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Para driblar a crise, vendedores buscam novas oportunidades no Litoral

Praias são o rumo para quem busca reverter situação difícil com empreendedorismo

21/01/2016 - 08h33min

Atualizada em: 21/01/2016 - 08h33min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Bathie veio de Passo Fundo para Tramandaí vender itens do Senegal

Remar contra a maré do pessimismo em tempos difíceis e de dinheiro curto parece tarefa de herói. Mesmo com a crise, muita gente tem aproveitado o verão para empreender e tentar ganhar dinheiro no Litoral. Quatro de cinco prefeituras contatadas pelo Diário Gaúcho - Cidreira, Tramandaí, Imbé e Capão da Canoa - admitem que o volume de pessoas procurando oportunidades no comércio do Litoral, neste ano, aumentou em relação à temporada passada. Apenas Torres não sentiu o fenômeno.

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De acordo com os secretários de Indústria e Comércio destes municípios, o aumento varia entre 10% e 30%. Eles avaliam que a situação tem a ver com o momento econômico do país.

- O crescimento é em todo tipo de atividade, mas principalmente nos setores de alimentação e confecção - afirma o secretário de Cidreira, Altair Agatti.

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Tapioca versátil

Vendedora ambulante em Porto Alegre, Maitê da Silva, 46 anos, descobriu na tapioca a receita para faturar durante o verão no Litoral. Com ingredientes que têm bom rendimento e fáceis de manusear, oferece 18 sabores, entre doces e salgados, e atende à clientela em um espaço alugado em uma galeria no Centro de Tramandaí.

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- É algo versátil, não tem desperdício, porque nada dos ingredientes se perde, e com uma margem de lucro boa - avalia.


Sozinha, consegue fazer até seis tapiocas ao mesmo tempo, enquanto o marido Luciano, 41 anos, ajuda no caixa. Para atrair o público em tempos de dinheiro curto, aposta no atendimento cortês e na boa apresentação do prato.

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- A tapioca está em alta, porque é algo mais saudável. Não tem glúten, e as pessoas querem saber o que estão comendo, se o ingrediente é bom.

Embora também sinta os efeitos da crise, Maitê acredita que a dificuldade pode ser encarada por outro ponto de vista:

- O pessoal reclama muito da crise. Porém, se temos força de vontade e fizermos bem feito, a gente consegue. Mesmo com a crise, precisamos acreditar em nós mesmos.

Fruteira contra a pindaíba

Flavio Rodrigues, 39 anos e a esposa Viviane Gimenez, 36 anos, resolveram arriscar uma nova atividade em Cidreira, no Litoral. Como motorista de caminhão, ele teve um ano difícil e chegou a ficar três meses sem fazer fretes. Ela, com salão de beleza em casa há cinco anos, viu a demanda por serviços cair e passou a ter dificuldades para continuar pagando os fornecedores.

Na pindaíba, o casal se uniu e decidiu abrir uma fruteira na cidade onde vivem há nove anos, fazendo concorrência para apenas um estabelecimento do tipo que existe em Cidreira. Assim, ele aproveita os caminhões que têm para buscar frutas frescas na Ceasa de Porto Alegre.


No final de semana, também oferecem carne assada. Com o negócio aberto há cerca de um mês, seguem confiantes:

- A gente sabe que o clima é de pessimismo, mas não vamos nos entregar. Vamos persistir, investir na qualidade e no bom atendimento. Dar um bom-dia e puxar um assunto com o cliente faz toda a diferença - ensina Viviane.

Além de acreditar e ser criativo, o empreendedor precisa ter rigor e disciplina na hora de abrir um novo negócio, aconselha o gerente da Regional Metropolitana do Sebrae/RS, Paulo Bruscato. Especialmente em momentos de crise, a oportunidade atrelada à boa gestão tem muito mais chance de dar certo.

- Não pode simplesmente se jogar, sem cuidar e ter disciplina no negócio - sinaliza.

Senegalês ganha o verão exaltando seu país

O senegalês Bathie Gueye, 48 anos, é vendedor ambulante em Passo Fundo, no Norte do Estado, onde comercializa bonés, bijuterias e lenços, mas é no verão que faz o que mais gosta: vender na praia os produtos que traz do seu país de origem. O mais tradicional é o chapéu de palha com couro de cabra em forma de cone, chamado de tengana no país africano. 

No carrinho que empurra pelas areias de Tramandaí, também tem túnicas, camisas, calças e pulseiras do Senegal. Tramandaí foi a primeira praia brasileira que conheceu, há quatro anos, e a que sempre faz questão de retornar a cada verão devido à recepção dos veranistas ao seu produto:

- Os turistas gostam porque querem sempre coisas diferentes. Quando cheguei aqui, era o único senegalês vendendo.

Bom vendedor, Bathie gosta de conversar sobre seu país, que visita uma vez por ano, e falar dos costumes dos senegaleses. Para ser reconhecido na beira da praia, usa uma bandeira do Senegal bem no alto do carrinho que já virou um ponto de referência:

- O principal é ter paciência. Se é uma mulher que está olhando as peças, por exemplo, não posso ter pressa, elas gostam de olhar com calma.



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Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS

 
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS


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