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Problemas continuam

Inaugurada há três semanas, Upa de Viamão é alvo de reclamações

Menino mordido por cachorro aguarda curativo desde o dia 26 de dezembro

04/01/2016 - 07h53min

Atualizada em: 04/01/2016 - 07h53min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Douglas, ao lado da avó Mari de Lourdes, se recupera do ataque. Sem alternativas, está fazendo os curativos em casa

Inaugurada há três semanas, a Upa de Viamão recebeu investimento de R$ 6,3 milhões dos governos municipal, estadual e federal para ter a capacidade de fazer 15 mil atendimentos por mês. Só que, nos primeiros dias de funcionamento, já tem recebido reclamações da população do município.

Uma das famílias que se sentiu prejudicada é a do menino Douglas Devitis Ricardo, nove anos. Morador do Bairro Santa Cecília, em Viamão, bem próximo à unidade, localizada na Parada 36 da ERS-040, o menino foi arrastado e mordido por um cachorro na tarde do dia 26 de dezembro. Com machucados nas duas pernas, no braço e nas costas, foi socorrido no HPS de Porto Alegre.

Dias depois, porém, amanheceu com os machucados sangrando e com a necessidade de trocar os curativos. A mãe, a auxiliar de serviços gerais Priscila Devitis, 33 anos, procurou atendimento para o menino na Upa. Ao chegar, teria sido informada de que a unidade não tinha gaze e esparadrapos para fazer os curativos.

- Na hora, eu me ofereci para ir na farmácia comprar o material, mas, para minha surpresa, a atendente disse: 'Também não temos quem faça'. Aí, perguntei se meu filho iria ficar sujo de sangue, e ela respondeu que não podia fazer nada. Foi constrangedor. Fui para casa e fiz, eu mesma, quatro curativos nele - relata Priscila.

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Desilusão

Desiludida com a unidade de saúde inaugurada a cinco minutos de casa, Priscila mesmo tem trocado os curativos do filho três vezes por dia. Repousando na casa da avó, Mari Lourdes, 62 anos, enquanto a mãe trabalha, Douglas, além de assustado com o ataque, não entende porque uma instituição de saúde novinha não pode lhe atender enquanto sangrava. 

- Estava doendo muito quando chegamos na Upa - lembra o menino. 

- Pagamos impostos para poder usar estes serviços e, na hora que mais precisamos, ficamos na mão. A Upa estava vazia quando chegamos lá, mas não fiquei muito tempo. Soube que não poderia ser atendida, virei as costas e procurei uma farmácia - diz a mãe.


Funcionários sem crachá

Desde o feriado de Natal, o Diário Gaúcho tem recebido reclamações do tempo de espera na Upa de Viamão - que chega a cinco horas - e da falta de identificação dos funcionários, que não usam crachá. Nas redes sociais, usuários também tem reclamado do fechamento do Pronto-Atendimento da Parada 44, que encerrou as atividades no dia 19, quando a Upa foi inaugurada.

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Ao procurar a unidade de saúde devido a dores no estômago no dia do Natal, o vigilante Carlos Henrique Nunes da Silva, 34 anos, do Bairro Parque Índio Jari, precisou ser encaminhado ao Hospital de Viamão para fazer um raio-X no tórax. Na Upa, foi informado de que o aparelho não estava funcionando.

- Nos levaram de ambulância até o hospital por volta das 17h30min. Uma hora depois, já estávamos liberados, mas nos esqueceram lá. Só às 23h apareceu uma ambulância para nos levar para casa. Nós já estávamos ligando para amigos virem nos buscar _ conta a esposa de Carlos, Mirna Guimarães de Oliveira, 32 anos, que acompanhava o marido.

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Raio-X não foi instalado

No momento, por ainda não contar com recursos do governo federal e do Estado para manutenção, a UPA de Viamão opera apenas com recursos do município. Por isso, sua capacidade de 15 mil atendimentos por mês está reduzida para pouco mais da metade: 8,5 mil.

A diretora-geral da Secretaria Municipal de Saúde de Viamão, Lisiane Wasem Fagundes, afirma que a sala para operação do raio-X está pronta, o aparelho chegou e está no local para ser instalado. No dia agendado para instalação, porém, a empresa não conseguiu comparecer na data marcada e a instalação foi reagendada para a primeira quinzena de janeiro. Nestes casos, segundo ela, o Hospital de Viamão é o serviço de retaguarda para a Upa, inclusive para realização de exames como o raio-x.

Com relação aos insumos e materiais, Lisiane afirma que a aquisição e fornecimento é de responsabilidade da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), porém, ela garante, não faltam nem insumos, nem materiais na UPA. A assessoria de comunicação da FHGV nega a falta de qualquer material para fazer curativo. A fundação também esclarece que já está com a equipe completa atuando no local.

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Para reclamações

- O paciente que se sentir prejudicado em seu atendimento na Upa de Viamão pode ligar para a ouvidoria da FHGV.
- O telefone é o 3451-8200, no ramal 164.

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Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS


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