Porto Alegre
Curso ensina comportamento seguro para o idoso no trânsito. Veja as dicas
Curso da EPTC forma multiplicadores com lições de educação e bom comportamento para o público mais vulnerável nas vias
Diagnosticado como um dos perfis mais vulneráveis do trânsito, o pedestre idoso é o tema de um curso de educação para o trânsito realizado com um grupo de 30 multiplicadores em Porto Alegre. Dados da EPTC mostram que das 100 mortes no trânsito que ocorreram em 2015, 30 foram com idosos, das quais 23 eram com pedestres. Só em 2016, sete acidentes com morte já envolveram idosos, sendo que seis óbitos são por atropelamento.
– Estes são números representativos. Nossos diagnósticos apontam que o motociclista e o pedestre idoso são os mais vulneráveis no trânsito. Temos um perfil de idosos bastante ativo e a população está envelhecendo. Estamos treinando multiplicadores líderes em suas comunidades para que eles repassem o conhecimento adquirido – explica o agente de fiscalização da Coordenação de Educação para a Mobilidade da EPTC, Eduardo de Souza.
O curso é uma das ações alusivas ao Dia Mundial da Conscientização de Violência Contra a Pessoa Idosa, que ocorre dia 13. Realizado pela EPTC, Secretaria Municipal de Saúde e Detran, o curso trata do papel do multiplicador, a influência no comportamento das pessoas perante os idosos, reflexos no trânsito e exposição ao risco. Também estão sendo repassadas orientações para comportamento seguro. As aulas ocorreram na quinta e na sexta-feira no auditório da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde.
Leia mais:
Tem idoso em casa? Veja os riscos aos quais eles estão expostos e saiba como evitar acidentes
Procon oferece curso gratuito para idosos sobre endividamento; saiba como participar
Cresce número de idosos no mercado de trabalho da Grande Porto Alegre
Durante as palestras, o grupo, que também é formado por idosos, recebe noções de protagonismo e cidadania na terceira idade. De 2012 a 2015, os idosos representaram 25% do total de vítimas fatais na Capital – foram 119 mortos. A faixa de idade entre os idosos com o maior registro de casos de mortes fica entre 60 e 69 anos (43,7%).
Atento às limitações
Se dar conta das próprias limitações é o primeiro passo para não se expor aos riscos, acredita o enfermeiro aposentado, Pedro Paulo Bento, 71 anos, do Bairro Medianeira, e participante do curso. Como não tem as mesma facilidade para se locomover de antes, considera que é preciso respeitar isso:
– Não temos como caminhar rápido ou correr ao atravessar uma faixa de segurança como os mais novos. Tentei fazer isso esses dias e quando me dei conta um carro estava em cima de mim.
Moradora do Aberta dos Morros, na Zona Sul, a operadora de máquinas aposentada, Rosa Santos Portal, 62 anos, sai mais cedo de casa para fazer o trajeto a pé sem pressa, prestando atenção em tudo:
– Eu não atravesso se eu vejo que está vindo carro, mesmo que longe, fico esperando. Temos que cuidar da gente e dos outros. Temos que nos defender e mesmo assim não estamos seguros.
Leia mais notícias do dia
Não tenha pressa
Motorista por profissão há mais de 40 anos, José Carlos dos Santos, de Viamão, 63 anos, considera que os corredores de ônibus são grande armadilhas para os idosos. Na sua opinião, o cruzamento da Avenida Oswaldo Aranha com a Venâncio Aires, em frente ao Hospital Pronto-Socorro (HPS) e próximo a Paróquia São Sebastião Mártir, na Avenida Protásio Alves, no Bairro Petrópolis, estão entre os pontos mais perigosos da cidade.
– No corredor de ônibus, a pessoa precisa ter muito reflexo. O essencial é não ter pressa e não ser ansioso para atravessar.Jurema dos Santos, 69 anos, da Lomba do Pinheiro, admite que já foi mais "aventureira" e que atualmente desconfia até da sinaleira fechada.
– Nem sempre quando a sinaleira fecha dá para atravessar, quanto tu se dá conta, tem algum carro que não parou. A gente acha que não vem vindo nenhum carro, mas alguns vem tão rápido demais e a gente nem percebe –conta a serviços gerais aposentada.
Leia mais:
Carteira de habilitação terá novo modelo no país; veja as mudanças
– Mesmo que a gente cuida, muitas vezes o veículo para em cima da gente, aí a gente não sabe se foi alta velocidade do motorista ou se nós mesmo não percebemos _ questiona Maura Regina dos Santos Burhals, 64 anos, economiária aposentada, moradora da Restinga.
Para o executivo aposentado Alpheu Franco Garbim, 82 anos, que se orgulha de ter sua CNH livre de multas, o essencial é todos se respeitarem no trânsito:
–Dirijo há 50 anos e nunca sofri um acidente. Nos últimos dez anos, sempre pago o IPVA com desconto de bom motorista – conta o morador do Belém Novo.