando a temperatura passa dos 30ºC. Estão em Cidreira, mas não precisam da praia.
Na casa de madeira erguida por Paulo, também não tem ventilador.

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- Se o calor é demais, tomamos banho de chuveiro - justifica Paulo.

- Nunca gostei do mar. Já fui a praia e mal molhei o pé - lembra Lili.


Pela sua recordação, faz mais de dois anos que não pisam na areia. E não sentem falta. O melhor de Cidreira, para o casal, está no interior. Não fosse a doença de Paulo, ele diz que não se estressaria com nada. Ela se chateia apenas com as morangas que não se desenvolvem na horta de solo quente. Estão convencidos que não há com o que se perturbar em Fortaleza.

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Transporte é em carroça

O ônibus passa apenas nas segundas e sextas-feiras, mas é a carroça que leva Lili e Paulo uma vez por semana para a cidade, onde compram mudas de plantas e ração para a bicharada. No trote dos dois cavalos, a viagem leva mais de uma hora até o Centro, metade pelo chão batido da Estrada Antônio Pacheco e metade pelo asfalto ERS-784.

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A água vem de poço artesiano e a luz elétrica é monofásica. Às 21h vão para a cama, para, às 6h do outro dia, estarem de pé. O tédio é quebrado pelo barulho do pandeiro de Paulo, que trabalhou por mais de 20 anos no circo como músico e tem até CD gravado com músicas gauchescas.

Casados desde 1983, contam orgulhosos que tornaram habitável o sítio, que "não era nada mais do que um brejo" quando chegaram, em 2009. Flores, horta e os pés de maracujá e canela foram plantados por ela, enquanto ele ergueu a casa e cercou o rancho. 

- A Fortaleza não era nada naquela época. Hoje, é o nosso lar - diz Lili.

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Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS

 
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS


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